Uma certa idade

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Uma certa idade
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Uma jovem de 13 anos procura insistentemente ser aceite na escola pelos colegas e isso leva-a a fazer e a deixar que lhe façam aquilo que a enoja e que detesta. Em casa, o apoio é mínimo, com os pais mais preocupados em degladiar-se do que saber o que de certo se passa com os filhos.

É no meio do caos quase completo, de pais que se deixaram levar pelos tempos e que não sabem como comunicar com os filhos que a história decorre. Os filhos parecem ter Uma certa idadeultrapassado os pais e estes receiam isso, e devido a esse facto não lhes apresentam valores de vida, que parecem ter deixado de ter significado, obrigando-os a descobrir o seu próprio caminho, sem quaisquer indicações.

O relato cru desta jovem pode ser de uma filha qualquer. O que o torna interessante é ser real, ou poder sê-lo.

Depois de namoros na escola, apaixona-se (ou pensa que se apaixonou) por um homem mais velho, de 27 anos, que apenas deseja andar com uma rapariga nova e que a maltrata. Ela deixa. Um desabafo a determinada altura do romance demonstra o quanto ela está perdida neste mundo de adultos: “Nunca escolhi nada”.

Ela anda à deriva. E por isso recorre à auto-mutilação “Para te fazer feliz”.

O mundo moderno em que os pais parecem mais preocupar-se consigo mesmos do que com os filhos, a quem não dão as mínimas referências sobre a vida e que deixam viver ao sabor dos seus próprios interesses e emoções é o retrato deste romance de Rebecca Ray.

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Perturbador pela força com que nos faz encarar os nossos próprios receios e nos mostra até que ponto a sociedade deixou de se preocupar com alguém que não consigo mesma.

Um romance sublime, que nos chega através da editora Gradiva, e que deixa um gosto amargo, por ser tão real nos nossos dias.

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