As doenças de estômago são provavelmente os males que afectam um maior número de portugueses. As úlceras e outros problemas de estômago afectam uma grande parte da população portuguesa. Sabemos agora que a bactéria responsável tem particular incidência no nosso país.
Úlceras do estômago
Dá pelo nome de Helicobacter pylori e representa uma ameaça concreta à saúde dos portugueses. Se é certo que a infeção por esta bactéria é de carácter mundial (cerca de 50% da população encontra-se infectadas) em Portugal o caso é ainda mais sério já que, em algumas faixas etárias, a infecção atinge até 90% da população.
Aos 10 anos de idade, cerca de metade das crianças portuguesas já tiveram contacto com este microrganismo. Aos 50 anos, cerca de 90% dos portugueses já estão infectados. Daqui se pode concluir que a grande maioria das úlceras de que sofrem os portugueses de meia-idade é devida à acção do H. Pylori.
A gastrite
A gastrite é geralmente uma doença de carácter crónico, e consiste numa inflamação da mucosa que reveste o estômago, acompanhada de uma produção excessiva de ácidos. Muitas vezes esta situação acaba por provocar alterações da mucosa do estômago e do duodeno, levando ao aparecimento das úlceras.
O H. pylori não é a causa única das doenças gástricas, mas é sem dúvida a mais comum, provocando diferentes tipos de problemas, entre eles a gastrite, a úlcera e até mesmo o cancro do estômago, que se encontra entre as principais causas de morte em Portugal.
A incidência particularmente alta desta bactéria no nosso país é algo ainda por explicar, uma vez que esta está normalmente ligada ao nível de desenvolvimento socioeconómico de cada país. O grau de infecção pelo H. pylori em Portugal é equivalente ao registado na Argélia, onde os sistemas de saúde e as redes de distribuição e tratamento de água e esgotos têm níveis de eficiência bastante inferiores aos nossos.
Relativamente à forma de contágio, os estudos realizados até agora nesse sentido sugerem que o próprio meio familiar, assim como as escolas e infantários, são ambientes de transmissão do H. pylori. Contudo, a erradicação da bactéria – que já é possível graças a uma molécula desenvolvida no Reino Unido – é recomendada apenas na população adulta e em determinadas circunstâncias.
Para além de diminuir o risco de contágio, a erradicação do H. pylori diminui significativamente as hipóteses de re-infecção e de reincidência das úlceras e gastrites.