Casa Pia de Lisboa – Ensinar e Formar

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Casa Pia de Lisboa
Casa Pia de Lisboa

Dedicada ao ensino para crianças com problemas financeiros e familiares, a Casa Pia de Lisboa inicia o novo milénio com projectos de alargamento dos seus colégios para Viseu/Penalva do Castelo e Setúbal. Neste artigo, a Mulher Portuguesa vai dar-lhe a conhecer um pouco mais acerca desta instituição.

A Casa Pia de Lisboa

É a mais conhecida instituição de ensino do nosso país. Dedicada ao ensino para crianças com problemas financeiros e familiares, a Casa Pia de Lisboa inicia o novo milénio com projectos de alargamento dos seus colégios para Viseu/Penalva do Castelo e Setúbal. Neste artigo, a Mulher Portuguesa vai dar-lhe a conhecer um pouco mais acerca desta instituição.

A 18 de Janeiro de 1780, Diogo Inácio de Pina Manique, juiz do Bairro do Castelo e desembargador dos Agravos na Casa da Suplicação é, por decreto real de D. Maria I, nomeado Intendente Geral da Polícia da Corte e Reino. A primeira grande obra encomendada a Pina Manique foi a criação da Real Casa Pia de Lisboa.

São os quartéis velhos do Castelo de S. Jorge, adaptados pelo arquitecto Manuel Caetano de Sousa, que recolhem 13 órfãos e alguns mendigos na data da sua abertura oficial, a 3 de Julho de 1780, dia da festa da Rainha Santa Isabel, que é escolhida para padroeira da instituição.

O ensino na Casa Pia de Lisboa

Ao longo dos anos, vão sendo instituídos diferentes cursos com aulas que passam pelo desenho, medicina e matemática, entre outros. Alguns dos alunos da instituição e outros, escolhidos pelos provedores das diversas regiões, eram enviados para a Universidade com bolsas pagas pela Casa Pia, que se assume como uma das mais modernistas na aplicação da educação. Foi a primeira instituição a introduzir a educação física como uma disciplina escolar.

Para prover aos custos de ensino, a Casa Pia passou a superintender outras instituições, como a “Casa da Estopa” do arsenal da Marinha e o Teatro de S. Carlos, cujas receitas revertem para a educação dos jovens.

Doze anos após a sua fundação, a Casa Pia contava já com sete repartições, compostas por 6 colégios, um dos quais em Roma, e outro em Edimburgo, cinco casas, um recolhimento, uma amassaria, onde se formavam forneiros e padeiros e uma botica para os oficiais e praticantes de farmácia. Eram recolhidas crianças de ambos os sexos órfãs, prostitutas em recuperação, assim como vadios e mendigos.

Morte de Pina Manique

Após a morte de Pina Manique, a 29 de Novembro de 1807, e com a entrada das tropas francesas de Junot em Lisboa, a Casa Pia é encerrada, e vê as instalações do Castelo de S. Jorge ocupadas pelas tropas francesas, o que leva à perda de trabalhos e documentos dos alunos. As crianças são dispersas pela cidade, em asilos e orfanatos, mas muitas acabam simplesmente por ficar na rua.

 

O ressurgimento da Casa Pia de Lisboa

Só em 1811, quando Jerónimo Francisco Lobo, intendente Geral da Polícia, é encarregado de acudir às crianças desvalidas, se torna a falar da Casa Pia, desta feita com instalações no convento dos frades Bernardos de Nossa Senhora do Desterro, para onde são enviados 99 jovens com idades entre os 18 meses e os 22 anos.

A Casa Pia permanece nestas instalações até 1833, quando se dá a sua transferência para os Claustros do Mosteiro dos Jerónimos, e mais tarde para os terrenos anexos.

A 15 de Fevereiro de 1834, por decreto de Joaquim António de Aguiar, um dos grandes orgulhos da Casa Pia, passa a depender administrativamente desta. Trata-se do Colégio de surdos-mudos da Luz., hoje Instituto Jacob Rodrigues Pereira, composto de três espaços físicos complementares e que, actualmente, acolhe perto de três centenas de alunos surdos com 15% de crianças ouvintes, com todas as modalidades de ensino

Em 1860 estão na Casa Pia entre os 1000 e os 1200 educandos. E o empenho em formar continua. Em 1942, abarca já um conjunto de colégios que se espalham por Lisboa.

Na década de oitenta avança com novos métodos de educação e presta um serviço mais alargado de acção social e ensino técnico profissional.

Os serviços da Casa Pia nos dias de hoje

Hoje em dia, a Casa Pia acolhe, em regime de internato, cerca de 700 educandos, que residem em pequenas unidades de 20 utentes nos chamados Lares/residências, que tentam aproximar-se ao máximo de um ambiente familiar, onde os jovens são incentivados à distribuição de tarefas domésticas e têm como patrono um ex-aluno que, se ainda for vivo, acompanha as crianças no seu desenvolvimento escolar.

Em regime de semi-internato estão educandos espalhados pelos oito colégios em Lisboa e outros dois em Alcanede e na Lourinhã. Em matéria financeira, a Casa Pia depende da Segurança Social, da rentabilização de serviços prestados, da contribuição de utentes e da concessão da exploração da praça de touros do Campo Pequeno e do Bingo das Amoreiras.

No ano lectivo de 98/99 estiveram inscritos 4739 alunos com idades compreendidas entre os 3 e os 21 anos, 108 dos quais frequentam cursos superiores como bolseiros. Integrados no Colégio António Aurélio da Costa Ferreira estudaram 22 alunos surdocegos. O Colégio está incluído no Instituto Jacob, que conta também com o Centro de Diagnóstico de Surdez onde são observados e encaminhados os casos que solicitem a admissão no Instituto, para além de atender jovens que necessitam de próteses auditivas.

Os níveis de ensino leccionados passam pelo jardim infantil e pré-primário, o ensino básico e secundário, e o ensino técnico-profissional, com 10 áreas de formação, que vão do têxtil e design, à hotelaria, construção civil, madeiras, metalomecânica, microtecnologias, electrotecnia, animação social, agricultura e gestão florestal e área administrativa e comercial.

Os jovens contam ainda com actividades culturais, de desenho artístico, rádio e jornalismo, música, drama, grupos corais, de danças e cantares regionais, ballet, artes plásticas e na área do desporto, futebol de onze e de salão, andebol, ténis e ténis de mesa, natação, artes marciais, esgrima e hóquei em campo. É também editada a Revista da Casa Pia de Lisboa, com artigos escritos por alunos e professores.

Muitos têm sido os nomes de destacadas figuras portuguesas que se orgulham de serem casapianas e esta Instituição orgulha-se, por sua vez, de ser uma das pioneiras em matéria de educação e formação profissional de jovens, que ali procuram e encontram um rumo profissional.

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