Todos os dias, à mesma hora, aquele cavalheiro de 40 anos presumíveis esperava o seu amor, bem vestido, grande cravo na lapela, sentava-se no mesmo banco do jardim público. No seu semblante, um sorriso de felicidade ficava estampado até à hora, sempre a mesma, em que o cavalheiro se levantava e partia cabisbaixo e triste.
Um dia, algumas pessoas que viviam numa casa próxima, e que há muitos anos viam aquele cavalheiro, bem vestido, com um grande cravo na lapela, sentado no jardim público, não resistiram à curiosidade tão longamente reprimida, e interrogaram-no com delicadeza.
Porque vinha ali, todos os dias, à mesma hora, ficava sentado com uma expressão de felicidade e partia triste e cabisbaixo?
– Ah, meus amigos, porque venho recordar o dia longínquo em que, neste mesmo banco, a esta mesma hora, trémulo de alegria e esperança, aqui vim esperar a noiva, ainda desconhecida, que pedira num anúncio de jornal.
– Pobre homem! – disseram os que o rodeavam – e agora vem recordar esse doce momento em que ainda estava na expectativa, porque sua esposa, a noiva de então, já morreu, não é verdade?
– Não, soluçou o cavalheiro, infelizmente não morreu! Está em casa à minha espera! E partiu, cabisbaixo e triste.