Afranio: um mestre das velas artísticas

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Afranio Zambel Filho
Afranio Zambel Filho

Afranio Zambel Filho é brasileiro, tem 44 anos, e desde os seis que faz velas artísticas. De férias em Portugal, a Mulher Portuguesa foi ao seu encontro na capital portuguesa.

Afranio Zambel Filho foi o nosso entrevistado de eleição. Apaixonado por velas desde os seis anos de idade, Afranio licenciou-se em Psicologia, e só mais tarde se dedicaria por completo a esta arte. Sempre dividido entre o curso e as velas, Afranio decidiu entregar-se de corpo e alma a esta profissão. De há 15 anos a esta parte que se dedica a fazer velas e a levar os seus conhecimentos a todos os interessados, com as suas apostilas, um género de manuais

No Hotel Ibis, em Lisboa, a Mulher Portuguesa foi ao encontro deste mestre das velas artísticas para saber um pouco mais sobre o universo destas velas, produzidas por um dos homens mais conhecidos em terras de Vera Cruz nesta área. Foi aos seis anos que Afranio descobriu a sua paixão pelas velas. Conta ele que ‘a vela é uma coisa que sempre me fascinou. A chama acesa, as cores, o fogo, fascinam qualquer criança.

Na minha casa, por altura do Natal, os meus pais fizeram uma vela e aquilo começou a chamar-me a atenção’. Sempre ligado à arte, Afranio acrescenta que ’eu sempre gostei muito de arte. Eu desenhava muito, pintava, e quando via velas vinha-me logo qualquer coisa à cabeça para eu fazer. Mas, de início foi apenas uma brincadeira infantil!’

Sempre sorridente, Afranio recordou a sua primeira vela: ‘A primeira vela foi feita num copo de vidro. Coloquei a parafina e fiz uma vela azul. Começou por ser uma brincadeira, porque eu simplesmente fazia velas e oferecia-as às pessoas. Não existiam livros sobre o assunto para eu estudar, e foi assim algo de alquimista. Foi uma descoberta de misturar isto com aquilo e descobrir coisas novas’.

Mais tarde, por circunstâncias e casualidades da vida, o nosso entrevistado passaria a dedicar-se por inteiro à realização de velas. ‘A partir de uma certa altura as pessoas começaram a conhecer-me e eu comecei a comercializar as velas. Por volta dos 16 anos fui para São Paulo tirar o curso de Psicologia, mas na minha cabeça houve sempre um dilema entre a arte e a psicologia, embora continuasse a fazer velas.

Mas, foi quando fui trabalhar para uma agência de publicidade, que mais tarde viria a falir, que pensei em fazer velas e montar um negócio próprio’.

A partir dessa altura, Afranio Zambel Filho nunca mais parou. A vela que derretia cores, uma vela que Afranio fazia muito nessa época, começou a ser o seu cartão de visita. Tratava-se de uma vela branca que derretia muitas cores, e cuja procura era muito elevada.

Aos poucos, as pessoas começaram também a querer aprender essa arte e foi quando Afranio elaborou apostilas, um espécie de manuais, para as pessoas que queriam aprender esta arte. ‘Fazer velas é todo um ritual, tem algo de muito espiritual. Uma vela ao ser acesa trás calma, paz, e há por detrás da sua existência uma intenção terapêutica e esotérica. Eu próprio tenho um lado muito esotérico, até porque sempre li muito sobre este campo’- acrescentou Afranio

Velas em pó
Velas em pó

Actualmente, possui um espaço na Internet e tem um atelier no Brasil. É através de ambos os locais que Afranio se coloca à disposição para ensinar os seus conhecimentos ou para vender as suas velas. Afranio declara que ‘as pessoas vão até lá para comprar velas ou então vão à procura de orientação para elas mesmas fazerem as velas.

Algumas pessoas é apenas por gosto, outras para começarem a comercializar mais tarde.’ Relativamente ao seu público, Afranio afirma que ‘antigamente, eram mais mulheres que me procuravam.

Hoje em dia, os homens também querem fazer velas, mas não sei se isso também tem a ver com o facto de ganhar dinheiro. Porém, há pessoas que fazem muito bem velas enquanto que outros apenas têm um interesse que é comercializá-las. O que eu acho é que há falta de criatividade nas pessoas!’

