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Eleanor Roosevelt – a defesa dos mais fracos

Eleanor Roosevelt
Eleanor Roosevelt

Eleanor Roosevelt era uma mulher terrivelmente tímida e teve pouca autoconfiança em si mesma durante a maior parte da sua vida. Nasceu e cresceu no seio de uma sociedade abastada, fechada ao mundo exterior, mas dedicou parte da sua vida a defender os direitos e a procurar melhorar a vida dos menos afortunados.

Foi uma mulher com ideias avançadas para o seu tempo, calorosa e forte, que usou todos os seus talentos e a sua posição para ajudar à tão necessária alteração social da comunidade americana.

Anna Eleanor Roosevelt era filha do casal Anna Livingston Ludlow Hall e Elliot Roosevelt, nascida a 11 de Outubro de 1884. Apesar das aparências, Eleanor foi uma criança atormentada pelos efeitos do alcoolismo na família e pela tragédia.

A mãe de Anna apenas pensava nos seus prazeres, deixando de parte os filhos. Eleanor nunca gostou do mundo da sociedade e nunca foi nenhuma beleza, o que sempre desapontou a mãe, que a alcunhou de “avózinha”.

A ligação com o pai era totalmente diferente. Elliott Roosevelt era o irmão mais novo de Theodore (Teddy) Roosevelt, futuro presidente dos EUA, cujo comportamento sempre envergonhou a família, pelo seu problema com o álcool e que chegou mesmo a manter um caso com uma criada, de quem teve um filho. Convencido pelo irmão a fazer uma cura de desintoxicação, Elliott foi internado num asilo e Teddy tratou da separação da sua família, não o deixando sequer falar com a mulher e os filhos.

A morte da mulher fê-lo voltar ao alcoolismo e Eleanor e o seu irmão Hall foram entregues aos cuidados da avó materna, que manteve correspondência com Elliott acerca dos filhos, a que ele respondeu até à altura da sua morte, em 1894, chorada intensamente por Eleanor.

Um episódio da sua infância pode explicar este amor paternal. Em viagem à Europa a bordo do Britânia, um abalroamento por parte de outro navio causou dezenas de mortes e centenas de feridos entre os passageiros. No meio do pânico, Eleanor ficou pendurada num suporte e não conseguia saltar para o barco. Só com a insistência do pai e com a ajuda de um tripulante, que lhe soltou os dedos, conseguiu saltar para os braços abertos do pai, algo que nunca conseguiu esquecer.

Eleanor foi estudar para Londres, no colégio da família Souvestre, pessoas liberais e de mentes abertas, com um ensino devotado ao feminismo, o que ajudou a construir o seu carácter, ao contrário do que acontecia no seio da sua família.

Um dos seus tios, Vallie, também bebia demais e existem algumas suspeitas de que terá abusado sexualmente de Eleanor, aquando da sua estada na casa dos tios para a sua estreia como debutante da sociedade.

Farta das festas de sociedade, Eleanor inscreveu-se na Consumer’s League, de forma a lutar pela melhoria das condições de trabalho dos mais pobres, ao mesmo tempo que dava aulas de dança rítmica, aos filhos dos emigrantes italianos e judeus.

Foi por esta altura, 1902, que retomou relações com o primo Franklin Delano Roosevelt, estudante de Direito, a quem apresentou os locais mais pobres de Nova Iorque. Ele ficou chocado com o que viu, mas admirou a coragem de Eleanor e pediu-a em casamento, apesar da oposição da mãe dele, Sara Delano Roosevelt. A juventude de ambos era um impedimento para a união e o casamento apenas teve lugar no dia de S. Patrício, a 15 de Março de 1905.

Até à graduação de Franklin, a morada do casal foi um pequeno apartamento num hotel em Nova Iorque onde nasceu a primeira dos seis filhos do casal.

O regresso da lua-de-mel trouxe também outra novidade. A mãe de Franklin alugara uma casa para o casal e passou a presidir a toda a área doméstica, deixando pouco para Eleanor fazer, o que a levou ao desespero. A sua situação na casa ficou cada vez mais comprometida, com os próprios criados a tiraniza-la.

Em 1909, nasceu Franklin Jr., mas morreu nesse mesmo ano de gripe, o que mais veio desgastar a saúde precária de Eleanor. No ano seguinte Franklin foi candidato democrata para o senado, o que significou a mudança da família para Albany, onde Sara apenas iria como visita.

Em 1913 mudaram-se para Washington devido a uma promoção para Secretário de Estado da Marinha para Franklin. Eleanor tornou-se experiente na arte de receber e viajar. Esta situação levou a uma ruptura no casamento, com um caso entre Franklin e a sua secretária, Lucy Mercer, situação descoberta alguns anos mais tarde.

Franklin regressou com pneumonia de uma viagem à Europa, e ao desfazer as malas, Eleanor descobriu as cartas de amor de Lucy e pediu o divórcio. Mas as circunstâncias não permitiam que Franklin aceita-se.

Um divórcio podia significar mesmo o despedimento, para além de que Sara ameaçara que cortaria com as dádivas de dinheiro ao filho se tal acontecesse. A única condição de Eleanor para continuar o casamento foi de que Franklin jamais poderia voltar a ver Lucy. Ele concordou e assim começou uma nova era, com maior liberdade para Eleanor.

A campanha de Franklin para conseguir o lugar de Vice-presidente dos EUA levou-os de novo a viajar pelo país, com Eleanor a tirar notas de tudo, mantendo um diário a pedido do marido.

A 10 de Agosto de 1921, Franklin daria o seu último passo, após um dia de brincadeira no lago Campobello com os filhos. O diagnóstico foi paralisa infantil, contraída num acampamento de escuteiros na sua visita de campanha. Eleanor foi a sua enfermeira particular, o que trouxe um novo alento ao casal, após a intimidade perdida com o caso extraconjugal.

E algo aconteceu que não esperavam. Eleanor transformou-se de uma dona-de-casa numa activista dos direitos, com um carácter activo, não mais uma mera espectadora conquistando mesmo um lugar entre as activistas feministas no Partido Democrático, nas eleições de 1920. Em público falou contra a paranóia anti-comunista, além de defender outros movimentos e acções, inclusive na abertura de uma fábrica de móveis e uma escola para raparigas.

Entretanto, Franklin foi eleito governador de Nova Iorque, o que retirou bastante liberdade a Eleanor, mas ela não ia limitar-se a ser a esposa de um político, ainda com tanta coisa para endireitar, dividindo-se entre as suas duas vidas.

Defendeu os direitos humanos, falando abertamente das necessidades dos mais pobres, a seguir à Grande Depressão e durante a primeira Guerra Mundial, actuou em todo o mundo na defesa dos mais fracos. Ajudou à fundação da UNICEF e na elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Aos 61 anos foi convidada a presidir à primeira assembleia geral das Nações Unidas. Morreu a 7 de Novembro em 1962, na cidade de Nova Iorque.

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