Helena Freitas, uma jovem de sucesso

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Helena Freitas
Helena Freitas

Foi na bonita cidade de Setúbal que a Mulher Portuguesa foi ao encontro desta ainda jovem escritora e jornalista. Helena de Sousa Freitas é o nosso primeiro talento. Estava um dia agradável, embora os dias anteriores pudessem colocar em risco a continuidade de um sol tão radiante. A conversa decorreu na cidade de Setúbal, em plena Avenida Luísa Todi, sentadas numa acolhedora esplanada. Helena de Sousa Freitas falou-nos da sua já vasta experiência na área da escrita, do seu quotidiano e ambições. Com um part time de manhã e a trabalhar na Agência Lusa à tarde e noite, Helena de Sousa Freitas demonstra já uma grande vontade de chegar bem longe.

Natural de Lisboa, nasceu no ano de 1976 e, mais tarde, ao terminar o 12º ano, enveredou por um curso de Ciências do Ambiente. Helena de Sousa Freitas conta que ‘a minha área foi sempre a de ciências, e ingressei no curso de Ciências do Ambiente em Évora. Mas, as cadeiras eram muito técnicas e eu julgava que o curso fosse mais prático. Por isso, voltei atrás e fiz novamente o 12º ano em Humanísticas, até ingressar no curso de Jornalismo em Setúbal’. O porquê da escolha pelo curso do Jornalismo foi óbvia, segundo a nossa entrevistada: ‘Eu sempre tinha escrito para jornais de escola desde, sensivelmente, o meu 7º/8º ano. Os professores sempre me perguntaram se eu tinha a certeza de querer ir para a área de ciências e, de facto, nessa altura achei que era a melhor opção’.

A primeira vez que viu um conto seu publicado foi no DN Jovem. Nessa altura, Helena de Sousa Freitas estava ainda em Évora, mas o gosto pela escrita começou muito tempo antes. Acerca deste primeiro conto, Helena de Sousa Freitas recorda que ‘saiu na edição de Outubro de 1994, se não estou em erro, e era sobre o tema “Camas”. Ao ver aquele tema lembrei-me da minha história e de toda a minha experiência com camas: nasce-se numa cama, depois passa-se para um berço, mais tarde para uma de solteira, depois para outra e aí por diante. Foi aí que me apercebi que as camas acompanham uma pessoa desde que nasce até que morre, e foi com base nisso que escrevi o conto’.

Helena de Sousa Freitas falou-nos também do seu início de carreira jornalística, ao colaborar com o ‘Setúbal na Rede’, e da forma como a Internet lhe abriu as portas: ‘O primeiro sítio para onde colaborei foi para o Setúbal na Rede. Há sensivelmente três anos não tinha qualquer contacto com a Internet, mas no curso havia uma cadeira que me impulsionou bastante para esta área. Acabei por ter mais contacto com a Internet, e só depois me apercebi do espaço que era. Foi aí que me apercebi que havia sítios na Internet que davam oportunidade para colocar textos literários. Na altura, houve um senhor brasileiro, professor, que me contactou para colocar textos meus num site ‘O Literário’. Ele passou a funcionar como um agente meu, e tem-me acompanhado até hoje’.

Na realidade esta jovem é quase uma ‘mulher dos sete ofícios’. Confidenciando-nos que as coisas lhe foram aparecendo por acaso, a nossa entrevistada é também apreciadora de fotografia, embora julgue não ter a formação suficiente neste ramo. Tirou um curso de Fotojornalismo no Cenjor, e participou numa Exposição de Fotografia -‘Olhares’, mas frisou-nos que não é uma área à qual se tenha dedicado muito. A rádio e a televisão não fazem ainda parte do seu curriculum, mas quanto a essa questão reconhece que ‘nunca fiz rádio nem televisão, porque me sinto mais ligada à escrita do que à imagem. E depois, a rádio tem certas coisas que me assustam um pouco, como é o caso dos directos. Eu estive sempre ligada à escrita porque trabalhei em muitos sítios, através de colaborações ou estágios, e como os locais a que me propus sempre me aceitaram, nunca tentei outra via’.

