28 de Maio, a revolução da ditadura

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28 de Maio de 1926
28 de Maio de 1926

O dia 28 de Maio, ainda hoje é contestado por muitos portugueses que criticam aqueles que continuam a efectuar a sua celebração.

Na primeira metade da década de 20, Portugal conhece o 18º governo. A violência republicana, com bombas, golpes civis e militares e revoluções, demonstra uma hegemonia pouco saudável do partido democrático.

São diversos os problemas que afectaram a 1ª República, sendo os mais notados a participação de Portugal na I Guerra Mundial e as sucessivas instabilidades políticas quer económicas. Todos estes elementos levaram à formação de uma corrente oposicionista bastante forte.

Após vários golpes fracassados, como o que teve lugar a 18 de Abril de 1925, um deles foi bem sucedido: o de 28 de Maio de 1926.

A 28 de Maio de 1926

Gomes da Costa, um militar de 60 anos, surge como o chefe de uma rebelião na guarnição de Braga. No movimento estão também envolvidos Filomeno da Câmara, capitão de fragata, José Mendes Cabeçadas, que chegou a auto-intitular-se chefe de Estado após a rebelião, e o general Carmona, distinguido pelos seus pares para controlar alguns dos possíveis excessos de Gomes da Costa.

A entrada triunfal de Gomes da Costa na capital, a 6 de Junho, à frente de 15 mil homens, termina de vez com a 1ª República e dissolve o Parlamento, numa revolução que provoca dois mortos.

O pós 28 de Maio vai trazer à luz do dia, as rivalidades e os ajustes de contas entre os políticos. As instituições políticas democráticas são dissolvidas, assim como os partidos políticos e é instaurada uma ditadura militar.

Como forma de controlar outras possíveis rebeliões, surge a instauração da censura à imprensa, exercida pela GNR também contra a população, a devolução às corporações católicas dos bens arrolados em 1911, a retoma do ensino religioso nas escolas particulares, a criação de uma polícia secreta especial e têm início as detenções por delitos de opinião.

Com a eleição presidencial de Carmona, Portugal passa a enfrentar uma cadeia de rebeliões militares e civis, com bombardeamentos a postos militares, cercos de cidades, resistência e rendições.

Se o movimento revolucionário congregava diversas facções ideológicas de republicanos a conservadores e fascistas, a figura do Ministro das Finanças nomeado em 1928, António Oliveira Salazar, irá definir-se como a referência política do novo regime.

Nomeado para resolver a grave questão financeira do país, Salazar, um professor universitário de Coimbra, para o qual as lides políticas não são novas. Durante cinco dias tivera a pasta das finanças no Governo anterior a Carmona. Consegue apresentar propostas para a economia portuguesa e marca o ritmo do regime e lança o slogan “tudo pela Nação, nada contra a Nação”.

Natural de Santa Comba Dão, Salazar era filho de um caseiro, seminarista com ordens menores, mas que optou pela formatura em Direito e pela carreira docente em Ciências Económicas.

Em 1933, uma nova Constituição marca o início do Estado Novo, regime autoritário que governará os portugueses até meados da década de 70, consagrando um Estado forte em que imperam o nacionalismo e o imperialismo colonial, sobretudo a partir da Guerra Civil de Espanha,

O regime de repressão salazarista ajudado pela PIDE – Policia Internacional de Defesa do Estado, não impediu, em 1958, a candidatura do general Humberto Delgado em oposição ao candidato do regime, Américo Tomás, uma candidatura derrotada, mas que abalou o regime.

À morte de Salazar, ocorrida em 27 de Julho de 1970, sucede no Governo Marcelo Caetano, “destronado” pelo movimento militar de 25 de Abril de 1974.

O dia 28 de Maio, ainda hoje é contestado por muitos portugueses que criticam aqueles que continuam a efectuar a sua celebração. Mas a verdade é que é mais uma data na vida conturbada do nosso país à beira-mar plantado.

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