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Ao lado das crianças na Fundação D. Pedro IV

Fundação D. Pedro IV - Diretora Paula Lopes
Fundação D. Pedro IV - Diretora Paula Lopes

Fomos saber um pouco mais acerca do universo das crianças, das suas actividades, entrando na própria experiência pessoal da sua Diretora, a Dra. Paula Lopes na Fundação D. Pedro IV.

As crianças são vida. O rosto e a voz do amanhã. Na Instituição Particular de Solidariedade Social, Fundação D. Pedro IV, mais propriamente no Estabelecimento de Arroios, fomos saber um pouco mais acerca do universo das crianças, das suas atividades, entrando na própria experiência pessoal da sua Diretora, a Dra. Paula Lopes.

Afinal, não nos podemos esquecer que “o mundo pula e avança como uma bola colorida, nas mãos de uma criança”. Deixemos assim, o mundo evoluir…

Fundação D. Pedro IV – um pouco da sua história

Fundado em 1834, pela mão do Rei D. Pedro IV, a fundação acolhe durante o dia, cerca de 850 crianças, com idades que vão dos 3 meses até terminarem o 1º ciclo do Ensino Básico, isto é, cerca dos 10 anos, nos seus actuais 7 estabelecimentos. A criança desenvolve durante o dia, um conjunto de actividades que merecem, como é óbvio, o nosso destaque.

Infantário D. Pedro IV

Uma instituição deste género, feita para as crianças e com elas num plano central, tem na sua estrutura objectivos muito bem definidos. Assim, é fundamental para a Fundação D. Pedro IV, independentemente do seu estabelecimento, apoiar as crianças e os jovens, tal como a sua integração social e comunitária, protegendo também os cidadãos na velhice e invalidez.

Promove iniciativas de carácter cultural, ações na área social de cooperação com os países de língua oficial portuguesa, tal como promove e protege a saúde, a educação e a formação pessoal. Pretende conceder bolsas de estudo e solucionar os problemas habitacionais.

As instalações demonstram boas condições para o desempenho das inúmeras tarefas, citadas pela nossa entrevistadora, com salas amplas para poderem brincar e executar as diversas actividades que, mais adiante, a nossa entrevistada, referiu.

No dia a dia, pretende-se dar ênfase ao nível intelectual, ao movimento, desenvolvendo assim, todas as capacidades a um nível geral. “Das três vertentes aqui existentes, creche, jardim de infância e actividades de tempos livres, há a possibilidade de adquirir uma forte formação pessoal e social, um vasto conhecimento do mundo, utilizando da melhor forma, toda a capacidade comunicacional e de expressão, inerente à criança”. Nas palavras da diretora do estabelecimento de Arroios, a importância dada à formação da criança é algo de notável e evidente.

A Dra. Paula Lopes, elucidou-nos sobre os tipos concretos de actividades que as crianças produzem, consoante as idades. Assim, “há momentos nos quais a criança entra no universo da expressão plástica, das canções, poesias, histórias, a leitura de livros ou mesmo peças de teatro.

Os mais novos, desenvolvem tarefas ainda muito básicas, como é o caso, das actividades ao nível do seu bem-estar, da sua segurança, da higiene, alimentação, estimulando as suas capacidades. Os mais velhinhos, os do jardim de infância ou mesmo os das atividades dos tempos livres, produzem e desenvolvem atividades de acordo com o projeto educativo, previamente concebido, cujas atividades vão desde a expressão plástica até à pesquisa de vários temas”.

As educadoras no Dia dos Avós

No decorrer da nossa conversa com a Diretora do estabelecimento de Arroios, ficou bem claro que o desenvolvimento de uma criança, depende não só de uma boa formação na escola, como também de toda o ambiente familiar, no qual está inserida. Segundo a nossa entrevistada: “Todo este trabalho é partilhado com as famílias. A família deve estar a par, do que as crianças fazem aqui na escola. Portanto é um trabalho paralelo com o da própria família.”

A equipa de colaboradores

A admissão do pessoal é algo de muito importante:”O pessoal é selecionado consoante a sua formação, e depois a educadora tem que ter a habilitação correspondente ao cargo que vai executar. A seleção não é feita nem com exames psicotécnicos, nem com um psicólogo.

Quem faz a admissão é a Diretora dos Serviços Educativos, através de uma entrevista, apostando na sua formação pessoal, na sua capacidade de relacionamento com a equipa e na sua perspectiva de trabalho ao nível deste tipo de instituições”.

A preferência por pessoas mais jovens é evidente, segundo as palavras de Paula Lopes: “Temos preferência por pessoas mais jovens que não adquiriram “vícios” de trabalho, noutros locais, de forma a que possam crescer e aprender connosco, tendo sempre em conta a sua própria formação pessoal”.

