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Maria de Belém falou com a Mulher Portuguesa

Maria de Belém

Sempre se apontaram as falhas que existiam no sistema da saúde, e que existirão durante muitos anos, omitindo progressos alcançados por  Maria de Belém em termos de indicadores da saúde e da organização, progressivamente mais facilitada na vida das pessoas.

Maria de Belém

Até chegar ao patamar do Ministério para a Igualdade, a Dra. Maria de Belém teve um longo curriculum profissional. Licenciada em Direito, entrou mais tarde para a Administração Pública e destacou-se em lugares nas áreas da Segurança Social, Trabalho e Saúde. A responsabilidade da pasta da Igualdade, foi o último desafio…

Numa sala confortável e acolhedora do Palácio Foz, em pleno coração dos Restauradores, teve lugar a entrevista com esta figura emblemática da política, já com um lugar sólido nas bases governamentais.

Desde finais de 1995, que a Dra. Maria de Belém ocupa uma plataforma importante nas estruturas do governo socialista. Nesse mesmo ano, assumiu a responsabilidade de dirigir e coordenar o sector da saúde nacional, até exercer as actuais funções.

Desses tempos, a Dra. Maria de Belém recorda:” Foi um tempo excepcional, em termos de produção de instrumentos de reforma. Na altura, era fundamental traçar as linhas de reforma do sistema(…). Sempre se apontaram as falhas que existiam no sistema da saúde, e que existirão durante muitos anos, omitindo progressos alcançados em termos de indicadores da saúde e da organização, progressivamente mais facilitada na vida das pessoas”.

Ligada ao Partido Socialista desde 1976, numa altura em que “se vivia com intensidade a mudança estrutural da política em Portugal, pelo qual muitos de nós se tinham batido.(…). Filiei-me no Partido Socialista, embora tivesse mais vocação para colaborar em grupos de estudo, do que em lugares de exposição política. O PS, consagrava em termos estatutários de programa e de actuação, aquilo que era uma esquerda moderna e reformista, não ortodoxa, na qual me revia e continuo a rever-me.”

Do Ministério para a Igualdade, a sua actual pasta do governo, a Dra. Maria de Belém declara: “Aposta numa sociedade mais justa, onde as pessoas possam concretizar os seus projectos de vida, independentemente das condições de partida”

Este foi um dos ministérios no qual o governo apostou, através de uma avaliação permanente do impacto, em termos de género das medidas sectoriais. Esta metodologia de abordagem teve o seu ponto de partida no processo que conduziu à Plataforma de Pequim, com o intuito de que “todos os membros da sociedade tenham direitos iguais, apesar de serem todos diferentes, aproveitando essa diferença como factor gerador de oportunidades”.

O trabalho do Ministério para a Igualdade centra-se numa articulação transversal a nível de todo o governo, para garantir a perspectiva de género em todas as políticas sectoriais, com especial incidência em questões de igualdade: no trabalho e emprego, educação para a cidadania, luta contra a violência doméstica e integração das minorias, realização de estudos para identificação dos problemas geradores de desigualdades, acompanhamento da execução do objectivo do Terceiro Quadro Comunitário de Apoio, projectos concretos com Autarquias para permitir, designadamente, a conciliação da vida familiar com a profissional.

O problema da Igualdade, segundo a ministra, está relacionado com a cultura: “É um problema cultural radicado, naquilo que foi a organização social durante milénios. As mulheres ganharam direito a ter uma carreira profissional, mas continuam a ser consideradas responsáveis pelas tarefas domésticas e a educação dos filhos”. Uma responsabilidade exagerada que resulta numa partilha injusta, segundo o pensamento da Dra. Maria de Belém.

Confrontada com a questão de desigualdade relativamente à sua pessoa, Maria de Belém foi peremptória: “Senti-a mais na vida política, do que no conjunto de toda a minha actividade profissional(…). Sempre fui objecto muitas vezes de deturpação deliberada das minhas afirmações, tentando ridicularizá-las. Mas, afirmações semelhantes de colegas meus do governo, não produziram nenhuma chamada de atenção para os comentadores que me criticaram a mim”.

Definindo-se com uma mulher persistente, corajosa, que não procura guerras mas que também não foge delas, Maria de Belém nos seus escassos tempos livres, declara que, “preciso de apanhar ar, estar em contacto com a natureza, mas gosto muito de ler, ir ao cinema, estar com os amigos, conviver.” Para a Ministra para a Igualdade, as Mulheres Portuguesas são muito resistentes, embora essa qualidade nem sempre seja reconhecida.

Das referências femininas públicas, destaca Ana de Castro Osório e a Engª Maria de Lurdes Pintassilgo, mas a sua mãe e avó, são igualmente referências obrigatórias na sua vida. Preocupada com o facto de as mulheres no nosso país, tomarem cada vez mais comprimidos para dormir e da tendência para a depressão ser cada vez maior, Maria de Belém deixa a reflexão: “Cada mulher deve reflectir naquilo que é a sua vida e o que pode fazer ela própria para a melhorar(…). Está na sua mão construir para si própria e para os outros que a rodeiam, um ambiente mais feliz.”

Aqui fica, uma abordagem sucinta da conversa que tivémos com a Dra. Maria de Belém, entidade máxima do Ministério para a Igualdade e cuja sua principal batalha, é promover a igualdade social e de oportunidades entre homens e mulheres, consagrada na constituição desde 1976 mas, muito raramente observada no cenário do nosso real, ainda “fortemente” discriminatório.

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