A tradição do bolo rei, descubra o brinde ou a fava

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A tradição do Bolo Rei
A tradição do Bolo Rei

A tradição do bolo rei nas mesas de Natal portuguesas nasce pelas mãos de Baltazar Rodrigues Castanheiro Júnior, herdeiro do fundador da Confeitaria Nacional, que na segunda metade de 1800 terá trazido esta receita de França, em conjunto com o mestre pasteleiro Gregório.

Em França esta tradição terá surgido no tempo de Luís XIV para comemorar as festas de Ano Novo e Dia de Reis sendo conhecido como Gâteau des Rois.

Apesar de ter passado um período difícil, tendo sido inclusivé proibido durante a época da revolução francesa, a imaginação dos pasteleiros foi mais forte que as proibições e este bolo passou a ser nomeado como Gâteau des sans-cullottes (bolo sem calcinhas brincando com as indumentárias francesas)

A tradição do bolo rei

Ainda hoje, a montra da Confeitaria Nacional mantem a tradição e é um regalo para os olhos na quadra natalícia, com construções de açúcar e amêndoa, de bolos, lampreias e outras fantasias onde reina o bolo rei.

Inicialmente o tradicional bolo rei oferecia como brinde uma libra em ouro, mas nos tempos de maior contenção, a libra passou a pequenos objectos de cerâmica ou lata ou uma fava.

Aos poucos, outras confeitarias passaram também a confeccionar este bolo, dando origem a várias versões da receita. Em comum apenas o brinde ou a fava.

Em 1890, esta receita surge no Porto na Confeitaria Cascais. Vendido inicialmente apenas na véspera do dia de Reis, e com uma receita trazida de Paris pelo proprietário da confeitaria, Francisco Júlio Cascais, mais tarde passou a ser confeccionado quase todos os dias do ano.

Censura ao bolo rei

Também em Portugal, a presença do bolo rei na mesa dos portugueses nem sempre foi pacífica, tendo sido vítima de censura durante os tempos algo conturbados da República e tendo sido anunciado o seu total desaparecimento devido ao título que o nomeava.

Para fugir à censura, os pasteleiros começaram a mascarar o bolo rei com outros nomes: Bolo de Natal, Bolo de Ano Novo, Bolo Nacional e os mais radicais optaram mesmo por lhe colocar o nome de Bolo Presidente ou Bolo Arriaga.

O brinde ou a fava do bolo rei

Quem nunca comeu uma fatia de bolo com a ânsia de descobrir o brinde ou o receio de dar com os dentes numa fava?

O costume de colocar um brinde e uma fava dentro do Bolo Rei nascia com o culto dos Mortos, onde a alma teria de atravessar o rio e entregar uma moeda ao barqueiro Caronte.

Por esta razão, os primeiros brindes eram moedas mais ou menos valiosas.

Quanto à fava, não há outro remédio e o ‘achador’ teria a responsabilidade de comprar o bolo rei no ano seguinte.

A sua origem estará num ritual romano, em que o rei da festa do banquete das Saturnais era eleito através de sortes tiradas com favas.

O bolo dos reis

O dia de Reis é o último dia da Epifânia (o período que vai desde a data do nascimento de Cristo até à chegada dos Reis Magos a Belém) e comemora-se a seis de Janeiro com a chegada dos três reis, Gaspar, Baltazar e Melchior que, seguindo a estrela de Belém, chegaram até ao menino Jesus levando ouro, incenso e mirra como presentes.

Decorridos dois mil anos, a tradição de comer um bolo rei do dia de Reis ainda é obrigatória.

Experimente o bolo rei

Agora que conhece a história e a tradição do bolo rei, certamente ficou com vontade de saborear uma fatia. Descubra como confeccionar esta iguaria centenária e uma receita do bolo rei.

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