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Armanda Passos na Cooperativa Árvore

Armanda Passos na Cooperativa Árvore
Armanda Passos na Cooperativa Árvore

Para assinalar os 25 anos de actividade artística de Armanda Passos, a Cooperativa Árvore inaugura hoje, dia 12 de Outubro, pelas 22:00, uma exposição que reúne 25 peças da autora. Os cerca de 25 óleos sobre tela, 11 dos quais com 180 x 200 cm, que constituem a mostra têm a acompanhá-los um catálogo com arranjo gráfico de Humberto Nelson e um texto de Vasco Graça Moura, intitulado Armanda Passos ou o gineceu das estranhezas. Esta exposição estará presente até ao dia 4 de Novembro

Neste texto, de Vasco Graça Moura, fala-se de uma “presença mágica nesta pintura, de ocultações e desvendamentos oníricos entre mulheres e monstros, esfinges e sáurios, harpias e cobras, camponesas e ratazanas, “Papagenas” e pássaros, tudo num processo de metamorfose em que os seres engendrados pelo imaginário à solta irrompem do chão e dos cantos, entre braços e pernas, na sequência de um gesto, no proporcionar-se de uma posição, junto a um peito ou a um regaço, ante a indiferença dos rostos ou a inexpressividade das máscaras, com o à-vontade de uma presença “natural” e como se não pudesse tratar-se de outra coisa, nem outra coisa representar-se.”

“Criaturas inocentes ou perversas, as mulheres são deste mundo e os monstros também e às vezes partilham porventura a mesma ambígua natureza. Mas, ao lado desta série de grandes superfícies predominantemente vermelhas, há outras mulheres, encapsuladas, metidas numa espécie de embalagens de couro, metal, correias e cabos, em que a estridência das cores está ausente e as formas pendem ou baloiçam como se alguma grua invisível estivesse a erguê-las como peças de uma carga inútil destinada a paragens cósmicas.

Nessas representações, raramente há monstros à espreita, talvez porque a própria monstruosidade estará na própria constrição mumificante e redutora que as prende. Agora, nos polípticos, alternam umas situações e outras, como que a dizer-nos que os pólos são entre a prisão e a liberdade da mulher.”

Hoje, vai ser também apresentado o livro Armanda Passos – Desenhos, que inclui o texto O Reino da Sonolência, de Mário Cláudio. Desenhos contém perto de 70 reproduções de trabalhos em que a mulher surge como figura principal de todo o imaginário criativo de Armanda Passos.

Algo que é bem vincado por Mário Cláudio no seu texto: “Eu digo que as mulheres projetam o mundo. Entronizadas em sua robustez, identificam o império e a antiguidade do cargo, exercido a partir de um núcleo de chamas, encoberto nas dobras do manto imenso. (…)

“Eu digo que as mulheres projetam o mundo. Surgem de todo o quadrante, não existe de facto quem lhes conquiste o terreno. (…)Em torno dos dedos vão enrolando as franjas, tão tímidas no conceito dos ingénuos de enigmas como ameaçadoras na suspeita dos tíbios de coração. Despojam-se dos xailes, abraçam os filhos, saboreiam devagar o melaço da língua. Eu digo que as mulheres projectam o mundo.”

Armanda Passos

Nasceu em Peso da Régua, mas vive e trabalha no Porto. Tirou o Curso de Artes Plásticas da Escola Superior de Belas-Artes do Porto, foi monitora da tecnologia de Gravura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, entre 1977-1979, e membro do grupo “Série” Artistas Impressores.

Conta já com mais de 20 exposições individuais e outras tantas colectivas. A presente exposição, que assinala os seus 25 anos de carreira artística, estará patente na Cooperativa Árvore, no Porto, até 4 de Novembro.

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