Como podem ser tratadas as cicatrizes?

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Como podem ser tratadas as cicatrizes?
Como podem ser tratadas as cicatrizes?

A queda de umas escadas, um acidente de viação ou uma intervenção cirúrgica são situações com as quais nos deparamos ao longo da vida e que podem ter como consequência a formação de cicatrizes maiores ou menores. Aproximadamente 30% da população fica deprimida ao lembrar-se destas situações quando olha para a cicatriz no seu corpo.

Algumas cicatrizes, por exemplo junto a articulações, podem causar dores mais ou menos intensas e limitar a mobilidade, e outras podem existir em zonas visíveis, como por exemplo a cara, o pescoço ou os braços, provocando a diminuição da auto-estima e a necessidade, em alguns casos, de apoio psicológico.

Embora não se consigam eliminar as cicatrizes por completo, existem actualmente métodos que as reduzem ou “embelezam”, de modo a que a pessoa afectada volte a sentir-se bem dentro da sua pele.

Como se formam as cicatrizes?

A pele é o maior órgão do corpo humano e compõe-se de 3 camadas funcionais: epiderme, derme e tecido subcutâneo.

Através de uma ferida, destrói-se o tecido conjuntivo com a subsequente perda de substância. No decurso da reparação cutânea, as feridas são fechadas por elementos inespecíficos, e este tecido cicatricial tem uma estrutura diferente do tecido são. Uma formação exagerada de tecido conjuntivo pode ocasionar cicatrizes hipertróficas.

No caso de feridas próximas de articulações ou em zonas submetidas a movimentos ou forças de tracção, aparecem com frequência, cicatrizes muito visíveis.

Quais os tipos de cicatrizes que existem?

Em ocasiões ideais, quando termina o processo de cura de uma ferida forma-se uma cicatriz ao mesmo nível da pele circundante. Nestes casos só se reconhece uma risca fina e mais clara. No entanto, muitas vezes, os resultados da cura das feridas não são satisfatórios e as cicatrizes não são imperceptíveis.

Existem os seguintes tipos de cicatrizes:

Contraturas – A maioria das feridas que ocupam grandes superfícies, sobretudo as que resultam de queimaduras, curam- se através de uma retracção dos tecidos (contracção). As contraturas não só são deformantes como afectam a actividade funcional das zonas do corpo onde se encontram;

Cicatrizes atróficas – As cicatrizes atróficas situam-se abaixo do nível da pele circundante. Formam-se pequenos orifícios quando há perturbações no processo de cura da ferida e a formação de novas fibras de tecido conjuntivo é demasiado escassa. As cicatrizes atróficas retraídas são muitas vezes consequência de acne.

Cicatrizes hipertróficas – Caso haja uma hiperprodução de fibras de colagéneo, podem formar-se cicatrizes hipertróficas. Estas cicatrizes estão a um nível mais elevado do que a pele circundante, são salientes, avermelhadas e podem causar dor.

Uma cicatriz hipertrófica aparece predominantemente quando durante o processo de cura a ferida está exposta a estímulos agressivos externos, como por exemplo, movimento constante. As cicatrizes hipertróficas podem ser tratadas com um redutor de cicatrizes.

Quelóides – Os quelóides são proliferações cicatriciais causadas por hiperprodução de fibras de colagéneo. Dado que os quelóides cicatriciais se estendem sobre o tecido não circundante, ocupam quase sempre uma superfície maior sendo mais salientes do que as cicatrizes hipertróficas. Os quelóides podem dar origem a manifestações colaterais tais como ardor, e hipersensibilidade ao contacto.

A propensão para o aparecimento de quelóides é hereditária, e este processo afecta predominantemente mulheres jovens e pessoas com pele escura.

Como podem ser tratadas as cicatrizes?

O tratamento das cicatrizes tem fundamentalmente dois objectivos: a melhoria do seu aspecto visual e a melhoria da função (mobilidade). Os resultados dependem essencialmente do tipo e do estado das cicatrizes em causa.

Não se podem prometer resultados cosméticos satisfatórios em todos os casos. Habitualmente utilizam-se as seguintes modalidades terapêuticas:

Operação: A saliência da cicatriz pode-se extirpar cirurgicamente, após o que se procede à sutura da ferida. Apesar de se utilizar uma técnica de incisão especial, não é possível garantir que não se volte a formar uma nova cicatriz saliente após a intervenção cirúrgica.

Laser terapia: Entre outras aplicações, a tecnologia laser utiliza- se também para o tratamento das cicatrizes. Com um raio luminoso intensivo podem-se eliminar selectivamente as alterações cutâneas indesejáveis.

Dado que actualmente se dispõe de múltiplas técnicas laser, é imprescindível o acompanhamento por parte de especialistas, caso contrário o tratamento poderia ter, inclusivamente, consequências negativas sobre o tecido cutâneo circundante.

Injeção de corticoides ou de colageneo – Nas cicatrizes podem- se injectar corticoides e aproveitar os efeitos secundários destes: a diminuição da produção de tecido conjuntivo no tecido cicatricial, que neste caso é benéfico e conduz a uma pele mais lisa e flexível. Nas cicatrizes atróficas existe a possibilidade de “enchê-Ias” com colagéneo.

Ligaduras compressivas – Após queimaduras ou traumatismos envolvendo grandes superfícies da pele, é possível melhorar o aspecto da cicatriz por meio de um tratamento com ligaduras compressivas. Estas ligaduras podem ser de diversas origens, desde as ligaduras elásticas até às meias de compressão feitas por medida. Para obter o melhor resultado possível, as ligaduras devem utilizar-se durante vários meses sem interrupção.

Abrasão – Nas cicatrizes com cantos vivos podem-se aplicar métodos abrasivos e de alisamento com um diamante de rotação a grande velocidade, especialmente nos bordos da cicatriz. Contudo este método permite que persistam pequenas irregularidades. Este tratamento é ministrado com anestesia geral. Do ponto de vista cosmético pode ser necessária uma segunda abrasão.

Massagens com pomadas e géis – Um método conhecido para tratar as cicatrizes é a massagem que o próprio paciente faz, usando pomadas ou géis que contêm, entre outros, princípios activos como a alantoína ou o dexpantenol, e que tornam os tecidos mais flexíveis.

Frequentemente, também se juntam a estes preparados o extracto de cebola que inibe a neoformação de tecido conjuntivo e a heparina para fomentar a circulação sanguínea. Para se obterem resultados perceptíveis, as pomadas e géis devem aplicar-se de modo continuado durante vários meses.

Crioterapia – A crioterapia é um método que pode ser doloroso e que se baseia numa congelação do tecido cicatricial a 180 °C negativos, com nitrogénio liquido. Como consequência, o tecido decompõe-se lentamente e pode ser removido posteriormente, através de intervenção cirúrgica.

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