Crónica: Jornais, jornalistas e cronistas

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Cronistas da MulherPortuguesa
Cronistas da MulherPortuguesa

Jornais, jornalistas e cronistas: Contra mim falo, mas esta não podia deixar escapar. Numa conversa com um amigo destas lides, contou-me ele que durante uma sessão parlamentar foi pedido um minuto de silêncio pelas vítimas de Entre-os-Rios.

Jornais, jornalistas e cronistas

Todos os presentes se colocaram de pé, excepto a secção da comunicação social. Supostamente para manter uma aparência de neutralidade. Mas até onde chega essa neutralidade?

Vemos um acompanhamento directo das televisões, quais abutres sobre o rio onde se espera que surjam os corpos, mantendo bem viva a tragédia para todos os envolvidos.

E cai-se no descalabro de passar as mesmas peças repetidas vezes, no mesmo bloco noticioso, só porque mostra o filho de um casal que faleceu a chorar na casa dos pais. Isto é imparcialidade?

Claro que sabemos que o público gosta de desgraças, da miséria e de choro. Uma das pérolas que exemplifica isto é a questão que foi colocada por uma jornalista a um dos mirones sobre o que estaria ali a fazer e que respondeu afoitamente: ‘Estou aqui para ver os cadáveres.’ Sem mais comentários.

E que dizer de certos artigos que vêem a lume sem que haja qualquer tipo de informação prévia apenas para ser o primeiro a dar a nova?

Na mesma semana em que o país parava em Entre-os-Rios, um homem barricava-se num supermercado em busca dos quinze minutos de fama através da moda lançada pelo senhor Subtil.

Logo, os mais afoitos órgãos anunciavam um tiroteio no parque de estacionamento, onde teria ferido a ex-mulher, que o indivíduo se encontrava ali com os filhos, que tinha feito vários reféns, etc. Apurou-se que nada disso acontecera. Mas a notícia estava lá.

Melhor ainda é ver as carinhas larocas que colocam em frente aos microfones e câmaras, sem que os jovens saibam o que fazer ou dizer face a esses instrumentos.

Alguns ainda se safam, porque é no duro que se aprende, mas outros que são elevados a pivot apenas fazem com que se mude de canal para não ouvir tanta patacoada.

E passamos agora aos cronistas, outro dos brilhantes que luzem na comunicação social portuguesa. Um dia, numa aula onde estava presente, um aluno disse algo do género para o professor: ‘Na minha opinião…’ ao que o docente respondeu de imediato: ‘Mas quem é você para tecer opiniões?’.

Quando vejo alguns cronistas que abundam nos nossos órgãos de comunicação social e que expelem opiniões sobre tudo e todos, só me apetece dar a mesma resposta daquele excelso professor: ‘Afinal, quem é você para tecer opiniões?’.

Cronista da Mulher Portuguesa: Mª do Carmo Torres

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