Simplesmente Cathy de Cathy Guisewite

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Simplesmente Cathy
Simplesmente Cathy
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Chama-se Cathy e é americana. É solteira e vive sozinha, com uma cadela chamada Electra dotada de uma personalidade canina muito sui generis.

Simplesmente Cathy

Tem uma amiga chamada Andrea, uma colega inseparável chamada Charlene, um patrão igual a todos os patrões e um namorado de reserva, chamado Irving, que entra em campo sempre que as suas tentativas de relacionamento com outros homens dão para o torto.

A Cathy trabalha muito, corre para os braços da mãe sempre que não está zangada com ela pela sua intromissão e não resiste nunca, mesmo quando tem o VISA cancelado, a uns belos saldos de sapatos.

No fundo no fundo, a Cathy é igualzinha a alguém que conhecemos muito bem. A sua vida e preocupações giram em torno dos quatro grandes grupos de culpabilização: a comida, o amor, a mãe e a carreira.

Numa luta constante para atingir o peso ideal, para encontrar o homem dos seus sonhos, para ter uma carreira brilhante e para lidar com a intromissão bem intencionada da mãe em todos estes dilemas, Cathy acaba sempre por refugiar-se no frigorífico, no ombro de Andrea ou na sua secretária eternamente apinhada de coisas por fazer.

A Cathy chegou até nós pelas mãos da Gradiva, que tem vindo a publicar regularmente as colecções de tiras de BD com as aventuras e desventuras desta brilhante personagem feminina.

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A coleção conta actualmente com 14 títulos – têm sido editados cerca de 4 ou 5 livros por ano – que só por si já são sugestivos.

Ora vejamos alguns exemplos:

  • Mais um sábado à noite de desespero e solidão;
  • Os homens deviam vir com livro de instruções;
  • A boca cheia de pastilhas de mentol e ninguém para beijar;
  • Acordem-me quando vestir o 34!

Bem feitas as contas, cada uma destas colecções de tiras representa um ano na vida da Cathy, começando pelos anos 80. A bem da verdade, e apesar de entretanto já termos mudado de século, a Cathy não tem mudado muito, e ainda bem!

À excepção das constantes flutuações de peso, do guarda-roupa em constante renovação e das experiências (mal-sucedidas) no cabeleireiro, Cathy não deixa nunca de ser a mulher insegura, emotiva, gulosa e obcecada que tem feito as delícias de milhões de leitoras – e alguns leitores – nos últimos 20 anos.

Um humor contundente e hilariante, personagens carismáticos e fáceis de identificar com quem conhecemos na realidade, situações e sentimentos que, pelo ridículo, nos fazem ver o nosso dia-a-dia com uma nova perspectiva, aliados a uma arte notável fazem de Cathy uma das BD’s preferidas das mulheres de todo o mundo.

Não é propriamente banda desenhada para adultos – já que não contém nada que uma criança não possa ver – mas é sem dúvida uma BD adulta no seu conteúdo, no tipo de humor e nas situações que, diga-se de passagem, nem os homens nem as crianças são propriamente capazes de compreender na sua essência.

O dilema de chegar ao fim da primavera e ter de experimentar 5463 fatos de banho, a necessidade extrema de perder 6 quilos em 2 dias, as tentativas frustradas de descontar as caixas de donuts e a maquiagem nos impostos, as coscuvilhices com a Charlene, as discussões com a mãe, as técnicas psicológicas e de sedução para conquistar homens solteiros, inteligentes e atraentes – se é que eles existem – e a eterna luta por manter a desarrumação da casa invisível para as visitas são situações regulares, mas sempre diferentes, no dia-a-dia de Cathy.

Feminina, sem ser feminista, a Cathy devia ser presença obrigatória na mesa de cabeceira, na sala, no escritório ou mesmo na cozinha de todas as mulheres. Afinal, ela é uma de nós, e uma excelente companhia, seja onde for.

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Cathy Guisewite

È o nome da criadora de Cathy, com quem se parece não só no nome. Fisicamente e, ao que tudo indica, emocionalmente semelhantes, ambas as Cathys são uma espécie de espelho uma da outra.

Cathy Guisewite comemorou em 1996 o vigésimo aniversário da personagem, que para além de ter conquistado meio mundo (a metade feminina essencialmente) conseguiu invadir de forma admirável o mercado norte-americano com uma gama completa de merchandising que inclui desde papel de carta até relógios, roupa e livros de receitas.

As tiras são publicadas diariamente em mais de 1400 jornais em todo o mundo e a autora já recebeu todos os prémios que um cartoonista pode ambicionar, para além de um Emmy atribuído a um filme animado da Cathy exibido pela CBS.

Tendo passado, nos anos 70, pelo ramo da publicidade, Cathy Guisewite abandonou esta carreira quando era vice-presidente de uma conceituada agência, para se entregar a tempo inteiro à vida do seu alter-ego – Cathy.

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