Crónica: Alguém tão especial…

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Cronistas da MulherPortuguesa
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Perceba que a menina de cabelos negros e de olhos castanhos tem um Pai, tal e qual como o seu… Será alguém tão especial?

Alguém tão especial

Foi há tanto tempo… Mas, ainda me recordo. Era noite, escura como nunca se tinha visto. Havia em volta um silêncio irrequieto que, aprisionava a pequena menina de cabelos negros. Doía-lhe o corpo, a cabeça e sabe-se lá mais o quê…

Em volta do seu corpo, aconchegando-a de forma ternurenta, uns braços fortes e robustos, protegiam-na do frio, daquela sensação de agonia que, a menina de cabelos negros não conseguia esquecer. Ali ficou, naquele colo que tão bem conhecia, desde a altura em que, os seus olhos castanhos se abriram para a vida. Era o seu Pai, que ali estava..

Foi há muito tempo… Mas, ainda me recordo. Brincava a criança na rua, na alegria contagiante dos anos das ilusões em que, se acredita que a vida será sempre uma eterna diversão. Pura amarga ilusão! A menina brincava, corria à velocidade da leve brisa envolvente, daquela tarde de Julho. Mas, o solo que pisava pregou-lhe uma rasteira. Derrubou-a e, a menina de cabelos negros chorou convulsivamente. A mesma figura protectora, em seu auxílio. Era o seu Pai, que ali estava de imediato.

Foi há tanto tempo…Mas, ainda me recordo. Sentado numa rocha velha, já gasta, aguardava pacientemente, pela menina de olhos castanhos e cabelos negros. Vislumbrava-a a andar na sua bicicleta nova, ainda timidamente, com receio de uma queda. Mas, ele estava sempre ali, com uma palavra amiga, de braços abertos, pacientemente, a dar conselhos àquela menina. Era o seu Pai, que ainda ali estava.

Desde sempre, há muito e pouco tempo que, a menina se lembra de momentos que, a memória não consegue atraiçoar. Dos ensinamentos sobre as leis da vida, das curiosidades, diversões, das lágrimas e dos sorrisos calorosos, daquele ombro ali ao seu lado… a menina nunca se esquece.

Essa figura masculina esteve sempre lá, fisicamente ou espiritualmente, nos momentos em que as dúvidas eram maiores que as certezas, em que as zangas pareciam superar o calor do amor. No abismo das derrotas, no apogeu das vitórias, nas lágrimas contidas, nas palavras eternas de um instante fugaz. O Pai dessa menina, de olhos castanhos e de cabelos negros, esteve sempre lá.

Alguém tão especial que, dá carinho e ternura. Esse alguém que coloca os filhos, como sua principal preocupação, que dá coragem, força, aconselha e, para todo o sempre estará mesmo ali… ao lado de menina de cabelos negros. A ensiná-la a amar, a viver, a suportar os problemas, depois de já a ter levado a passear, a andar de bicicleta, a secar-lhe as lágrimas, a deitá-la no silêncio das noites.

Esse Pai da menina de cabelos negros e de olhos castanhos, é o meu Pai. O seu Pai. O Pai de todos os Pais do mundo inteiro. Esse homem que a ajudou a trazer ao mundo, a dar-lhe um nome, a ser uma pessoa responsável e lutadora. Esse Homem que fez tudo isto, o possível e o impossível por si, é o seu Pai.

Hoje é o Dia do Pai e, a Mulher Portuguesa, fez questão de assinalar esta data de forma simbólica. Para que no ventre conturbado das suas incertezas e dúvidas quotidianas, perceba que a menina de cabelos negros e de olhos castanhos tem um Pai, tal e qual como o seu… à espera no mínimo, que lhe dê um enorme beijo, neste dia que é o de todos os Pais portugueses e não só.

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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