O culto do tantrismo, uma das doutrinas mais antigas

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O culto do tantrismo
O culto do tantrismo

Na zona da actual India, vivia na antiguidade um povo que sobrevivia da agricultura. De baixa estatura e pele morena, o povo mantinha dádivas de culto à Grande Mãe e as suas leis sociais eram regidas pela via do matriarcado, nascia assim o culto do tantrismo.

As mulheres e homens expressavam a sua devoção à Deusa, na qual todas as suas formas, adornos e características humanas, se reproduziam em todas as mulheres desse povo. Dos vários nomes da Deusa, cada qual simbolizava uma característica da Deusa Mãe, onde cada mulher se revia. A cada fêmea estava ligada uma componente e o conjunto de todas elas originava a Grande Mãe.

Culto do tantrismo

As diversas representações da Deusa, tinham adeptos por todo o lado mas sem dúvida, havia uma delas que conservava particularmente a devoção e fascínio de todos: a Kâli ou Maha Kâli. De pele negra e totalmente nua, ela é a força cósmica que assassina as ilusões e a ignorância dos seres humanos.

Kâli, quando se observa tem de início um aspecto bizarro e macabro, com o intuito de colocar fora do seu caminho os profanos e dar força aos discípulos.

Movimentando-se no meio da escuridão, os seus abastados seios traduzem o aspecto materno da generosidade e o colar de crânios que conserva, promove a posse da totalidade do conhecimento que pretende oferecer aos seus discípulos.

Possuidora de três olhos, ostenta uma farta cabeleira sinónimo das embrulhadas vividas pelos seres humanos e em vez de duas mãos, possui quatro, duas de cada lado. Os dentes exageradamente afiados e a língua meticulosamente vermelha, traduz a força do espírito e da matéria.

Os seguidores do Tantrismo têm a capacidade de conseguir colocar de parte cada a sensação e acontecimento, para ir de encontro à Shakti, a energia de todo o culto. Para os seguidores do Tantrismo as manifestações do mundo provêm desta energia, Shakti sobre o berço da Maya, a total ilusão.

Através da dança dos sete véus, em que cada véu significava uma ilusão, os sacerdotes ensinavam o segredos da Shakti-Maya. Se os segredos não forem devidamente conhecidos, a libertação não passará de mera ilusão.

O Shaki é a vertente que destrói as ilusões e Maya, os fantasmas que ilusoriamente se acomodam no seu “EU”, criados por uma força que precisa de encontrar a sua consciência e união espiritual, a Purusha.

O Deus seminu, dançando com o corpo cheio de cinzas, possuidor de uma meia lua na frente, observa o horizonte com os olhos repletos de brilho. Sem origem ou lugar aparente este é Shiva, a divindade masculina que forma par com Shakti.

Esta representa a força e a actividade e Shiva a consciência e a imobilidade, por isso os dois devem estar unidos, para alcançar o expoente máximo do Tantrismo.

O tantrismo é uma doutrina das mais antigas do mundo, na qual se pode alcançar a unidade divina. Shiva e Shakti são os protótipos da consciência e da força, em que a junção das duas origina a esfera máxima da libertação. A libertação suprema é alcançada com a prática do culto e “as portas de ouro que nos livram da Deusa Maya”, o espelho onde se inscreve a ilusão ficarão eternamente fechadas para a existência de todo o sempre.

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