As ementas

A conversa prosseguiu e, confrontada sobre a forma como são elaboradas as ementas, Paula Lopes responde:”As ementas são elaboradas por todos os estabelecimentos centralmente. Já tivemos um nutricionista e o parecer de um centro de saúde.

Neste momento, já adquirimos o conhecimento mas, continuamos ainda a trocar impressões e a solicitar conselhos de médicos para a elaboração das ementas. Temos um trabalho de parceria, não só com as famílias mas, também com a comunidade”.

Quanto à existência de um psicólogo, este existe apenas centralmente: “Colaboramos com a Faculdade de Psicologia de Lisboa, recebendo uma psicóloga finalista que dá apoio às crianças e que está integrada na equipa”.

Paula Lopes, mãe de dois filhos, também ela se preocupa com a segurança das crianças.

Em caso de doença ou acidente, o que fazer de seguida? A sua resposta é imediata:” Se for um acidente, leva-se a criança ao hospital, e entra-se em contacto com a família, como é óbvio. Se a criança adoece subitamente, contacta-se logo a família.

Porém, quando é feito o ato de admissão, já se sabe se a criança tem alergias ou outros problemas. Ainda assim, tomamos de imediato os primeiros socorros, de forma a prosseguir todo o processo de tratamento”.

A saída da sua casa e do seu lar para um sítio estranho, é complicado para a criança e a Diretora explica-nos qual o verdadeiro problema: “A saída de casa sente-se muito em crianças de um, dois, três anos. Os pais são preparados para isso, pois muitas das vezes são eles que dramatizam e que transmitem ansiedade às crianças.

É deles que depende a adaptação das crianças a um novo local. Por isso, fazemos reuniões de pais preparatórias, na entrada da criança, e depois há uma fase de adaptação em que a criança é acompanhada mais individualmente. Mas, primeiro preparamos as famílias.”

Paula Lopes começou como estagiária, após ter finalizado o curso de Educadora, nesta Fundação, mas em outro estabelecimento. Em Arroios está há cerca de 12 anos, e é com enorme prazer que desempenha esta função, pois foi sempre o que quis fazer: trabalhar com crianças.

Os recursos económicos são razoáveis, mas este tipo de Instituições Particulares de Solidariedade Social, deparam-se com alguns problemas: “Os nossos subsídios provêm do Centro Regional de Segurança Social, e os subsídios em todas as instituições vêm pela Misericórdia.

Só começamos a ser financiados pelo Ministério da Educação, quando há dois anos, integramos a rede pública do pré-escolar. Para além disso, temos as comparticipações das famílias, que pagam consoante as suas possibilidades.

Primeiro profissional e só depois mãe, também ela trouxe os seus filhos para este instituição, mas “para outro estabelecimento e não para onde eu exerço funções, pois não seria benéfico, nem para as crianças nem para mim”.

O estabelecimento realiza muitos eventos, de forma a proporcionar um dia diferente para as crianças: “É festejado em cada estabelecimento, o dia do Pai, o dia da Mãe, o Natal, o Carnaval. De diferente, temos por exemplo o dia dos Avós, o aniversário das crianças, onde é feita uma festinha para elas e temos uma festa para as crianças de cinco anos, que terminaram a pré- primária.

Há ainda uma festa muito especial, para aqueles que vão sair da instituição, isto é, que terminaram o 4º ano do Ensino Básico. Essa ocasião muito especial, já foi celebrada com um fim-de-semana fora, e passou também por transformar este estabelecimento num restaurante de luxo, num casino, num hotel de 5 estrelas, num acampamento. Esta é uma actividade que, de há 12 anos para cá, envolve a família e as crianças”.

Pensando no futuro, Paula Lopes, declara que “pretendemos melhorar em termos de estrutura, de pessoal, de condições físicas, de materiais. Queremos cada vez mais a participação das famílias e crianças nos projetos, angariar mais parcerias de trabalho e investir essencialmente na área educativa dos nossos projetos. Gostaríamos, de igual forma, de investir na área da informática, crescendo cada vez mais”.

Na educação dos seus filhos, Paula Lopes afirma que:”Utilizei a minha experiência pessoal e profissional, na educação dos meus dois filhos: um de 14 e outro de 11 anos. Já tinha experiência na educação quando vieram os filhos, mas ao sermos mãe cometemos sempre “erros”, mesmo que eu já tivesse essa experiência na educação das crianças, daqui da Fundação. Qualquer mãe os comete, porque queremos sempre o melhor para eles”.

Ser mãe é uma arte, profissional ou educacional, na Fundação D. Pedro IV ou em qualquer outra Instituição. Certamente, a Dra. Paula Lopes cumpre o seu papel, como qualquer outra mãe. O importante é que “o mundo pule e avance, como uma bola colorida nas mãos de uma criança”.

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