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Um país de cócoras que detesta os espanhóis

Cronistas da MulherPortuguesa
Cronistas da MulherPortuguesa

Detesto os espanhóis. Lamento mas é verdade. De facto, não é bem verdade, porque os espanhóis nem existem.

Admiro os catalães, adoro os galegos, tão iguais a nós em tudo: arquitectura, gastronomia, língua, maneira de ser (por isso são os mais apagados de todos …), nutro simpatia pelos bascos como povo que não desiste de lutar (embora possa discordar dos métodos) e que deve ter nos genes a outra costela do Afonso Henriques, por isso, espanhóis… quem são?

Um país que detesta os espanhóis

Claro que a hegemonia que os castelhanos sempre procuraram, utilizando a denominação dos romanos de península hispânica, consolidou-se ao assenhorearam-se da palavra. Têm-na vendido bem, principalmente desde o século XV. Mas nunca se mostraram tão pujantes como agora. Para eles a União Europeia foi um bom presente. Souberam tirar bom partido dela.

Nada e criada no cantinho portucalense, orgulhosa de que ainda me corra nas veias alguns resquícios do grande Afonso Henriques, conterrânea da Maria da Fonte, como posso entender, aceitar e pactuar com um grupo de indivíduos, que, por acaso, estão ao leme de Portugal, mas que a história e o decorrer do tempo fará cair no esquecimento, e que estão a destruir 8 séculos de orgulhosa independência!!!

De facto, eles nem têm culpa. Nasceram e foram criados numa geração cheia de ideais que agora são completamente obsoletos e oscilam entre dois pólos tal como se estivessem numa plataforma olhando tontamente ora para o vaivém espacial ora para o comboio a vapor, sem saber qual escolher. Isto é, pretendem a todo o custo apanhar o comboio rápido da União Europeia que exige uma mentalidade capitalista quase desumana, mas estão ainda amarrados a utopias de transformação gradual de mentalidades e de solidariedade. Será que não encontram o meio termo?

Agravando o facto da sua educação ter decorrido num sistema que os transformou em cobaias sucessivas de experiências, sem qualquer objectivo que não fosse o de tirar um curso e ter padrinhos para alcançar os tais “jobs”. Os castelhanos não fizeram nada disso.

Mudaram de sistema tal como nós e, durante o mesmo quarto de século apresentaram apenas 3 rostos: Franco, Gonzalez e Aznar. Suarez foi uma mera passagem semelhante ao nosso Marcelo Caetano. Por cá, apenas ficou um rosto: Salazar. Os outros? Mário Soares não deixou marcas no governo, embora tivesse sido um bom presidente. Cavaco lutou mas cometeu muitos erros, inerentes à sua própria personalidade.

O que parece é que em Madrid houve sempre um objectivo: desenvolver o país, independentemente da cor politica. Com o país em 1º lugar sempre o colocaram acima das directivas europeias fazendo ouvidos moucos quando não lhe eram benéficas.

Por cá, já toda a gente sabe o que aconteceu. Guerilhas políticas, mas principalmente um desatino na educação das sucessivas gerações. O resultado vê-se. E teima em continuar.

Enquanto no país vizinho se decreta com vista à supremacia e mais desenvolvimento, por cá os políticos deleitam-se a auto-destruir-se. A razão principal desta situação é que não temos líderes fortes e convincentes. Madrid não hesita em expulsar os imigrantes, no entanto tem milhares de desempregados. O salário mínimo será quase 3 vezes superior ao nosso e provavelmente o subsidio de desemprego dá para viver melhor do que nós com o ordenado mínimo.

Nós, magnânimos, acolhemos todos os imigrantes. Tudo bem. Mas e os cidadãos portugueses, que são explorados até ao tutano e obrigados a viverem em condições miseráveis, quem os defende?

Somos um país estranho. E naturalmente há que aproveitar o desnorte, devem pensar os castelhanos. Dominam na área económica, o que hoje em dia significa também igual poder político, dominam grande parte dos nossos recursos vitais.

É urgente não escamotear a situação. È urgente repensarmos o nosso futuro. É fundamental alterarmos a nossa mentalidade de pequenez, de “coitadinhos”. Há que investir nas novas gerações. É preciso trabalharmos para e com os nossos alunos mais capazes. É urgente obrigar o Governo e o Ministério da Educação a legislar e a formar os docentes na área da sobredotação. Temos recursos humanos de grande valor.

Recorramos a eles, caramba!! É uma questão de sobrevivência nacional!!! Será difícil de compreender pelos nossos políticos? Serão assim tão não-dotados? Todos???!! Aprendam, neste aspecto, com a política espanhola nesta área, que começou há meia dúzia de anos (e nós há 15) e já vão realizar a Conferência Mundial de Sobredotação, em Agosto próximo em Barcelona. Com todo o apoio do Governo!!! Com os olhos no futuro. Sem complexos nem preconceitos!!!!

Manuela Freitas
Lisboa / Mealhada
Telemóvel: 96 60 88 321

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