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Superstições, quem não as tem?

Superstições

Num momento tão importante como o casamento, tudo tem de estar a postos. E, neste caso, a tradição ainda é o que era… Por exemplo, a crença de que a noiva deve usar alguma coisa nova, alguma coisa velha, outra emprestada e outra azul. Isto tudo para quê? Para, simplesmente, ter sorte. Além disso, e de maneira a atrair dinheiro, convém colocar sempre uma moeda dentro do sapato.

Mas há mais… Os noivos só se devem ver no momento da cerimónia e, para chamar a sorte para a vida do casal, não há nada como atirar arroz ou pétalas à saída da igreja.

Só superstições, diríamos… Mas a verdade é que, apesar de acreditarmos ou não, todos nós seguimos estas pequenas regras – é o futuro que está em causa, por isso mais vale prevenir do que remediar.

Falemos, então, de superstições… Sabia que Napoleão tinha um medo terrível de gatos ou que Sócrates vivia aterrorizado pelo mau olhado?

As superstições são, nada mais nada menos, do que crenças populares cuja origem se encontra no confronto diário do Homem com as forças sobrenaturais, com o inexplicável. Estas forças ocultas são vistas como capazes de interferir na vida humana, ameaçando os mais desprevenidos e pondo em causa a sua própria felicidade.

Perante este desconhecido, o Homem precisa de se sentir seguro, de ter a ideia de que consegue controlar aquilo que foge ao seu alcance. Desta maneira, muitos especialistas defendem que as superstições correspondem à necessidade de uma crença que dê sentido a tudo aquilo que não compreendemos. E desde quando é o Homem supersticioso?

Superstições, tão antigas como o Homem

Para o escritor Charles Panati, as primeiras superstições datam de 50.000 anos a.C. e, segundo tudo indica, parecem ter tido origem no Homem de Neanderthal da Ásia Menor. Porquê?

Diariamente o homem primitivo tinha de enfrentar uma série de perigos. Para combater esse caos, desenvolveu várias crenças que o ajudavam a proteger das más influências. E estas mesmas crenças foram sendo, ao longo da História, adaptadas às diferentes necessidades sociais de cada civilização.

Resultado: hoje ainda cá andam. Poderia-se pensar que a evolução do Homem iria conduzir à progressiva redução da crença nestas superstições… Mas não – apesar de terem perdido grande parte do seu carácter religioso, as superstições continuam a existir em sociedades tão desenvolvidas como a japonesa e a alemã.

A sociedade actual continua a criar novas superstições todos os dias, porque o Homem nunca será um ser totalmente racional. Além disso, não podemos falar de povos mais supersticiosos do que outros, mas sim que cada cultura tem as suas próprias crenças e costumes. Por exemplo, os habitantes da América do Norte são especialmente supersticiosos em relação à sexta-feira 13 ou ao mau olhado.

Viajemos ainda até Macau…

Aqui começar o ano com dívidas dá azar – é só ver os macaenses, perto do final do ano, a correrem aos bancos para pagarem o que devem. Se algum familiar tiver o azar de morrer nesta mesma altura do ano, é normal só enterrar e chorar o defunto depois das festividades. Tudo porque se deve começar o ano com alegria, de maneira a atrair a prosperidade e a sorte.

Gatos pretos, espelhos, ferraduras…

A grande parte das superstições, que ainda hoje se mantêm vivas, tentam explicar a má sorte dos seres humanos. É o caso da crença de que se partir um espelho, temos sete longos anos de azar.Mas existem outras que reconhecem a existência de forças protectoras, capazes de controlar os imprevistos do futuro.

A ferradura, por exemplo… Responsável pelo espantar dos maus espíritos, pela expulsão da feitiçaria ou pelo afastar da morte, este objecto é considerado por muitos como um verdadeiro amuleto.

Outras culturas atribuíam-lhe ainda outros significados… Em Marrocos, por exemplo, a ferradura era usada para curar a impotência sexual – o doente devia beber a água que tivesse banhado, durante 7 dias consecutivos, este objecto.

