Conversa com a Diretora da Estética Viva, Patrícia Bandeira

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Patricia Bandeira (Fotografia de Domingos Marques)
Patricia Bandeira (Fotografia de Domingos Marques)

Patrícia Bandeira, é directora da Primeira Revista de Estética Profissional em Portugal. A Mulher Portuguesa foi saber um pouco mais do mundo desta ainda jovem empresária.

Patrícia Bandeira

De olhar frágil, mas pose determinada, Patrícia Bandeira falou-nos dos projectos desta revista, que ainda há bem pouco tempo passou para as bancas, depois de, durante alguns anos, ter sido apenas dirigida aos profissionais da área da estética. O público tem estado a reagir muito bem, e actualmente os número de assinaturas têm estado a aumentar substancialmente.

Veio para Lisboa em 1990 para tentar ingressar no mundo da moda, movida pelo sonho de vir a ser modelo. A actual Directora da equipa da Estética Viva recorda esses tempos: ‘Vim para Lisboa para fazer o curso de modelo, com o sonho de ingressar no segmento da moda. Já tinha trabalhado no sector de beleza, entretanto fiz formação e comecei a entrar em contacto com o mundo da estética, através do trabalho como modelo.

Fui convidada para trabalhar na área, e a empresa distribuidora de cosmética, que também tinha uma clínica, era dirigida por uma senhora, Gracinda Appleton Figueira, que decidiu fazer uma revista no âmbito da estética.

Havia um acordo com os espanhóis, mas o que se pretendia realmente era fazer uma revista em português, com o trabalho todo desenvolvido cá, e com um título português. Assim, nasceu a Estética Viva em 1992’.

Na altura o público alvo eram esteticistas e as profissionais da área, mas hoje a Estética Viva pretende abranger, para além desta classe, também o público em geral. Não havendo nenhuma revista profissional neste sector, a filosofia da revista desses tempos era bem diferente da de hoje.

Por motivos de saúde Patrícia Bandeira afastou-se do projecto da Estética Viva, embora posteriormente continuasse sempre ligada a Revistas ao mesmo tempo que aperfeiçoava a técnica de jornalismo.

Passando a revista por uma fase conturbada, Patrícia é convidada a agarrar novamente o projecto da Estética Viva. Comenta que ‘em 1996 a Estética Viva estava praticamente morta e sou contactada para retomar o projecto.

Nessa altura retomei o projecto, mas em vez de ir trabalhar para a empresa convidei um grande profissional do meio empresarial para trabalhar comigo, António Simões, e formamos outra estrutura. Aí, começámos a reeditar novamente. Foi um período complicado, já que a revista estava desacreditada.

Em 1998, o meu sócio faleceu. Acabei por ter que assumir todas as funções da Estética Viva, e nesse ano há uma situação com o registo de título e a revista perde a antiguidade. Esse novo registo já é feito em nome da Neribi, que é a empresa que edita agora a Estética Viva, e então passámos a ter uma revista, digamos que, renascida’.

Nas bancas há alguns meses, a Revista Estética Viva aborda temas tão variados como assuntos relacionados com a beleza, maquilhagem, outras técnicas de medicina que não as convencionais, notícias e novidades da área da estética, como é o caso de novos produtos, tratamentos, congressos, entre tantos outros temas.

Os objectivos da revista são claros.

A Directora da equipa da Estética Viva esclarece que ‘pretendemos formar e informar o sector da estética profissional, e valorizar a estética em Portugal, porque nós temos um sector que é fundamental para o bem estar das pessoas e agora assistimos a uma interesse do público por estas técnicas’.

Para Patrícia Bandeira o conceito de Estética não é tão linear como se pensa. Peremptória, afirma que ‘a estética não é só o aspecto exterior da pessoa, mas é também o equilíbrio, o estar bem, e sentir-se bem consigo própria e com os outros.

As pessoas quando procuram um instituto de beleza procuram mais do que melhorar o aspecto físico- procuram o bem estar. A estética tem um papel muito importante na prevenção da saúde, já que a esteticista está numa posição privilegiada pois ela pode conseguir perceber problemas antes mesmo da pessoa procurar o médico. A esteticista pode desempenhar um papel muito importante na sociedade, e encaminhar a pessoa para uma orientação médica.’

Não poderíamos deixar de questionar Patrícia Bandeira sobre a actual obsessão das pessoas em conseguirem um corpo perfeito. Relativamente a essa questão, a Directora da Estética Viva comentou que ‘já tivemos mais perto da obsessão do que agora, porque as pessoas estão a ver as coisas de forma mais abrangente.

Quando querem tratar de um aspecto físico, normalmente não tratam só esse aspecto, mas também o interior. Por exemplo, o stress. As pessoas falam em stress, mas o stress manifesta-se de várias maneiras e pode contribuir para um ar pesado e cansado.

A pessoa acaba por se sentir exteriormente mal, e se forem tomadas medidas para o combater essa pessoa vai ficar também melhor interiormente. Há um sentimento de bem estar que tem que ser também interior, e hoje em dia as pessoas já se aperceberam disso’.

O mundo da medicina não convencional, ou medicina alternativa, como alguns lhes chamam, está ainda em fase de exploração por algumas pessoas. Confrontada com a importância destas técnicas, Patrícia Bandeira declara que ‘eu não concordo com a designação de medicina alternativa, mas sim com a de medicina complementar.

Nós temos que nos valer de uma série de técnicas para melhorar, porque não conseguimos ficar bem só com uma coisa. Quando fazemos um tratamento isolado, e se não tivermos uma higiene devida e uma alimentação correcta, o tratamento que custou muito dinheiro de nada vai valer’. Assim, fica no ar a ideia de que estas medicinas são apenas mais um complemento para que o ser humano encontre o seu precioso equilíbrio.