Já publicou textos no Correio da Manhã, Diário de Notícias, Fórum Estudante, e em inúmeros sites da Internet, assim como também participou em colectâneas de poesia lançadas pela Minerva. A paixão pelo Jornalismo e Ficção é intensa e, quando confrontada com uma hipotética escolha entre ambas as áreas, Helena de Sousa Freitas confessa que ‘já me fizeram muitas vezes essa pergunta, até porque o meu projecto de final de curso foi sobre ‘Jornalistas, Contadores de histórias’, isto é, sobre os jornalistas escritores. O trabalho colocava exactamente essa dicotomia. Acho que há jornalistas/escritores que continuam a exercer jornalismo, embora seja mais em jeito de crónicas. Há inúmeros casos desses no estrangeiro, e mesmo em Portugal, embora haja alguns que abdicaram do jornalismo. Julgo que seja uma opção, embora as duas áreas me complementem. Mas, de momento, não penso nisso!’

Escrever um conto não é a mesma coisa que redigir uma notícia, por isso há uma necessidade de saber distinguir estes dois tipos de linguagem. A nossa primeira entrevistada da secção de novos talentos acrescenta que ‘tenho uma escrita de agência que me obriga a uma escrita directa, ligeira, sem adjectivação, embora tenha havido uma altura que foi um pouco complicado, mas tinha logo em cima de mim os editores que me colocavam na ordem (risos). Agora isso não acontece, e consigo distinguir bem entre as duas coisas: o jornalismo e a ficção’. Do seu curriculum consta também a primeira classificação num concurso de contos eróticos no Brasil, bem como a primeira classificação nos Prémios Literários 25 de Abril. Helena de Sousa Freitas explicou que ‘o texto para o concurso de ‘Contos Eróticos’ nunca o tinha publicado. Entretanto surgiu esse concurso na Internet e acabei por participar. Foi um concurso de votação popular, ou seja, o leitor é que decide quem vence. Foi uma vitória para a qual não estava à espera tendo em conta o nome de outros escritores que tinham concorrido’.

Os seus contos têm sempre um traço do real. A poesia, segundo Helena de Sousa Freitas, é sempre muito mais intimista porque se coloca sempre alguma coisa muito própria do autor. Quanto à oportunidade de ver os seus textos publicados em duas colectâneas da Minerva, conta que ‘a Minerva mandou um fax para a Lusa a anunciar que estavam à procura de novos talentos. Mais tarde acabei por enviar algumas coisas, e contactaram-me depois. A segunda ‘(De)Corrente’ veio na sequência da primeira ‘Poiesis’, pois o editor seleccionou algumas pessoas da primeira experiência e eu fui uma das escolhidas’. Referências na área da ficção tem várias: João Aguiar ou ainda alguns trabalhos de José Saramago. Mas, as influências de Helena Sousa de Freitas centram-se mais nos escritores da América Latina, como é o caso de Isabel Allende ou Gabriel Garcia Marquez.

Para Helena de Sousa Freitas o jornalismo actua para os seus trabalhos de ficção como uma matéria prima. É a partir dos factos reais, especialmente os mais sórdidos ou absurdos, que a nossa entrevistada se baseia para escrever os seus contos, tal como o fazem tantos escritores/jornalistas portugueses e estrangeiros. Muito ligada à Internet, espaço que lhe abriu as portas para participar em novos desafios, esta escritora/jornalista tem uma opinião muito específica relativamente às novas tecnologias: ‘As novas tecnologias têm uma evolução contínua por isso acho que é um pouco difícil adormecerem. A questão das novas tecnologias é que nem toda a gente tem acesso a elas, por isso essas pessoas vão preferir o jornal papel. No entanto, quase todos os jornais e televisões têm a sua difusão on line, porque é a grande aposta do momento. Os grandes analistas dizem que não há com o computador a mesma intimidade que existe com o papel, e isso é verdade. Por isso, não estou a ver a Internet apagar o papel’.

Gosta muito de natureza, passear no campo ou na praia, e actualmente anda muito atarefada com a sua casa, pois está em vias de se casar. Pretende continuar no Infodesporto e na Agência lusa, e fazer um doutoramento sobre Literatura e Jornalismo. A todos os que querem ingressar pela via da escrita, Helena de Sousa Freitas aconselha: ‘Devem abrir a visão para o mundo, mesmo para as coisas simples do quotidiano. É importante ver isso tudo, ainda que as coisas nos possam parecer banais. Procurar sites na Internet ou editoras on line. Julgo que este caminho é mais aconselhável para começar do que os meios convencionais devido às portas que estão abertas a todos. E, também não nos podemos esquecer que a Internet chega ao mundo inteiro’.

Um conselho de Helena de Sousa Freitas que será útil a todos os adeptos da ficção e poesia. Veremos o que esta jovem de Setúbal nos reserva para o futuro. Porém, uma certeza persiste: Helena de Sousa Freitas já está na rampa de lançamento para o sucesso.

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