Crónica: La tomatina com tomates para todos na vizinha Espanha

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Crónica tomates para todos- la tomatina
Crónica tomates para todos- la tomatina

Dizem, os mais festeiros, que a “La Tomatina” é uma verdadeira loucura. Pessoalmente, não compreendo muito bem qual o divertimento em andar a atirar tomates uns aos outros (pronto, gostos pessoais não se discutem), mas a verdade é que parece que todos os que lá vão vêm maravilhados. Este ritual teve o seu início em meados da semana passada, em Buñol, localidade próxima de Valência.

A guerra dos tomates, La tomatina

Actualmente, a “festa dos Tomates” é reconhecida internacionalmente, e são muitos os rostos estrangeiros que até Espanha se deslocam para assistirem ao ritual.
Desde 1959 que a “La Tomatina” (que raio de nome) é permitida em Buñol, mas antes desta data houve alturas em que não foi permitida a sua realização. A a festa inicia-se ao meio dia (Sugestão para o almoço: Tomatada), e durante uma hora os participantes podem mandar os tomates que bem entenderem.

De salientar que a “tomatada à espanhola” é iniciada com o lançamento de um foguete, terminando da mesma forma. Antes e posteriormente ao foguete ser lançado, nenhum tomate pode ser lançado. São as regras de nuestros hermanos!

Faz-me um bocado confusão o porquê do prazer em andar a mandar tomates uns aos outros. (Bem, ainda se ao meu lado estiver alguém que há muito tempo quero partir a cara, até sou capaz de lhe meter a cabeça e o resto do corpo num dos camiões de tomates).

Adiante! Antes da dita guerra dos tomates há ainda a salientar que existe o ritual da t-shirt molhada (não meu caros, não é bem o que estão a pensar!), no qual os envolvidos da batalha levam uma mangueirada gigante.

A tradição manda que, após a dita mangueirada, comecem a tirar a camisola à primeira pessoa que estiver ao seu lado, homem ou mulher. Vale tudo, até rasgar! (Uau!!)

Eu nunca lá fui, mas acredito que os machos se coloquem estrategicamente ao pé de alguma menina com o intuito de lhe tirar, romper, rasgar, o que queiram, a camisola. Ai, ai, se aquilo não fosse uma festa popular…Enfim! Só após à mangueirada é que vem a tomatada! (Ai, isto da língua portuguesa é mesmo muito traiçoeira).

Durante uma hora os tomates voam e é quase impossível não levar com uns quantos- dizem os entendidos. (não julgue que porque vai lá apenas assistir também não leva com eles, porque leva!).

Um pormenor: os edifícios estão devidamente cobertos, exactamente para evitar que tudo fique uma verdadeira imundice! Já bastam as roupas e o resto do corpo, não é?

Tudo bem, eu sei que o tomate faz bem à pele, mas isto já é demais. Esta pode ser uma terapia aconselhável a tantas pessoas que gastam fortunas em produtos de beleza. Porque não uma bela tomatada?

O que eu gostava de ver em Buñol (até eu ía lá para o meio) era determinadas figuras públicas portuguesas. Imaginem-nos com tomate das orelhas aos pés, sujos, vermelhos de sangue e de corpo, e sem hipótese de atender o seu precioso telemóvel?

Era divertido vermos lá a Lili Caneças (ficaria com a pele do rosto ainda melhor), o João Baião (conseguiria andar aos pulos?), o Alberto João Jardim (afinal, aquilo é Espanha e não o ‘contenente’) e, porque não, a Chiquita, a cantar o seu “Vai um balde de água fria” para limpar aquela gente toda? Que quadro hilariante!

Informo-vos também, e agora a sério, que o início desta festa foi nos anos 40, mas existem muitas versões para que a mesma se tenha iniciado. Há quem afirme que teve origem numa brincadeira de jovens, que se queriam divertir com o aparecimento de quatro homens na cidade, mas a mais certa é que esta big tomatada (efeitos do Big Brother, desculpem!) tenha nascido como forma de protesto ao regime ditatorial de Franco.

A verdade é que a festa popular nunca perdeu as suas raízes e tradições, e os visitantes continuam a ser bastantes, desde a Austrália até à vizinha França.

Está mais que provado que a “aficcion” não é só pelos touros, mas também pelos tomates. Bem, lá que tudo culmina em vermelho é verdade, mas ao menos não há mortes na arena dos animais! Só mesmo dos tomates! Mas, os portugueses também são uns homens ‘com eles no sítio’.

Sim, porque 24 jovens rumaram até Espanha para participar na “La Tomatina”, uma viagem organizada pela Associação Juvemedia. Não sei se se saíram bem, mas acredito piamente nos dotes deles. Afinal, o que é nacional é bom!

Óbvio que não se trata de uma guerra entre portugueses e “niños” espanhóis, mas todos sabemos que apesar da proximidade entre os dois países sempre houve uma certa rivalidade entre nós e eles. Nem que seja pelo facto de muitos estrangeiros julgarem que Portugal pertence a Espanha. E, eu adoro Espanha (julgo mesmo que fui espanhola em outra encarnação tal é a identificação que tenho com esse povo e cultura), mas tinha mesmo que dizer isto!

Para finalizar, eu queria dizer isto: aqueles tomates todos faziam falta para os nossos compadres fazerem um gaspacho, e estão todos a ser desperdiçados num ritual. Mas pronto, é a tradição, e o que importa é que as marcas de um povo nunca sejam apagadas. E vivam os tomates, espanhóis ou portugueses, tanto faz! (Ai, que língua a minha! Mas quem é que inventou o português??)

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