Muito se tem especulado acerca do valor dos tratamentos estéticos e dos preços que os institutos de beleza apresentam. Mas a verdade deste panorama, segundo a nossa entrevistada, é que os tratamentos não apresentam um valor assim tão elevado: ’Não concordo que os tratamentos sejam caros.

O que acontece é que as revistas só falam nos tratamentos de elite. Há formas das pessoas se cuidarem por quantias mais módicas, e a estética profissional não é assim tão cara. Mas, e através da Estética Viva, as pessoas já vão ter uma ideia do que é possível fazer e, se calhar, chegam à conclusão de que as coisas não têm todas o mesmo preço. Por exemplo, as sessões de massagem não são assim tão caras, mas é claro que isso varia consoante o instituto e os seus clientes’.

A celulite, um drama das portuguesas

O problema da celulite é o grande drama das portuguesas. Nos lugares seguintes do pódio vêm logo os problemas de obesidade e o stress, assim como as chamadas doenças de civilização. A nossa entrevistada salienta ainda que ‘o problema da celulite é um problema de sempre.

A celulite faz parte da constituição feminina, e apagar a celulite seria alterar a constituição do organismo. O que é possível fazer é atenuar os efeitos expressivos da celulite quando os depósitos da gordura ficam inflamados, começando depois a crescer, e dando origem ao aspecto casca de laranja.

Existem tratamentos que são altamente eficazes na redução da celulite, porque melhoram a circulação e têm uma acção ao nível dos tecidos muito importante, mas as pessoas têm que ajudar sempre com a parte da alimentação. Por isso, nunca se podem ver as coisas de forma isolada’.

Patrícia Bandeira adianta ainda que se come cada vez pior em Portugal. Ainda que a estética tenha capacidade para minimizar alguns problemas, a verdade é que também as pessoas precisam de contribuir para que se registem progressos.

O importante, segundo a nossa entrevistada, é prevenirmo-nos antes que os problemas cheguem. Alega ainda que ‘não queremos de maneira nenhuma fazer coisas que não estão no âmbito da estética, pois se a pessoa já estiver com um problema avançado tem que procurar um médico.

Nós temos médicos a colaborar connosco para que as pessoas percebam que é importante que a estética e a parte médica trabalhem em conjunto, no sentido de encaminhar as pessoas para os melhores serviços’.

Patrícia é uma mulher bonita.

Por isso, quisemos saber quais os cuidados que tem consigo. Sorridente, conta os seus segredos de beleza: ‘Tenho diariamente cuidados que são muito simples, mas que me ajudam a estar bem. Por exemplo, no duche. Tenho cuidado com os movimentos que faço.

Se ao lavar-me eu fizer movimentos de uma determinada maneira, eu estou a favorecer a circulação, os músculos, e só isso ajuda. Deve usar-se sempre hidratantes, principalmente nas cidades, porque o organismo não tem tanta facilidade em desenvolver as suas defesas naturais.

Eu ponho sempre um hidratante no corpo e rosto, e uso também factor de protecção nos braços, pernas, rosto, porque o sol está sempre presente. Limpar a pele à noite, mesmo que não esteja maquilhada, porque é à noite que a pele vai encontrar o seu equilíbrio. Eu limpo a pele só à noite, mas devemos fazê-lo de manhã e à noite’.

Quando tem tempo Patrícia dedica um tempo especial a si mesma fazendo uma máscara ou tomando um banho de imersão bem relaxante. Outro pormenor: nunca lava o rosto com água quente!

‘Acima de tudo, tenho uma atitude positiva perante a vida, e isso é muito importante. Se as pessoas tiverem um atitude pacífica perante as coisas, isso fará com que as coisas corram melhor’- acrescenta Patrícia Bandeira.

Sonha em ter uma revista conceituada, assemelhada a uma revista do tipo ‘Science’, onde a publicidade não é o factor para a sobrevivência, e na qual os médicos publicam sempre as investigações que acabaram de fazer.

A Estética Viva pretende organizar seminários e acções de formação para dar um maior conhecimento às mulheres, nomeadamente às esteticistas.

Orgulhosa, Patrícia Bandeira conta ainda que a revista se candidatou aos Media Awards, vão desenvolver o site na Internet, e estão também a estabelecer parcerias para ver se conseguem responder às necessidades estéticas de outras etnias.

A organização de viagens para promover o intercâmbio entre esteticistas portuguesas e de outros países é ainda outra meta. Actualmente, a equipa da Estética Viva conta com a colaboração de inúmeros profissionais de áreas específicas, possuem uma excelente relação com a Associação Nacional de Esteticismo Profissional, e colaboram com outras revistas do sector, nacionais e estrangeiras.

Este é o universo da Revista Estética Viva, a primeira revista de estética profissional em Portugal. Um mundo onde a estética ganha uma aura profissional, ao mesmo tempo que remete informação credenciada e totalmente isenta ao leitor e profissionais da área.

Antes de terminarmos a nossa agradável conversa, Patrícia Bandeira, Directora da Revista Estética Viva, deixou ainda um recado a todas as mulheres de Portugal: ‘Vejam-se ao espelho, aceitem-se, porque esta ‘embalagem’ que nos foi dada é única, e deve ser cuidada com muito carinho.

Não importa se temos os olhos pequenos, o nariz grande, porque esse tipo de características são nossas. Olhemo-nos, aceitemo-nos, porque os outros depois aceitam-nos também’.

Um sugestão positiva de alguém que conhece os lugares mais recônditos do universo da Estética. Adopte você também essa filosofia!

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