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Mary Shelley, a mãe de Frankenstein

Mary Shelley
Mary Shelley

Mary W. Goldwin (Mary Shelley) era filha única de Mary Wollstonecraft, a primeira voz a levantar-se a favor do feminismo em Inglaterra e de William Godwin, filósofo e novelista, que abandonara a vida eclesiástica a favor da escrita.

O casal era aberto a todas as novas ideias que surgiram nesse século, apaixonados pela época romântica que se vivia e com ideias de extrema esquerda, mas a felicidade durará pouco tempo. Mary Wollstonecraft morre de febre puerperal ao dar à luz a sua segunda filha, Mary Shelley.

William viria a casar mais tarde com uma vizinha Mary Jane Clairmont, com dois filhos e de quem tem mais um filho, a juntar-se a Mary Shelley e à primeira filha da falecida esposa, Fanny. Mas este número de crianças iria aumentar com o nascimento de Allegra, fruto de uma relação entre Mary Jane e Lord Byron.

Mary Shelley nasceu durante o oitavo ano da Revolução Francesa e desde a infância foi tratada como um ser individual, ao contrário das convenções para a educação de crianças que se mantinham nessa altura. Os pais depositaram nela grandes esperanças e foi sempre tratada como se tivesse nascido sob o signo de uma estrela da sorte. O seu nascimento aconteceu num dia de variados fenómenos climatéricos, em que o calor alternava com a chuva.

Desde tenra idade se viu rodeada por famosos filósofos, escritores e poetas, que visitavam a casa dos pais. Entre eles encontravam-se Coleridge, Charles Lamb e Byron.

A mãe de Mary morreu bastante cedo e ela acompanhava o pai na visita diária ao cemitério de St. Pancras, onde este a ensinou a ler e a escrever o seu nome, soletrando as letras gravadas na lápide da mãe.

Aos dezasseis anos, Mary partiu para viver o seu amor com o poeta Percy Bysse Shelley, de vinte e um anos, o que levou a que mesmo o seu pai a criticasse.

Percy era um herdeiro rico, mas revoltado contra a educação e a sociedade da época. Extremamente nervoso, e imaginativo, recorria ao ópio e à aspirina para controlar os nervos, o que se viria a tornar um vício.

Após se terem conhecido, partiram em viagem para a Europa, não sem antes terem trocado juras de amor eterno perante o túmulo da mãe de Mary Shelley. E apenas se poderiam ficar por isso, uma vez que Percy era casado.

As primeiras páginas de “Frankenstein” surgem em 1816, na casa de Lord Byron em Genebra, onde se reunia uma tertúlia de escritores e poetas. Numa noite foi lançado um desafio por Byron, após a leitura ao serão de uma colectânea de histórias góticas alemãs.

Nesse ano, Mary passa por vários desgostos, com o suicídio da sua meia irmã Fanny e da mulher de Percy, Harriet.

Embora contra vontade de ambos, Mary Shelley e Percy casam-se mas têm de partir para a Itália, devido à hostilidade das pessoas face ao seu caso.

A primeira filha de ambos, Clara, nasce prematura e acaba por morrer com apenas dois meses de vida. Os outros dois filhos do casal acabam por morrer em Itália, um trauma de que Mary nunca se recuperaria. Percy deu muito pouco apoio a Mary, chegando mesmo a sair com outras mulheres, deixando-a entregue à sua dor.

Com vinte e quatro anos, Percy morre afogado em 1822 em Itália, e o corpo só é encontrado um mês depois e cremado na presença de amigos.

A Mary Shelley, aos vinte e nove anos, resta apenas um filho, Percy, a que ela se dedica de corpo e alma, e a desaprovação da sociedade em Inglaterra.

Depois da morte de Percy, dedicou-se à divulgação da obra do marido, ao mesmo tempo que escrevia pequenas histórias e algumas obras, para conseguir dinheiro afim de criar o filho e sustentar o pai. Apenas em 1840 é que o pai de Percy reconhece o neto e assegura-lhe uma vida melhor.

Mas a infelicidade espreitava sempre e aos 48 anos, Mary ficou inválida acabando por morrer em 1851 de um tumor cerebral.

A sua obra é hoje mais conhecida do que a dos literatos que sempre a rodearam, em parte pela atracção que o horror sempre exerceu sobre as pessoas e em parte pelas adaptações que o cinema iria realizar. Mary Shelly ficará para sempre conhecida pela sua criação, à semelhança do Dr. Victor Frankenstein: o monstro em busca da sua identidade.

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