VW Beetle – O carocha para os portugueses

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VW Beetle - O carocha
VW Beetle - O carocha

Fornecer rodas à população tornou-se um assunto bastante importante na Europa antes da guerra, seguindo a moda dos carros para todos, seguida nos Estados Unidos da América, durante os anos vinte. Assim surgiu o VW Beetle – O carocha.

Antes da queda da bolsa em Wall Street, o negócio combinado de venda e produção de carros das diversas marcas ultrapassava os cinco milhões de veículos, mas a baixa produção na Europa, a par com diferenças culturais entre as nações e o menor poder de compra não permitiam que essa indústria se expandisse da mesma forma.

Apenas Herbert Austin e William Morris, na Inglaterra e André Citroen em France, tinham conseguido algum sucesso na colocação dos seus modelos no mercado, ao passo que na Alemanha – a maior nação da Europa – sofria uma recessão económica e uma crise política. O Dr. Ferdinand Porsche, natural da Bohemia, fora já considerado um dos grandes pioneiros do início do século XX.

O seu nome estava ligado a vários melhoramentos tecnológicos, que incluíam o motor híbrido Lohner, de 1900 e o desportivo Austro-Daimler, ambos produzidos na Áustria, e ainda o imponente Mercedes-Benz SSKs, datado do final dos anos trinta. Mas ele estava fascinado com a ideia de criar um carro pequeno mas eficiente.

O pequeno NSU e os Zundapps

Durante os anos trinta, o professor Porsche recusou diversas propostas da Daimler-Benz para a criação de um pequeno modelo familiar. Em 1932, desenhou um carro para o alemão Zundapp, fabricante de motociclos, com um cilindro radial 5.

Um ano depois, construiu um protótipo para o NSU, agora com um cilindro refrigerador de ar. No entanto, Zundapp não podia investir no projecto, devido a um acordo celebrado com Fiat (com quem tinha um acordo de cavalheiros) para não entrar no negócio da produção de carros.

Apesar da falta que os alemães sentiam de ter acesso a um carro familiar, e de Adolf Hitler considerar que poderia beneficiar politicamente com a promoção desses plano, foi difícil aceitar o seu carácter de classe. Por isso, o carro deveria transformar-se num carro que servisse toda a população (Volk). Em 1934, o regime nazi patrocinou a criação do design e a construção do carro na firma do Dr. Porshe. Assim nasceu a Volkswagen – o carro do povo.

 

VW Beetle – O carocha

Nas suas pequenas oficinas, Porsche construiu três protótipos desenvolvidos segundo cinco pré-requisitos. Por principio, o carro deveria oferecer espaço para uma família inteira, conforto e ter potência para subir a montanhas. O chassis com que seria construído também deveria permitir a adopção de mais de um tipo de motor.

Os primeiros protótipos surgiram em 1936, e um ano mais tarde, uma série de 30 carros foi testada até à exaustão.

Comprar através de um esquema seguro

Um dos planos de Hitler era levar o carro até à população, usando para tal um esquema de aplicação de poupanças, para o carro que apelidara de “Kraft durch Freude” (poder pela paz). A partir de 1938, através de um pagamento mensal instaurado, todos os alemães podiam encomendar o seu Volkswagen. Para ajudar a este negócio nasceu uma fábrica em Lunerburger Heide, perto de Hannover, e com ela uma cidade inteira de trabalhadores.

Em 1938 o primeiro carro a ser construído pela fábrica foi apresentado à imprensa em Berlim, mas a produção foi atrasada devido à guerra. Somente depois da guerra, e graças à decisão militar da Inglaterra, é que a produção recomeçou. Um total de 1, 785 carros foram produzidos no ano de 1945, em condições difíceis. Um ano mais tarde, 10,020 automóveis foram produzidos, e a história de sucesso do Volkswagen teve o seu início.

O Volkswagen, rebatizado Beetle, ou carocha, aquando da sua entrada nos Estados Unidos, devido à sua forma redonda e formato aerodinâmico, era simples e durável, com o seu motor de arrefecimento por ar. Segurança era a palavra de ordem, e este pequeno colocou toda a Alemanha sobre rodas.

A produção bateu recordes num ritmo alucinante, à medida que os modelos diferentes iam surgindo: desportivos, semi-carrinhas e descapotáveis.

O carocha conquistou milhares de corações e tornou-se um ícone de todo o mundo, e dos Estados Unidos em particular.

O último carocha alemão foi construído em 1975, mas a empresas Volkswagen implantou a construção de carros no Brasil e no México, onde 22 milhões de carochas forma construídos nos últimos anos da década de noventa.

Nunca existiu um carro tão popular. E nunca antes qualquer construtor decidira produzir um modelo com um estilo tão retro, como sucedeu com os novos modelos lançados em 1998, altura em que o carocha tornou a conquistar o coração de milhares de pessoas.

As suas curvas são das mais facilmente reconhecíveis de sempre, a par com as de Marilyn Monroe, as pirâmides e a embalagem de Coca-cola.

Para os especialistas, a janela traseira do carocha é a marca da sua idade, da sua raridade e do seu valor. Para o resto do mundo, é “apenas” o carocha.

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