Museu da Música: Décadas de Cultura Musical

1707
Museu da Música: Décadas de Cultura Musical
Museu da Música: Décadas de Cultura Musical
- pub -

Museu da Música: Décadas de Cultura Musical

Décadas de Cultura Musical

A Directora do Museu da Música, com o curso de Conservadora de Museus, define a música como um conjunto de estados de espíritos, de difícil definição.

Michel’angelo Lambertini, fundador da Grande Orquestra Portuguesa, da Sociedade de Música de Câmara e da Caixa de Socorro a Músicos Pobres, tinha um sonho, desde 1911: criar um Museu de Música. Reuniu cerca de 500 peças, incluindo instrumentos musicais, partituras e peças de iconografia musical. Através de um protocolo assinado entre o Metropolitano de Lisboa e o Instituto Português de Museus, o sonho de Lambertini tornou-se real quando em Julho de 1994, foi inaugurado o Museu da Música, na Estação do Metro Alto dos Moinhos.

O Museu engloba uma exposição permanente de cerca de 130 peças, sob o nome de “Fábrica de sons: instrumentos de música europeus dos séculos XVI a XX”. Do seu amplo e extenso espólio, fazem parte cerca de mil objectos organológicos de diversas proveniências: Europa, Ásia, África, de tradição erudita e popular, percorrendo cerca de quatro séculos de artesanato instrumental.

Para além da exposição permanente, há ainda a realçar outras iniciativas temporárias com o intuito de destacar autores e instrumentos, tal como um conjunto de actividades paralelas à exposição: o restauro de instrumentos, oficinas, a edição de livros e discos, a realização de recitais, conferências e outros eventos. Deste projecto fazem ainda parte, a biblioteca, um serviço educativo e a loja/livraria.

O Museu da Música reúne um vasto leque de raros instrumentos de incalculável valor, como é o caso dos corne ingleses de Grenser e de Grundman & Floth(Leipzig, finais do séc. XVIII) e o de Ernesto Frederico Haupt (Lisboa, meados do séc. XX). De destaque, é também um cromorne do último quartel do séc.XVI, o cravo de José Joaquim Antunes (Lisboa, 1758), os violinos, violeta e violoncelos de Joaquim José Galrão (Lisboa 1760-1794), as cornetas e os trombones de Rafael Rebelo (Lisboa, 1875) ou ainda, as guitarrras de Domingos José de Araújo (Braga, 1812), entre muitas outras relíquias de semelhante destaque.

- pub -

Pelo porte emblemático dos seus possuidores, há ainda que evidenciar, o piano de cauda que Liszt trouxe de França aquando da sua passagem pelo nosso país, o violoncelo de António Stradivari (único instrumento com essa assinatura no nosso país) e que pertenceu e foi tocado pelo Rei D.Luís e o violoncelo de Henry Lockey Hill, que pertenceu à violoncelista Guilhermina Suggia.

Este Museu é proveniente de um acordo realizado entre o IPM (Instituto Português de Museus) e o Metropolitano de Lisboa, que possibilitou a instalação deste espaço subterrâneo de dois pisos. Todos os instrumentos, estão organizados em função do seu género e afinidades organológicas e cronológicas.

No seu interior encontramos várias famílias de instrumentos, relembrando épocas passadas, símbolos e vestígios que retratam o rosto de outros tempos. Harpas e saltérios do século XVIII iniciam este retorno mental ao passado, seguidos de cordofones do séculos XVI e XVII e de bandolins napolitanos do século XVIII. As guitarras inglesas e portuguesas embelezam outra das vitrines, conjuntamente com a viola francesa e a viola toeira, uma viola popular portuguesa da região de Coimbra. No conjunto de cordofones friccionados, vislumbra-se trombetas marinhas, violas da gamba, violas de amor e de braço, entre outros. Um dos restauros excepcionalmente conseguido, é o da espineta italiana que finaliza a série dos cordofones.

Ao longo da exposição deparamo-nos com flautas direitas, de travessa, de bengala, um clarinete e um saxofone soprano. As trombetas naturais, o corneto, o serpentão e o oficleide, são verdadeiras relíquias, raramente tocadas nos dias de hoje e que, compõem este vasto e memorável espaço de cultura musical.

O cravo de José Joaquim Antunes( Lisboa, 1758) é uma das mais destacadas relíquias, um instrumento de cordas com teclas, muito semelhante a um piano, mas com uma técnica diferente já que, o que toca as cordas não é um martelo, produzindo assim, uma sonoridade muito mais suave. O cravo continua ainda a ser tocado, encontrando-se em perfeitas condições sonoras.

