Crónica: (Des)Acorrentados das Audiências – Big Brother

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Cronistas da MulherPortuguesa
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A guerra das audiências está aí! Depois de termos assistido à falta de escrúpulos e de massa encefálica do Big Brother, eis que surge o ridículo de umas correntes da estação de Carnaxide.

Audiências – Big Brother

O ‘Big Brother’ terminou, mas voltou à carga pouco tempos depois. A TVI disparou em flecha nas audiências, temos que o admitir, e a SIC não querendo ficar para trás lançou o ‘Acorrentados’. Certo é que as pessoas são coscuvilheiras por natureza, gostam de entrar na privacidade dos outros sem regras ou limites, mas utilizar umas correntes como forma de dar um toque especial a algo que de especial nada tem é, no meu ponto de vista, ridículo.

Come-se com correntes, faz-se as necessidades com correntes e dorme-se acorrentado. O voyeurismo entrou pelas nossas televisões dentro e, por muito que as pessoas se queixem, o certo é que vêem este género de programas. Com correntes ou não…

A convivência, diversão e o não cumprimento de horários, directrizes dos programas voyeuristas, têm as suas vantagens, mas a verdade é que quando se convive demais pode haver chatices, e essas chatices podem passar para ameaças, e daqui passar-se para a agressão física. (lembram-se do célebre pontapé do Marco à menina do iogurte?).

Pois é! Também nos ‘Acorrentados’ as coisas parecem ter começado a aquecer. Quatro rapazes e uma rapariga, a líder e a pessoa que ‘usa as calças lá em casa’, estão dentro de uma casa mas com total liberdade para saírem quando quiserem. 2000 contos é o que podem gastar durante este tempo de permanência na casa. Um espaço com todas as comodidades e com uma cama bem original. (sem dúvida a coisa mais criativa que o programa já mostrou!).

Nuno, Paulo, Daniela, Filipe e Pedro são os cinco acorrentados. Pessoas vulgares, normais, em busca da fama, de um futuro ou de uma viagem? A princípio tudo parecia correr bem, mas nesta semana assistiu-se na televisão a uma verdadeira ‘pega de caras’, aqui sem forcados, entre o Nuno e o Pedro.

Ó meus meninos, tanta discussão para quê? Era de evitar que o Nuno dissesse que o pai tinha ‘muita papel’ porque ninguém tem nada a ver com isso. Era também de evitar que o Pedro demonstrasse a personalidade do típico homem português, do género dado a ‘uns copitos’ (a barriguinha não engana), porque nós tentamos escondê-lo e vocês vêm para a televisão exibi-lo!

A pobre Daniela nunca imaginou que as coisas seguissem aquele rumo, mas uma líder tem que ter pulso firme para todas as situações. Um ultimatum não faz mal a ninguém. Já que falamos na Daniela, queria aqui referir que há coisas que me intrigam bastante. É que com 2000 contos à disposição não há necessidade de se ser assim tão forreta. Sim, porque os acorrentados foram almoçar e a Daniela disse logo que só ia haver 1/2 doses e copos de água para todos. Certamente o homem que com ela ficar vai passar fome!

Mas, se as coisas evoluírem a bom termo, após os excessivos avanços do Filipe, representante alentejano, a Daniela bem que vai ter que alterar essa sua característica. Sim, porque aquele corpinho não se consegue com copinhos de água e meias doses…O último dos 5 acorrentados é o Paulo. Paulo? Mas, está lá mais algum? É que o rapaz de Setúbal raramente abre a boca e, se isso pode ser uma vantagem, pode também vir a representar um ponto contra si. Ele que diga qualquer coisa para, por breves momentos, lhe conseguirmos ouvir a voz.

Os programas de televisão estão restringidos a isto: casas e correntes. E, para que a luta seja semelhante, sem ninguém levar vantagens, as casas são ambas na Venda do Pinheiro. Se observarmos bem, as decorações não fogem muito ao estilo uma da outra e os residentes de ambas as casas compartilham da mesma futilidade, de um espírito alegre, que nas suas representações tende a ser ridículo, e de uma ganância louca pelo dinheiro e conquista amorosa de um parceiro na casa.

Todavia, tenho que referir que do primeiro Big Brother para este a diferença ao nível de postura, cultura, iniciativa para debates, e união entre todos, as coisas estão bem diferentes. Temos dentro da casa pessoas distintas ao nível de ambições e sonhos, mas todas com um espírito criativo muito apurado. Se bem que ainda é muito cedo para dizer-se o que quer que seja, mas expressões como ‘tas a ber’ e ‘que cena meu’ saíram de vez dos microfones da TVI.

O ridículo de andar dependente de umas correntes para onde quer que se vá não me parece ser uma boa solução para captar mais audiências. Como o formato e as bases do programa são muito semelhantes ao do ‘Big Brother’ foi necessário encontrar uma alternativa para marcar a diferença entre eles. Solução encontrada: umas correntes. Digamos que a solução não foi muito feliz. Se o que a SIC pretendia era algo inovador era preferível ter optado por outro género de programas, e assim não teria que estar sujeita a críticas tão severas como as que até aqui têm vindo a acontecer.

‘Acorrentados’ ou ‘Big Brother’ são programas que agradam à maioria do público, mas talvez se houvesse um nível cultural mais elevado no nosso país as coisas não se resumiriam a simples sessões de voyeurismo, onde os telespectadores se divertem com o habitual e vão ao rubro com o acaso. Isto tudo só origina uma ilação: com correntes ou sem correntes, o povo português é realmente sedento de coscuvilhice…

Cronista Mulher Portuguesa: Ana Amante

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