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Voyeurismo – espreitar a vida alheia

Voyeurismo
Voyeurismo

Hitchcock usou-o no filme ‘Janela Indiscreta’ e Pedro Almodovar em ‘Kika’. É o prazer de observar sem ser visto. O voyeurismo está de novo na moda. Com o programa ‘Big Brother’, a palavra voyeurismo voltou ao vocábulo dos portugueses. Observar sem ser visto, seguir todos os pormenores íntimos de alguém é o cerne do voyeurismo, que pode ser considerado uma tara sexual.

Voyeurismo

O termo científico é escoptofilia e deriva do termo grego ‘shopein’ (observar) e ‘philia’ (tendência obsessiva). Voyeurismo é uma designação originária do francês que significa o prazer na observação das relações íntimas, sendo as pessoas que a praticam conhecidas como ‘espreitas’ no calão popular.

O prazer de ver sem ser visto não nasce connosco mas todos temos um pouco de voyeuristas. Mesmo que não se leve até às últimas consequências, todos gostamos de espreitar o que não nos diz respeito. Nunca passou por uma janela e não espreitou para dentro?

Pode dizer que foi apenas para ver a cor das cortinas, que se tratou de curiosidade natural, mas mais não foi do que uma forma socializada de voyeurismo.

O mais famoso caso de voyeurismo da História teve lugar há cerca de 950 anos, na Inglaterra. Lady Godiva, esposa do duque Leofric, de Coventry, tentou interceder junto do seu marido para que este baixasse os impostos da população e este desafiou-a, dizendo que só reduziria os impostos se ela cavalgasse nua pelas ruas de Coventry.

Certificando-se de que ninguém a olhava, esta aceitou o desafio. Toda a população, em sinal de respeito, cerrou as portas e janelas mas um morador, o alfaiate Tom não resistiu à curiosidade e espreitou Lady Godiva a passar na rua. Por isso foi castigado com cegueira e com o desprezo dos restantes cidadãos.

Até hoje, na língua inglesa, esse apelido é sinónimo para bisbilhoteiro e para voyeur. Por causa disto, dá-se o nome de peep show ao espectáculo erótico em que o público observa as performances ou vídeos escondidos numa cabina.

O prazer de olhar os corpos despidos ou em actividades sexuais é bem antigo: existem pergaminhos japoneses do séc. VII que mostram mulheres a espreitar cenas eróticas.

Diários de aventureiros e capitães de mar também relatam ao pormenor as nativas das várias ilhas conquistadas e no nono canto dos Lusíadas, Camões descreve a Ilha dos Amores com diversas ninfas banhando-se despidas.

O voyeurismo é uma fase normal da criança que, através da observação pretende identificar as diferenças existentes entre rapazes e raparigas, em especial os rapazes que chegam a juntar-se em grupos organizados para espiarem elementos do sexo oposto.

E quem não se lembra das brincadeiras nas escolas com um espelho estrategicamente colocado no chão para observar as raparigas que passavam de saias?

Com a Internet o voyeurismo ganhou um novo impulso. Em muitos sites pode encontrar imagens captadas por câmaras ocultas, na sua maioria de sexo, embora algumas pessoas já estejam a aproveitar-se desta forma para auto-promoção. Um exemplo é o novo trabalho dos U2, cuja gravação em estúdio foi seguida por várias câmaras e visionada através da net.

Mas o voyeurismo também pode ter um lado patológico que presume uma conotação negativa e está quase sempre ligado ao lado sexual. Um voyeurista é um indivíduo que sente um enorme vazio que preenche com a observação de outra pessoa, quase sempre do sexo oposto e com a qual se sente atraído.

Desta forma obtém uma relação sem ter de se preocupar em dar nada em troca. Trata-se em geral de um indivíduo solitário que opta por dois padrões de comportamento: ou se esconde entre arbustos a observar os pares de namorados ou opta por escolher uma vítima que observa ao longe, acto normalmente acompanhado de auto estimulação.

O problema é que as formas de voyeurismo podem chegar ao exagero e à perseguição da vítima, embora a violência apenas aconteça se sentirem a possibilidade de serem descobertos ou entrando o sujeito em total isolamento emocional, com sentimentos de culpa e perda de identidade própria.

O voyeurismo só é classificado como desvio sexual quando substitui totalmente a actividade sexual convencional. Nesse caso, corresponde ao 3º lugar na frequência de desvios sexuais, com 12% de incidência entre os pacientes em tratamento.

Este tipo de comportamentos é mais encontrada em homens de meia idade que mantêm a ideia de si mesmos como pessoas impotentes face a uma actividade sexual normal, ou que têm receio de se relacionar com outras pessoas e que optam por esta forma de estímulo visual.

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