A tradição de Natal, as festividades natalícias

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A tradição de Natal, as festividades natalícias
A tradição de Natal, as festividades natalícias

A tradição de Natal ainda é o que era em Portugal, pelo menos no Norte do país e na Madeira, onde o Natal é a festa maior. O Natal é por excelência a festa de luz e cor, de pais Natais sorridentes e presépios, de árvores enfeitadas e da febre do consumismo.

Mas nem sempre o Natal representou a corrida às lojas, e em muitos pontos do nosso país continua esta a ser a festa mais importante do calendário, celebrada de forma simples e sempre em família, relembrando os verdadeiros preceitos que estiveram na base da celebração do Natal, como festa de recolhimento religioso e de família.

A festa de Natal tal como a conhecemos apenas começou a ser celebrada no Oriente, segundo antigos escritos, na primeira metade do século IV, e na altura o nascimento de Cristo era festejado de dia 5 para 6 de Janeiro, dia que recordava o baptismo e a adoração dos Reis magos. O primeiro registo de celebração no Ocidente refere-se ao ano de 336 e à cidade de Roma.

Noite da Consoada

Em Portugal a noite da Consoada, em muitas regiões, é o ponto alto das celebrações e reúne todos em redor da lareira onde se fritam as filhoses e se cozem as batatas que irão acompanhar o bacalhau ou onde apura o arroz de polvo, que terá de ser comido na cozinha, mesmo que a casa conte com uma boa sala de jantar.

Todos ajudam ao ritual enquanto lançam olhares gulosos para uma mesa recheada, não com guloseimas compradas na confeitaria da esquina, mas sim produzidas por mãos carinhosas.

Travessas em que o arroz doce, o leite creme ou a aletria se espraiem louros das gemas, ou secos e brancos, onde os bolos de jerimu se deitam numa cama de mel, acompanhando os mexidos, os sonhos, as rabanadas ou fatias paridas.

O fidalgo, doce alentejano apenas de ovos e açúcar, o bolo real, outro doce de gila amêndoas e trouxas de ovos, a lampreia, que também não desdenha de um corpo feito de fios de ovos.

O pão de rala, altura em que o pão deixe de ser simples sustento para passar a guloseima de amêndoas, gila e ovos, do bolo de mel madeirense, tradicionalmente preparado no dia 8 de Dezembro para estar bom no dia de Natal, o mesmo acontecendo com o tradicional bolo de Natal dos Açores.

E mesmo uma outra que agora não falta nas mesas são as broas, pequeno bolo adoçado e aromatizado de erva-doce e canela, com um formato particular e delas provêm a expressão ‘dar e receber as broas’ para qualquer tipo de prenda que se dê ou receba nesta época e até há bem pouco tempo era uma das expressões usadas pelos trabalhadores para designarem o 13º mês.

A tradição de Natal

Mas se a mesa é rica, as tradições não o são menos.

Da matança do porco, alguns dias antes, à missa do galo, da qual se aguarda o começo junto do madeiro, pilha de lenha roubada pelos rapazes da aldeia e que arde no largo da igreja até ao Ano Novo, das janeiras cantadas à porta a troco de uma filhós ou pão com chouriço bem regado com vinho na

Festa dos Rapazes de Vinhais

Outras tradições há que já se perderam na memória dos tempos como os gaiteiros que acompanhavam os crentes até à missa do Galo e que tocavam durante toda a cerimónia.

Ou as pastoradas, recitação de versos em louvor do Menino Jesus enquanto se esperava a entrada na igreja, prática proibida pela Igreja nos finais do século passado.

Na Madeira

Na Madeira é mesmo chamada de ‘A festa’, como se mais nenhuma ocorresse durante o ano e a sua preparação começa com uma novena conhecida como Missa do Parto celebrada de madrugada, o que não impede os fiéis de assistirem, seguindo para a igreja ao som de música de gaita, rajão e castanholas.

O pão da casa é cozido oito dias antes e as crianças são brindadas com merendeiras e brindeiros, e os bolos de mel são feitos com abundância mandando a tradição que sobre sempre um, que ficará guardado até ao ano seguinte. E a festa decorre dentro de portas, porque o Natal quer-se caseiro.

Nos Açores

Ao contrário, nos Açores a festa quer-se passada de casa em casa, onde vizinhos e amigos se encontram para admirar os respectivos presépios e saborear os petiscos de massa sovada, os vinhos e os licores, chamados ternurenta mente de ‘mijinho do Menino’.

Seja qual for a sua tradição, passe um natal tradicional ou cosmopolita, os votos são sempre para que seja um Santo e Feliz Natal.

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