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A infertilidade pode conduzir a um estado da depressão

Infertilidade pode levar a um estado de depressão
Infertilidade pode levar a um estado de depressão

Tem o insucesso do tratamento da infertilidade algo a ver com os estados de depressão, a elevada ansiedade, a raiva e a frustração porque que passam os casais em tratamento?

A infertilidade e a depressão

Este é o tema de estudo de Cristina Maria Rodrigues Oliveira, que realizou uma monografia sob o título ‘A cegonha que nunca mais chega – Tipos de reacção à frustração entre homens e mulheres em consultas de infertilidade’.

Esta aluna do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, optou por realizar um estudo sobre as reações de frustração dos casais em consultas de infertilidade na Maternidade Alfredo da Costa e no Hospital de Santa Maria segundo o Teste de Frustração de Rosenzweig, um teste de projectivo temático que emprega desenhos como estímulos, com o propósito de favorecer a identificação por parte do sujeito e a sua restrição aplicada ao estímulo.

A partir de inquéritos levados a cabo com uma amostra de 15 casais em consultas de infertilidade em comparação com a população em geral, as conclusões foram algo surpreendentes.

Nos casais nesta situação, são os homens que assumem uma atitude mais passiva de controlo da agressividade, o que também os torna mais vulneráveis às agressões do exterior, o que não acontece nos casos de infertilidade feminina, em que a mulher tem uma maior tendência para reagir de acordo com a defesa do seu ego.

Desta forma, o trabalho de investigação revelou que as mulheres têm mais dificuldades em negar as frustrações sentidas e apresentam uma recusa em reconhecer a sua responsabilidade nos conflitos com os outros, em especial no caso de mulheres inférteis, ao contrário do que acontece com os homens. As reacções a situações de frustração da vida corrente, observados durante as consultas de infertilidade, são também diferentes em ambos os sexos.

A tendência para atitudes de conciliação, passividade e resignação levam à redução dos comportamentos agressivos, indicando que os indivíduos que revelam infertilidade procuram resolver os problemas de modo conciliatório sublimando a agressividade, socializando-a ou evitando-a, o que revela também um enorme auto-controle.

No caso das mulheres, a agressividade é um comportamento mais notado revelando mais desordens de personalidade agressivas em relação aos seus parceiros, comportamentos que se revelam mais quando não há um conhecimento concreto acerca das causas da infertilidade.

Por outro lado, nestes casais foi notada uma diminuição da tendência para a auto-agressão, responsabilização pessoal e o reconhecimento de culpa face à média da população em geral, o que manifesta uma maior dificuldade destes indivíduos em lidar com a culpa, que tem como função combater a depressão.

No entanto, quanto mais vezes o casal se submete a tratamentos para a cura da infertilidade, maior tendência terão para voltarem a censura e a culpabilidade contra si mesmos.

Neste sentido, os homens admitem a culpa por inteiro, não apresentando circunstâncias atenuantes ou inevitáveis, ao passo que as mulheres admitem a sua culpabilidade mas negam a sua totalidade invocando precisamente circunstâncias atenuantes.

A investigação aponta ainda para que os sujeitos não apresentam, perturbações de âmbito patológico quando comparados com a população em geral, embora se caracterizem por diferentes tipos de reacções às frustrações próprias, com maior incidência sobre algumas reacções específicas embora não patologicamente diferentes do resto da população.

Os casais em estudo apresentaram ainda uma dificuldade em negar a frustração sentida ou em tirar partido das situações, o que revela a necessidade de resolução das mesmas, e aponta para ser esta uma das razões que leva os casais a preservarem o desejo de conseguirem ter um filho biológico, submetendo-se assim a todos os tipos de tratamento possíveis, embora estes casais tenham apresentado um menor empenho pessoal em resolver os problemas por si mesmos.

Estas tentativas podem ser explicadas pelo desejo de afirmarem perante eles mesmos que tentaram tudo o que era possível para a resolução desse problema.

Por outro lado, demonstram ter pouca paciência para esperar que os problemas se resolvam com o tempo o que os pode levar a desistir rapidamente dos tratamentos quando os resultados não são favoráveis, o que também não facilita a tomada de posição para resolver o caso noutro sentido, como através da adopção de uma criança.

A componente depressiva é, na opinião do estudo, um dos factores mais importantes para o insucesso dos tratamentos, tanto mais que existem vários casos registados a nível mundial de casais que, após abandonarem definitivamente os tratamentos e toda a esperança de terem um filho biológico, engravidam espontaneamente, ou seja, após deixarem para trás as preocupações relativas ao processo e abandonam os seus sentimentos de culpa, vergonha e inferioridade.

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