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Museu das Crianças, um espaço de e para as crianças

Museu das crianças

Museu das Crianças, um local onde as crianças possam tocar, brincar e aprender, é o desafio que Margarida Lencastre colocou a si mesma quando resolveu criar um museu de e para as crianças, como expôs à Mulher Portuguesa.

Museu das Crianças

“Esta ideia foi surgindo porque há mais de quarenta anos que trabalho com crianças, em zonas onde não havia escolas, e descobri que tenho um prazer imenso em ensinar, usando sempre a natureza, as brincadeiras e as situações do dia-a-dia”, algo que reproduziu no “Museu das Crianças”.

Na Fundação Ricardo Espírito Santo, onde trabalhou 21 anos, criou um serviço educativo levando o museu às escolas ao mesmo tempo que visitava centenas de museus pelo mundo fora, sempre à procura de espaços dedicados às crianças. Apenas nos Estados Unidos encontrou um “Children’s Museum”, “algo de totalmente diferente e só tive pena que em Portugal não existisse algo de parecido”. Mas não cruzou os braços e tentou responder à procura, com a ajuda de Teresa Abecassis e Maria João Correia, na criação de um trabalho pioneiro: “Acordar a História Adormecida”.

A primeira experiência teve lugar no Palácio Azurara, onde funciona a Fundação Ricardo Espírito Santo, com a recriação da vida no século XVIII. “Cheguei a centenas de crianças, que passavam um dia inteiro dentro do museu com as roupas da época, a viver no passado, com as diversas funções e profissões. Tapamos tudo o que era electricidade e canalizações” relembra Margarida Lencastre.

Em 1988, o primeiro ano das Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, foi a vez de recriar a partida da Armada para a Índia, na nau de António Vilar.

Para apresentar a ideia do museu, resolveu comprar uma exposição ao Museu da Criança da Bélgica, e em 1992 recebeu em Portugal o material que viria a abrir as portas ao projecto, apresentado no ano seguinte a convite da organização da Lisboa 94.

Aprovado, surgiu “Bom Dia Medo”, uma exposição dedicada a descobrir o medo, “como uma característica importante do ser humano”, nas instalações cedidas pelo Museu da Marinha, espaço já pequeno para o material e trabalhos ali são realizados. Um novo espaço já foi prometido e existe mesmo o projecto, mas as mudanças no Governo colocaram para trás a ideia.

O Museu das Crianças é dirigido para elas: “a principal vertente é uma formação integral humana, de personalidade e dar-lhes um conhecimento sobre elas próprias, sobre os outros e sobre o mundo que as rodeia, ao mesmo tempo que descobrem as riquezas dentro de si”.

Portugal está a ajudar Madrid, Barcelona e a Croácia a criar os seus museus. O primeiro museu dedicado às crianças foi criado em 1899 e actualmente existem perto de 200 em todo o mundo.

“Dentro de Mim há um Tesouro” é a actual exposição no Museu, e “tem a ver com a descoberta de si próprio, de ganhar confiança em si mesmo” destaca Margarida Lencastre. “Recebemos cerca de 200 crianças por dia, mais de 3600 visitantes por mês, num espaço pequeno como este, onde não temos água, mas há uma generosidade imensa do museu da Marinha que nos permite trabalhar muitas vezes fora de horas e em dias que deveríamos fechar, especialmente para receber crianças com necessidades especiais”.

As marcações, essas, já estão feitas até Janeiro do próximo ano e a directora do museu lamenta a falta de espaço “não consigo chegar a mais crianças, e corta-se-me o coração por não conseguir dar resposta. Aquilo que precisamos urgentemente é de instalações onde possamos trabalhar porque as crianças são uma prioridade de todos. Hoje já se pensa mais na criança do que há vinte anos atrás, mas ainda é preciso mais”.

O grupo de animadores são, nas palavras de Margarida Lencastre “muito generosos, isto porque é uma das regras que imponho aquando da selecção, a par com ser alegre e estar sempre disponível”.

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