Há camâras por todo o lado, nesta novela real que bem podia ser uma comédia! Nos quartos, jardim, casa de banho, confessionário, cozinha, sala de estar e na sala de jantar, a privacidade não existe. Há olhos silenciosos e microfones, que captam tudo o que os actores da comédia, aprisionados no interior da casa protagonizam.
Os actores da comédia
As regras estão estipuladas e o Big Brother ordena os seus desejos irrecusáveis. Mais do que a exposição da vida privada e pessoal de cada um, o Big Brother pode ser uma boa maneira de encontrar um novo companheiro. Afinal, o Big Brother espanhol mais parecia o Ponto de Encontro em versão romântica, do que propriamente um concurso de televisão…
O Big Brother está aí! Até ao dia 29 de Dezembro, há uma pessoa que sairá da casa do Big Brother e que vai de encontro a 20 mil contos. Sacrifício doloroso ou umas férias bem passadas, é a grande questão de tudo isto. Primeiro, porque as pessoas estão a ser 24 horas do dia observadas a todo o instante e não se importam!
Depois, porque até não têm que ir trabalhar, à excepção das tarefas que o Big Brother estipula para eles cumprirem, e ainda para mais têm a oportunidade de não estarem presos à lei do tempo. Não há horas na casa do Big Brother, não há televisão, não há notícías do exterior, da família ou do namorado, não há vídeo, nem há patrões a dar ordens atrás de ordens.
Mas, o Big Brother concede mordomia a todo os seus habitantes, com as melhores condições para sobrevivência e até com uma mini-piscina e umas galinhas, imagine-se!
As galinhas, galo, horta, piscina e a relva devem ser tratados pelos habitantes da casa, como se muitos deles soubessem o que é que as galinhas comem, para lhes concederem alimentos frescos. E, para ajudar na sobrevivência diária desses 12 concorrentes, agora já só 11, têm ainda um orçamento diário para cada um. Sem dúvida, um manjar dos deuses!
Passemos aos habitantes desta mansão da fama, porque é disso mesmo que se trata: começo pelo Ricardo V., um menino todo do bem, tipo linha, que leva o tempo inteiro silencioso a pensar O que devo dizer para cativar o público? Depois, passemos à Marta, a futura colega de Teresa Guilherme, nunca se sabe, que por aquele andar não chega nem a segurar um microfone na mão, mas pronto! Célia, outra concorrente.
Adora nadar, mas aquelas trancinhas já são abusivas e a necessidade que tem em se exibir, não lhe fica mesmo nada bem! O Ricardo A., é outro dos que merece um forte comentário: menino, esse cabelo podia ser bem mais curto! É que a moda do cabelo comprido já lá vai há muito. Ah! E estamos na primeira década do milénio e não nos anos 70!
A loira da casa, presunçosa e que acha ser o sol da mansão, chama-se Marta. Querida, tanta presunção fica-te mal e, segundo os votos e com comentários desses, a seguinte a sair és mesmo tu!
O Marco, o Mário e o Telmo são os futuros Big Garanhões ali da mansão. O primeiro tenta seduzir com as cantigas (primeiro é melhor as aulas de música e só depois o engate), o segundo, um rapaz excessivamente alto que julga que os homens se medem aos palmos (acredita que não se medem!) e o terceiro, um pseudo D. Juan, em último grau e muito desactualizado, porque simplesmente não fala. (É melhor ler as novas maneiras de conquistar uma mulher porque senão…).
A Maria João, outra concorrente que ambiciona ser jornalista, é a prova viva e real do dialecto nortenho. Um conselho: já há uma prova televisiva de como se fala no Norte, outra Rute Marques é demais para nós! Poupem-me!
A Sónia, de Mirandela, é outra das residentes da casa, que só parece ter percebi que havia câmaras por todo o lado, quando se lembrou que tinha que se despir. Imagine-se que foi para a casa de banho despir-se para não a filmarem! (Portugal inteiro já percebeu que não há hipótese de fuga aos olhos do Big Brother, menos a Sónia! Enfim, há uns que percebem mais rápido que outros). Finalmente, o homem de Barrancos. Zé Mária de seu nome, e já apelidado por Zéze Camarinha pelos restantes colegas, é a fotocópia real de um típico alentejano: calmo, pachorrento e muito dorminhoco.
Afinal, a hora da sesta é sagrada, e enquanto os outros estão na piscina, o Zé Maria prefere dormir! São opções… A residente que abandonou a casa dava pelo nome de Riquita e, de facto, foi o melhor que fez. O marido e os filhos são bem mais importantes, acho eu, que a ausência de 4 meses no lar!
Agora, espera-se pelo desfecho das situações! Se o nosso povo vai seguir a tradição dos outros Big Brother, em que os habitantes descobrem “o amor da sua vida” em escassas semanas, só saberemos daqui a uns tempos! Eu aposto na tradição!
Até porque já se sente laivos desse síndroma bem intensos no ar, e como a tradição é para ser cumprida não vamos ser nós que a vamos decepcionar! E como o que tem que ser tem muita força, não são umas câmaras que o vão impedir…
Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante