Crónica: cavalgada para Belém

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Cronistas da MulherPortuguesa
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O sinal de arranque anunciou o início da corrida, mas dos nove apenas cinco puderam participar. Puxados pelas renas, burros, cavalos ou por eles próprios, a cavalgada para Belém tem o seu final marcado para hoje!

A cavalgada para Belém

A culpa foi da falta de assinaturas, claro está! Na medida em que não foram reunidas o número de assinaturas suficientes, o Tribunal Constitucional entendeu que devia colocar de parte quatro dos supostos candidatos a Belém. Maria Teresa Lemos era uma das participantes.

Funcionária Pública ia tentar a sua sorte nesta corrida, mas à partida tinha logo uma desvantagem: é mulher! E, num país onde os homens são ainda o sexo forte (é dura esta realidade hipócrita, mas é verídica!), uma mulher jamais poderia ocupar o cargo de Presidente da República. Então e quem é que fazia o jantar e lavava as crianças?

Pedro Braga, do Partido Humanista, foi outro dos que sonhou com os salões nobres de Belém. Um sonho curto! Gonçalves Pedro, outro dos quatro excluídos, proprietário de rádios e jornais no estrangeiro, é totalmente desconhecido para nós.

Foi corrido na hora! Passemos para a quarta candidatura: Manuel João Vieira, vocalista dos ‘Ena Pá 2000’, o típico português que quer ser o divertido, mas que acaba por ser o bobo da corte, neste caso, o mestre da palhaçada. Então Portugal alguma vez havia de querer que, uma pessoa com a posição de Presidente da República, tivesse as atitudes de Manuel João Vieira? Já o imaginaram ao lado de António Guterres? Um cenário hilariante…

Uma mulher na cadeira da presidência – Jamais! Um humanista qualquer dado a essas reflexões modernas, nem pensar!

Um desconhecido com negócios no estrangeiro, ou um indivíduo com atitudes menos convencionais, nunca poderia estar em Belém! Excluídos estes quatro, a plebe da pirâmide política, restam os cinco que se aventuraram, e que o Tribunal Constitucional permitiu manterem-se na caminhada. Porém, convenhamos! Garcia Pereira, o homem do PCTP/MRPP, conseguiu candidatar-se, mas as esperanças de vencer o quer que seja são nulas.

Fernando Rosas, candidato pelo Bloco de Esquerda, provém de um partido que tem alcançado pequenas vitórias, mas a solidez, passado e currículo do mesmo, jamais chegará para alcançar o trunfo desta corrida presidencial. A única coisa que acontecerá é que a esquerda irá dividir-se ainda mais, ao contrário do que Fernando Rosas apregoa, fortalecendo ainda mais a direita.

Ferreira do Amaral, proveniente do PSD, é uma figura conhecida, mais ‘odiada’ que amada, e que ainda não conseguiu apagar da mente dos portugueses o seu trabalho quando ‘colaborava directamente’ no governo de Cavaco Silva. António Abreu, do PCP, apresenta-se nesta campanha, tal como o PCTP/MRPP e BE, quase que, e perdoem-me a dureza, apenas para marcar presença. Vivendo ainda da rigidez e utopia de princípios de outros tempos, o PCP não voltará a colher quaisquer louros se não mudar o conteúdo e direcção dos seus pilares e objetivos.

Ainda assim, António Abreu arriscou e seguiu em frente para as urnas, quando todos esperavam a sua desistência em prol do ainda actual presidente da República. Afinal, a tradição já não é o que era!

Jorge Sampaio, apresenta-se como o candidato mais forte para chegar novamente à vitória, mas o facto de o Bloco de Esquerda e o PCP terem apresentado um candidato e levarem-no até às urnas não favorece a candidatura do socialista.

A situação é tão complicado que Jorge Sampaio já apelou aos votos dos portugueses na sua candidatura. (Estaria ele a pedinchar?) O PS está a passar por uma crise, ou melhor, o Governo está a pagar dívidas muito caras pelas suas ‘omissões’ e negócios fantasmas que vão afectar a totalidade do partido.

E, ainda que as presidenciais apresentem um rosto e não um partido político, os votantes que se dirigirem às urnas levarão isso em conta. Mas, certamente levarão também em conta a forma baixa e vulgar com que o PSD, mais propriamente os jovens laranjas, regeram a campanha presidencial do seu ídolo.

Jogos de computador? Simulação de sangue? Um jogo na Internet onde os cibernautas se divertiam a fazer pontaria a Jorge Sampaio? E a sua respectiva esposa a rir-se à gargalhada?

Um prova viva de que nem sempre os portugueses se podem orgulhar da sua juventude, movida por meios vergonhosos, inaceitáveis e de um teor lastimável!

Na cavalgada para Belém é óbvio que nem todos estão em pé de igualdade! Os primeiros quatro, pelo facto de não terem qualquer nome político ou fundo monetário de interessante investimento, foram de imediato colocados de parte.

Os outros cinco apresentam-se, segundo esta ordem, na linha da partida: Garcia Pereira, Ferreira do Amaral, Fernando Rosas, António Abreu e Jorge Sampaio. Lançados que estão os dados, só falta mesmo é saber a resolução desta cavalgada para Belém logo à noite! Mas, como em princípio, os últimos costumam ser os primeiros…

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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