Já na zona oriental da Rússia, o ferreiro era considerado como um praticante da magia branca. Muitos casamentos eram, aliás, celebrados sobre as bigornas de ferrar. Mas, há falta de ferraduras, os supersticiosos encontram com facilidade outro tipo de amuletos.

Exemplos? Uma figa, um trevo de quatro folhas, um ramo de arruda, um pé de coelho ou um crânio de boi numa fazenda prometem trazer boa sorte a quem os usa. Receitas para atrair dinheiro também são muitas: colocar sementes de romã na carteira é apenas um de entre os inúmeros exemplos.

Listas e listas de superstições… Encontrámos algumas bem divertidas:

  • Abrir o guarda-chuva dentro de casa atrai a chuva.
  • Casa de esquina, ou morte ou ruína.
  • Chuva e sol, casamento espanhol.
  • Cós de saia arrebentado, noivo tomado.
  • Doente que espirra, não morre no dia.
  • Galo a cantar ao princípio da noite, sinal de que estão raptando uma moça.
  • Galo a cantar fora de horas anuncia novidade na manhã seguinte.
  • Homem narigudo, poucas vezes cornudo.
  • Colocar clara de ovo para Santa Clara, faz parar a chuva.
  • Comer carne com peixe faz as orelhas crescerem.
  • Mancha branca nas unhas é sinal de andar a mentir.
  • Rapariga que se senta no canto da mesa fica solteira.
  • Muita cera no ouvido traz riqueza.
  • Quem apontar para a Lua cria verrugas na ponta do dedo.
  • Quem primeiro perde a aliança, primeiro morre.
  • Visita que abre a porta na saída não torna a voltar.
  • Quem derruba um garfo recebe visita masculina.
  • Se há roupa do avesso no quarto onde se dorme, pesadelo na certa.
  • Quem corta as unhas a um bebé ainda não baptizado, faz com que ele se torne lobisomem.
  • Quando se fala mentira, com os dedos cruzados, Deus não castiga.
  • Mas como é que se formam estas superstições? Como é que se estabelece uma ligação entre um simples trevo de quatro folhas e a sorte? Deixamos alguns exemplos…
  • Varrer os pés de uma pessoa solteira significa que ela não vai casar.
  • Esta crença tem origem na associação da figura da bruxa com a vassoura, como seu instrumento de deslocação.
  • Derramar sal.

Símbolo da amizade desde a Antiguidade, deve-se atirar uma pitada de sal sobre o ombro esquerdo para manter um grande amigo.

Gato preto.

Com a Igreja Católica, o gato passou a ser identificado com as actividades de bruxaria e com o próprio Diabo. Esta crença levou a que muitos animais fossem, simplesmente, queimados durante a Idade Média.

Partir um espelho traz sete anos de azar.

Elemento mágico da adivinhação, o espelho era um instrumento de grande importância para afastar os maus espíritos.

Número 13.

Acredita-se que se, numa mesa, estiverem treze pessoas, a mais nova morre antes do ano acabar. Tem origem na Última Ceia de Cristo.

Trevo de quatro folhas.

Já no século 2000, os druídas das Ilhas Britânicas pensavam que com o trevo podiam ver e enfrentar os demónios.

Quadro torto ou que caia da parede onde está pendurado.

Na Grécia Clássica, acreditava-se que a queda de um retrato de um grande senhor significava que este iria morrer dentro em breve. Como se pode ver, as raízes das superstições remontam aos primórdios do Homem e estão ligadas a costumes, a tradições, à própria evolução da sociedade. Apesar de todos os avanços científicos, as pessoas continuam a evitar passar debaixo de uma escada ou abrirem um chapéu-de-chuva dentro de casa.

Qual não é o jogador de futebol que não tem os seus rituais antes de entrar no campo? Quantas pessoas não têm um objecto que consideram dar sorte? As superstições vieram para ficar…

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