Os 25 Anos: da «Questão de Timor Leste» no Parlamento Português de Mª Leonor Caxaria Fontoura da Assembleia da República
Os 25 Anos
Apresentar aos portugueses o que o Parlamento e a Comissão por Timor fizeram ao longo dos últimos 25 anos é o propósito da obra agora lançada pela Assembleia da República.
A causa de Timor continua e continuará a fazer despertar as consciências dos portugueses. Numa altura de reflexão acerca de todo o sofrimento por que passou o povo timorense, a Assembleia da República lança um livro que reflecte a questão de Timor Leste no Parlamento Português.
Vinte e cinco anos de luta, de discussão e de intervenções dos deputados portugueses em cerimónias por todo o mundo, com referências a Timor, para que a luta deste povo nunca ficasse esquecida, foram reunidos nesta obra, ainda incompleta, e cujos volumes seguintes serão lançados no próximo ano.
Presentes na cerimónia de lançamento, no salão nobre da Assembleia da República, estiveram os representantes máximos do povo de Timor; Xanana Gusmão e os dois prémios Nobel, Ramos Horta e Ximenes Belo.
No início da sessão as palavras foram de Miguel Anacoreta, presidente da Comissão por Timor que referiu “a importância política do lobby pela causa timorense que os deputados portugueses sempre fizeram questão de demonstrar e as acções da Assembleia da República condenando a Indonésia pela violação dos Direitos Humanos do povo de Timor.
E com a luta dos timorenses quase ganha, a Comissão deixa de ser uma voz de protesto para começar a liderar outros projectos, nomeadamente exercendo alguma forma de acompanhamento e fiscalização para Timor. Temos todo o interesse em que as coisas sejam bem feitas. E vamos dar tudo o que podermos até que o dia da independência seja declarado.”
Almeida Santos, presidente da Assembleia da Republica frisou a relação de amor que os dois povos e o esforço da luta pela independência: ‘é preciso não deixar acabar o azeite na lamparina até que irrompa a luz da liberdade.’
O discurso mais esperado da tarde, que já ia adiantada, veio de Xanana Gusmão, que calmamente, como é o seu estilo, contou histórias do tempo da guerrilha e salientou a luta porque o seu povo passou e a importância de saber que não estavam esquecidos no mundo.
‘Depois das derrotas de 1978 e 1979 vivemos na escuridão. Era um conforto sabermos que alguém ainda pensava e lutava por nós. No mato tanto necessitávamos de munições como de informações de Portugal sobre o que estava a ser feito.’
E terminou a sua apresentação realçando o papel do povo português e dos seus políticos, ‘este livro vai documentar isso mesmo e vai provar que a vitória do povo maubére foi também uma vitória do povo português com a renovação da solidariedade lado a lado para reconstruir Timor.’