Prevenção de acidentes vasculares cerebrais avaliada

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Os Centros Hospitalares Portugueses participaram num estudo internacional inédito que teve como intuito estudar métodos para a prevenção de doenças cardiovasculares.

Três centros hospitalares portugueses participaram recentemente num estudo internacional com o objectivo de avaliar os processos mais adequados para a prevenção de acidentes vasculares cerebrais. O projecto, intitulado MIRACL (Myocardial Ischemia Reduction with Aggressive Cholesterol Lowering), foi levado a cabo nos hospitais de Santa Cruz, Santa Marta e Garcia d’ Orta, mediante a supervisão dos Profs. Ricardo Seabra Gomes, Manuel Carrageta e Lino Patrício, respectivamente.

Os resultados, publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA), demonstraram que os doentes tratados com a substância activa atorvastatina, após serem hospitalizados, tiveram uma probabilidade significativamente menor, cerca de 59%, de virem a ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC) não fatal nos quatro meses seguintes.

O Prof. Manuel Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, e um dos supervisores do estudo em Portugal, declarou que "este foi um estudo muito importante na medida em que, pela primeira vez, foi possível provar que a utilização de um tipo de estatina por um período de 4 meses, contribui para a redução de complicações cardiovasculares, associadas aos ataques cardíacos". O mesmo responsável médico acrescentou ainda que "este estudo, no qual participaram investigadores portugueses lado a lado com especialistas americanos, permitiu uma troca entre ambos de informação válida e importante".

Os doentes com SCA (ataque ligeiro de coração ou dor pré-cordial grave) tiveram menos 50% de probabilidade de virem a sofrer um AVC fatal ou não (12 doentes no grupo atorvastatina, comparativamente a 24 doentes no grupo placebo). Nove dos doentes com SCA tiveram um AVC não fatal no grupo atorvastatina (ZaratorÒ ), comparativamente a 22 no grupo placebo (redução de 59% no risco).

O estudo MIRACL incluiu 3086 doentes, durante 16 semanas, acompanhada de aconselhamento dietético. A terapêutica teve início 24 a 96 horas após um SCA. Normalmente, estes doentes apresentam uma alta taxa de mortes e episódios isquémicos secundários, no período posterior de quatro meses.

A redução dos AVCs, observada no estudo MIRACL, ocorreu independentemente da idade, sexo, níveis iniciais de colesterol ou presença de outros factores de risco (como hipertensão ou diabetes) dos doentes. O estudo MIRACL é o primeiro que demonstrou o benefício clínico de uma terapêutica hipolipemiante agressiva, administrada um a quatro dias após um episódio coronário agudo.

Uma avaliação hospitalar revelou que muitos doentes coronários hospitalizados por episódios agudos, não fazem medicação hipolipemiante. Em particular, apenas 41% dos doentes fizeram terapêutica hipolipemiante durante o internamento e apenas 39% receberam alta medicados com esta terapêutica.

Ilações que, com toda a certeza, vão contribuir em larga escala para a prevenção das doenças cardiovasculares.

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