. pub .

Esta é uma das preciosidades preferidas da Directora do Museu da Música, Dra. Helena Ferraz Trindade, que desde o início acompanhou o nascer e o desenvovimento do Museu. Ligada ao Instituto Português de Museus foi convidada pela Directora para apoiar e participar, em vários projectos da Lisboa-Capital da Cultura, em 1994.

Feito e acordado o protocolo com o Metropolitano de Lisboa em 1993, as obras do Museu tiveram o seu início em 1994, acabando Helena Trindade por permanecer na direcção deste espaço.

O Museu da Música privilegia, para além da exposição permanente, exposições temporárias. Em 1995, realizou-se uma exposição dedicada à passagem de Liszt por Lisboa e também outro evento em homenagem ao compositor e pianista José Viana da Mota.

Outra exposição que, ainda se encontra no Museu da Música, é a exposição dedicada à iconografia musical na pintura. Há ainda outras actividades, como é o caso dos recitais, que em 1999 foram cerca de 80, o lançamento de livros musicais, a realização de oficinas de expressão musical para as crianças e desenvolvem-se e orientam-se trabalhos e estágios de museologia, de conservação e restauro. Estas compõe uma série de iniciativas, que complementam a investigação aprofundada dos instrumentos, dos músicos, compositores, das grandes personalidades e peças instrumentais que marcaram toda a história da cultura musical.

Este ano o Museu da Música está a preparar uma exposição que tem como destaque os 50 anos do jazz em Portugal e, outra exposição, que terá a sua inauguração em Estremoz, pretendendo homenagear o cantor lírico Tomás de Alcaide. Em função do fado, o grande e emblemático género musical português, está previsto que em 2001, venha a ser realizada uma exposição dedicada à guitarra portuguesa e a todos os grandes mestres deste instrumento.

O Museu da Música conta com o apoio financeiro do Instituto Português de Museus e de pequenos orçamentos , através de patrocínios de algumas empresas, no âmbito de iniciativas mais dispendiosas.

O público que visita o Museu, é essencialmente estudantil, proveniente de diversas escolas, e pessoas ligadas ao universo da música, muitas delas de origem estrangeira. Com alguma formação musical no âmbito do piano e da flauta, a Directora do Museu da Música, com o curso de Conservadora de Museus, define a música como um conjunto de estados de espíritos, de difícil definição, provocando sensações diferentes, consoante o instrumento e o tipo de música.

Infelizmente, o público português não tem uma grande afinidade pelas visitas aos museus, de forma que é fundamental criar uma boa propaganda, tendo em conta que o espaço onde o mesmo se encontra não é muito favorável para a sua divulgação. Certamente, se o mesmo se situasse junto ao Museu dos Coches ou próximo do Mosteiro dos Jerónimos, a sua afluência seria muito superior à actual.

Os instrumentos que se encontram no Museu da Música, tiveram muitos deles que sofrer restauros, permitindo que os mesmos pudessem ser novamente tocados. Assim, um conjunto de músicos possibilitou a gravação de um CD, intitulado por: “Fábrica de sons/Sound Makers- instrumentos históricos do Museu da Música de Lisboa”. O aspecto fulcral deste CD, centra-se no facto de se ter dado uma extensa importância e notabilidade, a várias peças inéditas de compositores portugueses dos séculos XVII a XX. Logo, é possível escutar através de um CD, a sonoridade característica de cada um dos 130 instrumentos, que compõe a exposição permanente do Museu da Música.

Este espaço é uma verdadeira rota pelo passado musical, não só português, mas também estrangeiro. Nas suas amplas salas encontra-se obras de arte autênticas, com o peso das décadas na sua forma e rosto. Muitos dos instrumentos musicais, concebidos em madeira, enaltecem na sua extremidade rostos e figuras simbólicas da época, minuciosamente construidos.

O culto da religião e a adoração pelos anjos, é neste espaço impecávelmente retratado, através da pintura ou de peças de cerâmica. Uma mistura de tons, formas e situações, transmitindo sempre uma componente musical, estão aqui bem marcados, através de imagens que mostram anjos a tocar vários instrumentos, ou de mulheres que simbólicamente tocam harpas.

Uma visita pelos séculos passados, guiada por uma vasta diversidade de sons, pode ser observada e ouvida de Terça a Domingo, das 13.30 às 20 horas. Uma deslumbrante e variada beleza visual e auditiva, a não perder no Museu da Música de Lisboa, na estação do Metro de Alto dos Moinhos.

Classificação
A sua opinião
[Total: 0 Média: 0]
- pub -