RADÃO: perigo que se esconde no granito

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Radao
Radao

O radão é um gás radioactivo presente no solo e nos materiais de construção de origem granítica. Como o Governo pouco tem feito pelas populações em risco, a DECO/PRO TESTE resolveu ajudar os seus associados que queiram medir os níveis deste gás em casa utilizando, para o efeito, um detector.

A maioria dos portugueses não tem de se preocupar com o radão. Mas o mesmo não acontece com os habitantes dos distritos de Braga, Vila Real, Porto, Guarda, Viseu e Castelo Branco que devem manter-se atentos a este problema, pois vivem em zonas graníticas. No distrito de Portalegre, a Serra de São Mamede também oferece riscos.

Como o radão não tem cor, cheiro ou sabor, não se dá por ele. Por isso, a única forma de o consumidor saber se tem níveis elevados deste gás em casa, é efectuando uma medição. Em 2001, a DECO/PRO TESTE publicou um estudo em que alertou para o problema e apresentou os resultados algo preocupantes de medições que efectuou às concentrações de radão.

As medições foram feitas através de um detector, que os moradores colocaram na divisão mais frequentada da sua habitação, durante cerca de um mês. Embora quase dois terços das medições tenham, felizmente, ficado abaixo do nível de alerta recomendado pela União Europeia (200 Bq/m3), a verdade é que 22% dos casos excederam esse nível e 17% estavam mesmo acima do limite máximo tolerado (400 Bq/m3).

Na altura, a acção do Governo quanto a este problema era nula. Passados dois anos, o cenário não se alterou. Por esta razão, aquela associação de consumidores negociou um protocolo com o Instituto Tecnológico e Nuclear, para ajudar quem queira verificar se a sua saúde está acorrer riscos com o ar que respira em casa. O protocolo inclui, também, uma redução no preço das análises.

Os valores apontados pela União Europeia não passam de recomendações. Segundo a PRO TESTE, é necessário criar legislação portuguesa que estabeleça limites seguros para a concentração de radão e obrigue as empresas de construção civil a ter em conta este problema. Condicionar ou mesmo proibir a construção nas zonas críticas, exigir que os materiais à base de granito tenham um baixo teor em radão e obrigar a que se apliquem barreiras entre o solo e a casa nas zonas mais afectadas, podem ser medidas muito importantes no combate à exposição humana ao radão.

Aquela revista defende que o Ministério das Cidades, do Ordenamento do Território e Ambiente invista em acções de informação para as populações que vivam nas zonas de maior risco, apresentando medidas para prevenir o problema e soluções para diminuí-Io ou resolvê-lo. Apela, ainda, para que o Governo e as autarquias das zonas de risco mais elevado assumam a responsabilidade, inclusivamente financeira, de fazer as medições necessárias.

A PRO TESTE recomenda, sobretudo, a quem viver numa das zonas graníticas ou suspeitar dos seus materiais de construção (bancadas de cozinha ou pedras de lareira, por exemplo), que, antes de mais, conheça o nível de concentração de radão na sua casa. Se o resultado da análise estiver entre os 200 e os 400 Bq/m3, há algumas medidas que podem ser tomadas no dia-a-dia: tapar as fendas que se abrem no pavimento ou junto às tubagens e arejar a casa todos os dias, favorecendo a circulação do ar.

Segundo aquela revista, após algum tempo, seria conveniente fazer uma nova análise, para verificar se o problema ficou resolvido. Caso contrário, ou se a primeira análise revelou logo valores muito elevados, convém contactar o Instituto Tecnológico e Nuclear (21 994 63 43), pois apenas um técnico especializado poderá avaliar exactamente a origem do problema e quais as soluções possíveis que, regra geral, exigem obras na casa. Para não haver surpresas, a PRO TESTE aconselha que se peça um orçamento antes de solicitar o serviço.

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