O Amor de Portugal

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O Amor de Portugal
O Amor de Portugal

O Amor de Portugal

Amores, desamores, lendas e contos, pedras ou monumentos, Portugal tem um pouco de tudo ligado aos namoros e namorados. Numa rápida pesquisa, encontrámos alguns pontos do país onde o amor parece ter ido mais longe do que um simples sentimento.

Em pleno coração do Alto Minho, a uma distância de 39 Km de Viana do Castelo (capital de distrito), e a 33 de Braga fica a vila de Ponte da Barca, terra de pitorescas lendas e nobres tradições, uma das mais características desta paradisíaca margem esquerda do Rio Lima (o Lethes dos Romanos – o rio do esquecimento). Aqui vamos encontrar uma pedra em granito muito especial, ‘chamada por pedra dos namorados’ encontrada na antiga ermida de Ponte da Barca e actualmente em exposição na casa Museu Mário Soares.

Seguimos para sul. Estamos em plena Beira Baixa, com a Serra da Estrela por perto. O lugar de Torre dos Namorados, mais conhecido por Quintas da Torre localiza-se na região centro interior de Portugal num vale situado entre as cordilheiras das serras da Gardunha e da Malcata. Está situada na extremidade Este do concelho do Fundão numa zona de confluência de limites de concelho da raia: Penamacor e Idanha-a-Nova.

Torre dos Namorados A propósito da Torre dos Namorados existe uma lenda curiosa: certo alcaide ou governador mouro tinha uma filha, cuja posse era disputada por dois mancebos. Não sabendo a qual deles a devia dar, disse-lhes que ela seria de quem primeiro acabasse a obra que os ia incumbir.

Um havia de construir uma torre, e o outro um tanque e o respectivo aqueduto. Estabelecidas as condições em que estes trabalhos tinham de ser feitos, começaram as obras mas terminaram exactamente ao mesmo tempo. E como o pai lhes dissesse para aplicarem a lei de Salomão em relação à rapariga, dividindo-a entre eles, assim o fizeram. Fugindo a moça para longe, foi perseguida pelos dois bárbaros que logo que a alcançaram a cortaram ao meio pela cintura no sítio que hoje se chama Mata da Rainha.

Em relação à suposta torre, diz José Germano da Cunha, em livro existente na Biblioteca Municipal do Fundão que ainda no século XIX ouvira falar dela, “muito alta e com seteiras”.

Quanto à cidade em que vivia a princesa, conta-se que definhou mas o lugar em que haveria de transformar-se manteve, até hoje, o nome de Torre dos Namorados em memória do amor que nutriram por uma princesa dois jovens enamorados.

Mais para o sul, em Reguengos de Monsaraz encontramos o menir da Rocha dos Namorados, situado a cerca de seis quilómetros da povoação. Trata-se de um menir com cerca de 2 metros de altura, cuja forma faz lembrar um cogumelo e que foi adoptado como a pedra da fertilidade. O menir encontra-se crivado de ‘covinhas’, apresentando também um cruciforme e o seu topo está juncado de pedras, que lhe são atiradas , principalmente por raparigas, na segunda-feira de Páscoa, num ritual de origem pagã, ligado ao culto da fertilidade e à adivinhação, dado que se atribui a cada pedra lançada e que caia ao chão, um ano de atraso no casamento.

No tempo do cristianismo foi convertido em ‘passo’ das procissões de seca que tinham lugar entre a ermida de Nossa Senhora do Rosário e a Aldeia do Mato (actual S. Pedro do Corval).
Saindo do território continental, vamos encontrar a ‘Boca dos Namorados’, uma zona da ilha da Madeira onde se desfrutava uma das mais bonitas vistas e que constituía, juntamente com a Boca da Corrida, a Quinta do Jardim da Serra, o Pico da Torre e o Cabo Girão uma das mais importantes referências turísticas do concelho de Câmara de Lobos.

Hoje completamente relegado ao abandono, a Boca dos Namorados viveu anos áureos sendo mesmo um dos pontos de visita obrigatória de estrangeiros. Na serra da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos e sobranceiro ao aprazível sítio do Jardim da Serra, fica o Pico dos Bodes, em cujas imediações se encontra a Boca dos Namorados, que é um dos pontos da Madeira donde se descortinam os mais belos e vastos panoramas.

A origem do nome é desconhecida mas o poeta camara lobense Joaquim Pestana, num dos seus escritos de 1879 deixa uma explicação curiosa acerca do nome: ‘Diz a tradição que para ali viera um sujeito, por nome Pêro, que se enamorara duma linda menina chamada Ignez. Como Pêro não lhe pudesse falar a cada momento, em razão de viver separada por aquele abismo, fazia, qual outro Leandro, acordar aqueles vales com o doce nome de – Ignez! que sempre lhe era correspondido com o nome de – Pêro!’. Verdade ou não, o nome romântico está decerto ligado com algum momento de amor que ali teve lugar.

E como nem só de monumentos é feita a história dos amores, também uma feira tem lugar sobre esse epíteto. Todos os dias 6 de Janeiro, em Vila do Conde, tem lugar a Feira Grande ou dos Namorados, que reúne muitas pessoas das localidades vizinhas.

Como pode constatar, o dia dos namorados ou a celebração do amor, não acontece apenas no dia 14 de Fevereiro, mas conta também com uma tradição de séculos no nosso país. Não podemos apresentar todos os pontos do país em que se procura a sorte do amor, onde cruzeiros, monumentos ou simples pedras servem para criar lendas onde a fé é mais forte. Mas se olhar em seu redor, de certo que irá encontrar um espaço onde o amor tem tradição, seja uma pedra ou um banco de jardim.

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