Numa aldeia de fronteira, havia uma paróquia somente no lado português, deslocando-se aí os espanhóis para assistirem à missa.
O pároco morreu e foi prontamente substituído por um outro, mais novo que detestava espanhóis.
Na primeira missa que dirigiu, a meio do discurso, o padre comenta:
– E a culpa da prostituição é dos espanhóis.
Perante o escândalo da comunidade espanhola, o presidente da câmara da aldeia de nuestros hermanos dirige-se no final da homilia ao padre e pede-lhe para ser mais comedido nas suas afirmações.
Este pede-lhe desculpa e garante-lhe que remediará o caso na missa seguinte.
– E o contrabando são os espanhóis que o fazem! gritou bem alto o padre na missa seguinte.
O presidente da câmara, cada vez mais irritado, dirigiu-se ao padre e protestou pelo sucedido.
Mais uma vez este pediu-lhe desculpa e prometeu remediar isso na missa seguinte.
– E os roubos, são os espanhóis que os fazem! exclamou o pároco na homilia seguinte.
O presidente, já descontrolado, ameaçou-o que iria expulsá-lo da igreja e que todos os investimentos que a comunidade espanhola tinha feito na aldeia iam ser retirados.
O padre ao consciencializar-se das ameaças, pediu desculpa e prometeu que iria portar-se bem da próxima vez.
Na missa seguinte e sob o olhar atento do presidente da câmara, o padre discursava da seguinte maneira:
– E Jesus, virando-se para um dos seus discípulos, perguntou: Judas, és tu que me vais trair? Ao que Judas respondeu: Hablas comigo, señor?