Crónica: um dia negro para a posteridade

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Crónica da Mulher Portuguesa
Crónica da Mulher Portuguesa

A América acordou há uma semana, com o luto cravado no rosto. O choque dos atentados realizados aos Estados Unidos da América não mais sairão da mente do mundo. foi um dia negro.

Um dia negro para a posteridade

Dois aviões começaram por colidir contra as torres gémeas do World Trade Center. Nos momentos seguintes era a vez do Pentágono ser vítima de uma grande explosão, resultante do embate protagonizado por mais um avião. Segue-se o desabamento de uma das torres, uma explosão atinge o capitólio, e tempo depois a segunda torre desmorona-se.

Cerca de duas horas depois do primeiro embate aéreo um quarto avião despenha-se na região de Pittsburgh, entre Nova Iorque e Washington. A América acordou com este cenário macabro na manhã de Terça Feira, e para sempre tatuará este dia na história mundial! 8:48, hora de Nova Iorque, foi o arranque para o dia mais negro da história da América e do mundo!

Nova Iorque, segundo me disseram, é uma cidade-mundo dentro do mundo. Ninguém resiste à sedução de Nova Iorque, à magnificência das torres do World Trade Center, agora extintas, ou ao misto de culturas que a cidade alberga. Encontra-se gente dos quatro cantos do mundo, que partiram para a ‘terra das oportunidades’ em busca de uma nova vida. Nova Iorque é Nova Iorque! A América é a América!

Independentemente da forma como os Estados Unidos conduzem o mundo, a verdade é que uma tragédia desta envergadura só pode, no mínimo, traumatizar toda a população mundial. Esqueça-se o passado, os erros cometidos, os actos louváveis, e sintamos todos este drama humano que levou para sempre inúmeras vidas de inocentes!

A televisão passou imagens inesquecíveis da tragédia. Eu comovi-me! Todos nos comovemos, mesmo os mais insensíveis! Pessoas a saltarem das torres, aparentemente inabaláveis, do World Trade Center, corpos em chamas, indivíduos que acenavam à cidade de Nova Iorque o seu último adeus, num misto de pânico e desespero.

O quadro negro do fumo que penetrou pelas ruas amplas de Nova Iorque é inesquecível, o drama cravado no rosto dos que se salvaram é indescritível, e a coragem de um médico que, segundos antes do desmoronamento de uma das torres, recolheu algumas das imagens mais impressionantes desta tragédia. Impressionante!

O número de vidas que se perderam não está totalmente definido, à excepção das pessoas que viajavam nos aviões: 266 vidas humanas.

A América sofreu o maior atentado de sempre, e o terrorismo penetrou zonas que se julgavam ser imunes a esse tipo de situação. Uma cobertura mundial informativa permitiu que soubéssemos a par e passo tudo o que se passava lá longe, do outro lado do oceano.

Os atentados terroristas a que assistimos, e as consequências provocadas pelos mesmos, na semana passada, cultivaram o ódio e a repulsa pelos seus responsáveis. O FBI continua a investigar, seguindo pistas atrás de pistas, na certeza de que os responsáveis serão punidos.

Uma das potências mundiais foi ferida no seu coração, na sua magnitude, no seu orgulho nacional, provocando consequências humanas irreparáveis.

Não se consegue trazer de volta a vida das vítimas, nem sequer voltar à serenidade que reinava na América antes desta tragédia. Declarar guerra não é solução!

Recorrer a estratégias militares para vingar as vítimas não é uma alternativa louvável! Atrás de um banho de sangue, dor e mágoa não pode vir outra tragédia! Que se punam os responsáveis, mas não um povo, um país, ou cultura.

Os responsáveis por estes atentados terroristas, que sequestraram aviões e que delinearam um plano para extinguir pontos de referência e autoridade americana, não podem ser tomados como iguais ao seus compatriotas. Façam-se distinções!

Que a justiça venha ao de cima, mas que o mundo não tenha que assistir a imagens de horror, como as que desde terça feira a televisão tem vindo a exibir.

O luto mundial é evidente! Dos quatro cantos do mundo surgiu o apoio à América, a todos os níveis.

A mágoa não é só americana, mas também mundial! Prova disso é o luto decretado por alguns países, como foi o caso de Portugal, com 2 dias de luto nacional, assim como os 3 minutos de silêncio em memória das vítimas da tragédia, demonstrando, uma vez mais, que a tristeza e o luto para com o sucedido perfumou o mundo inteiro de um odor que ficará, eternamente, na aura da história mundial.

Será para mim, como para as restantes pessoas, difícil imaginar o que possam ter sentido as vítimas desta tragédia, não só os passageiros dos aviões, como também aqueles que se encontravam no local de trabalho, ou que foram vítimas destes atentados, de uma outra forma qualquer. Pensa-se no quê? Passará toda uma vida, por instantes, na mente?

Desculpar-se-ão os erros dos outros, apagar-se-ão os momentos ruins, derramar-se-á uma lágrima pelos sonhos que se sabe que não vão jamais ser concretizáveis? Seria isso que as vítimas pensaram ou que, simplesmente, tudo não passava de um pesadelo?

Dia inesquecível para todo o mundo, depois das baixas humanas registadas, e para além daquelas que ainda estão por conhecer, o mundo veste de negro. Um negro carregado, forte, daquele que nada ou ninguém fará apagar!

As consequências futuras destes atentados estão ainda por conhecer, e ninguém sabe o que pode suceder. O mundo vive em sobressalto, sente-se a desconfiança no ar, a dúvida do que o dia seguinte pode reservar ao mundo.

A mim, e a todos os portugueses, resta-nos apenas sentir e demonstrar o intenso pesar que este acontecimento provocou em nós. Porque todos somos seres humanos, e os atentados à vida de inocentes é sempre um crime doloroso.

Tentemos, a partir de agora, plantar a raiz da paz para todo o sempre e retirar dela os melhores frutos possíveis! Uma última homenagem às vítimas e a todos aqueles que durante estes dias têm arriscado a sua vida para salvarem outras tantas!

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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