Falar de velas é algo complicado. Há pessoas que as associam a rituais de bruxarias ou coisas do género, e para Afranio as coisas inicialmente também não foram fáceis: ‘Há 15 anos atrás, no Brasil, era mais ou menos o que se passa aqui hoje, pois havia um grande preconceito.

Ninguém acendia uma vela negra ou vermelha, e as velas só se utilizavam no Natal, sempre com umas estrelas, em formato de anjinho, e pouco mais. Com o passar do tempo, esse preconceito foi mudando e a própria sociedade também. Isto acontecia porque a vela estava sempre ligada com morte e bruxaria, e as próprias pessoas não acendiam velas.

Elas eram apenas uma decoração passiva, mas hoje em dia elas já fazem parte do próprio ambiente’.

No Brasil, o mercado das velas é bom, pois as pessoas consomem muitas velas, mas abrir um negócio deste género depende de uma série de factores. Por exemplo, as velas industrializadas são diferentes das velas artesanais e isso influencia muito na compra das pessoas. Afranio explicou-nos que ‘as velas artesanais têm algo mais que as industrializadas não têm.

Quando se faz uma vela artesanal a pessoa coloca a energia nessa vela, a sua intenção por estar a fazê-la, e magnetiza-a com um desejo. Isso é diferente da vela industrializada, onde as pessoas às vezes nem tocam na vela’.

Para Afranio, a vela tem também uma parte esotérica muito importante, como ele mesmo declarou: ‘O corpo da vela seria o corpo físico, o pavio a alma, e o fogo o espírito, o que irradia energia.

As cores, a fórmula e a forma são também importantes. Uma vela azul clara, por exemplo, pode ser vista de uma forma relaxante. Além disso, muitas pessoas colocam na vela cera de abelha, e como isto é um produto natural tem uma energia diferente. Uma esfera, por exemplo, é um sinal de totalidade. Para a pessoa que dá importância ao lado esotérico tudo isto é muito importante’.

Em termos de materiais para se fazerem as velas, Afranio argumenta que os mesmos são facilmente encontrados a um preço em conta. Além do mais, as velas podem ser feitas com parafina, areia, e acrescentar-lhes conchas, entre tantos outros adereços que a embelezam ainda mais. Aliás, segundo Afranio, o que dita o preço de uma vela é a criatividade e a mão de obra, e não os seus materiais. Possuindo um número elevado de velas,

Velas - coleção Egipto
Velas – coleção Egipto

Afranio tem ainda para o seu público as velas eróticas, muito engraçadas, e que têm muita saída para serem oferecidas a amigos, em ocasiões de brincadeira. Um outra vela de referência é a vela da transmutação. Afranio explicou-nos que ‘a vela é feita com sal, a cor é lilás e a vela está coberta com sal grosso. Suponhamos que tem em seu redor um ambiente ‘carregado’.

A pessoa deixa lá a vela durante algum tempo para que o sal capte as energias negativas. Só depois é que se acende a vela para que o fogo queime essas energias. Há pessoas que dizem que dá resultado!’

Afranio tem ao dispor do público 20 apostilas, uma espécie de manual, através das quais as pessoas podem aprender a fazer velas, sendo que três dessas vinte apostilas possuem uma componente esotérica.

Para a Mulher Portuguesa, Afranio vai também deixar dicas para você aprender a fazer velas, comodamente, em sua casa, através de pequenas lições.

Enquanto isso não acontece, Afranio respondeu ao nosso desafio e disse-nos qual a vela que ele faria para simbolizar Portugal. A resposta foi quase imediata, intercalada com alguns sorrisos: ‘Uns cravos, porque é um símbolo português, embora eu não saiba propriamente ao que é que as pessoas estão a dar importância neste momento. Outra coisa seriam velas que imitassem comidas, porque a comida portuguesa é maravilhosa. Os casarões de Alfama ou algo que tivesse a ver com Sintra, que eu acho lindo, seria outra ideia’.

Está interessada em fazer velas? Então aguarde mais algum tempo que nós lhe daremos as aulas que você necessita, aqui, na Mulher Portuguesa, com a ajuda de Afranio Zambel Filho, o mestre das velas artísticas no Brasil! E, acredite que terminada esta entrevista as velas passaram a ter um significado bem diferente para nós!

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