1 de Dezembro, dia da restauração da independência de Portugal

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1 de Dezembro, dia da restauração da independência de Portugal
1 de Dezembro, dia da restauração da independência de Portugal

1 de Dezembro, é o primeiro feriado de Dezembro é para muitos uma benção neste Inverno rigoroso, mas este dia é dos mais importantes para Portugal. Sem ele, hoje não seríamos mais do que uma província de Espanha.

1 de Dezembro

O Império Português do Oriente começava a dar mais prejuízos que lucros e a partir de 1570 muitos portugueses começaram a defender novas alternativas para o comércio. Uma das formas de angariar mais bens para Portugal seria com a conquista dos territórios muçulmanos do Norte de África, áreas ricas em cereais e comércio.

O projecto entusiasmou o jovem rei D. Sebastião, que sonhava combater os inimigos da fé cristã e levou-o a partir em 1578 frente a um numeroso exército para desembarcar em Marrocos. Esta campanha traduziu-se na derrota de Portugal na batalha de Alcácer Quibir, que custou a vida a milhares de portugueses, incluindo o próprio monarca.

A morte do rei abriu uma grave crise política, uma vez que este não tinha descendentes nem irmãos, sendo a coroa portuguesa entregue ao seu tio-avô, o cardeal D. Henrique, velho e doente que não podia garantir a sua permanência como monarca.

A luta pelo poder centrava-se entre os três principais pretendentes ao trono, todos netos de D. Manuel I. Eram eles D. Filipe II de Espanha, filho da infanta portuguesa D. Isabel, D. Catarina, duquesa de Bragança e D. António Prior do Crato.

Espanha era a cabeça de um império próspero e extenso e D. Filipe conseguiu falar aos interesses económicos da nobreza e da burguesia, angariando um elevado número de partidários. Quando, em 1580, Filipe II entrou em Portugal após a morte de D. Henrique, praticamente não encontrou resistência, excepto nas classes populares.

A aclamação do novo rei de Portugal ocorreu nas Cortes de Tomar em 1581, passando Portugal e Espanha a constituir uma união pessoal, o que significava que eram dois estados sob a chefia do mesmo rei e Portugal mantinha alguma da sua autonomia, sendo nomeados sempre portugueses para os cargos do Governo. Até cerca de 1620 este acordo mostrou-se positivo para Portugal a nível administrativo e económico.

A guerra dos trinta anos

Depois de 1620 o panorama mudou, com Espanha a conhecer uma enorme crise económica e a ver-se envolvida em guerras em diversas partes do mundo, a mais grave das quais viria a ser conhecida como ‘a guerra dos trinta anos’.

Nessa altura, durante o reinado de Filipe IV de Espanha (III de Portugal) os impostos são aumentados e os soldados portugueses passam a integrar as forças militares espanholas para campanhas no exterior.

Ao mesmo tempo, fazem-se novas tentativas de integração de Portugal no império espanhol. Também o império português estava a degradar-se progressivamente devido aos ataques que os inimigos de Espanha perpetuavam sobre as colónias portuguesas, causando a perda de vários territórios e uma consequente diminuição do comércio.

Restauração da independência de Portugal

É neste clima de descontentamento que se dá o movimento de restauração do reino português, levado a cabo por um grupo de nobres, proclamada a 1 de Dezembro de 1640, que acolheu o 8ª duque de Bragança, chefe da casa de Bragança como rei, passando a ser conhecido como D. João IV, 21º rei de Portugal, que daria início à dinastia dos Bragança. D. João é aclamado rei no dia 15 de Dezembro do mesmo ano, numa cerimónia que decorreu no Terreiro do Paço.

À Restauração seguiu-se um período de lutas entre os dois países, até que em 1668 foi assinado um tratado de paz e Portugal ficou definitivamente desligado de Espanha. Para trás ficaram as tentativas de Restauração em 1589 pelo Prior do Crato, que voltou a Portugal apoiado pelos ingleses e que depois de ter desembarcado em Peniche, caminhou até Lisboa, mas a cidade resistiu e a tentativa foi abortada. Daí advém a expressão ‘amigos de Peniche’

Ainda antes, em 1637, uma outra revolta, desta feita de populares, ocorreu em Évora, após terem sido lançadas novas sisas propostas pela Câmara Municipal de Lisboa, movimento que se alastrou do Algarve ao Porto. Quando as vozes se acalmaram, entraram em Portugal duas colunas espanholas que detiveram o movimento e enforcaram os cabecilhas.

Em agradecimento pela recuperação da nação portuguesa, D. João IV entregou a coroa de rei à padroeira de Portugal, Imaculada Conceição, razão pela qual até ao fim da monarquia, os reis portugueses não usavam coroa.

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