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O Peso da Palavra Saudade

Dizem que a saudade é um sentimento tipicamente português,que só pessoas com sangue lusitano conseguem sentir. Mas, quais os padrões que regem a saudade?

A Joana tinha saudades dos seus amigos de infância que viviam a 500 quilómetros de distância. A Margarida apaixonou-se por um rapaz que vivia do outro lado, morria de saudades dele, mas nem mesmo as cartas, os telefonemas, os mails ou as fotografias não conseguiam apagar. E, o João, tinha saudades dos tempos de universidade, das loucuras da adolescência, e daquela liberdade rebelde que nunca mais conseguiu viver porque a vida o obrigou a assumir responsabilidades. Caso diferentes, mas todos eles regidos por aquilo que definiram de saudade, um sentimento que faz sorrir e que dói ao mesmo tempo, assolando a mente e o corpo a qualquer momento.

Muitos foram os poetas, ou as demais figuras ligadas à arte, que utilizaram a saudade como fonte de inspiração para produzir as sua sobras. Relembraram factos do passado, momentos marcantes e partiram para uma viagem emotiva e mental, sem nunca saírem do mesmo local. Pararam no tempo por breves instantes, para logo depois se aperceberem que a saudade os invadia e que trazia com ela um sentimento de pura nostalgia e desejo de “voltar atrás no tempo”, nem que fosse por um período de tempo escasso, para voltar a reviver semelhante lembrança.

Já muito se disse e se escreveu sobre a saudade. Definiram-na como uma algo bom, que nos faz sorrir e ilumina a vista de emoção, mas houve também quem a rotulasse como algo nostálgico, triste, que magoa e fere a alma. A verdade é que recordar é muito bom, viajar no tempo a factos que nos marcaram é muito positivo mas, e consoante a sensibilidade da pessoa, assim será a forma como ela encara essas saudosas recordações. Afinal, “recordar é viver…”!

Em algum momento da vida, todo e qualquer ser humano já sentiu saudade de alguma coisa: de um momento, uma pessoa, de uma época, paisagem, cheiro. Habitualmente, as pessoas confundem a saudade com a vontade de regressar atrás no tempo para assim conseguirem mudar alguma coisa. Isto não é necessariamente saudade, mas sim a vontade de alterar o percurso conhecido das coisas. A saudade, aquela saudade pura sem trazer consigo mais nenhum acréscimo, é simplesmente recordar momentos, eventualmente querer vivê-los novamente, mas sem implicar uma mudança da situação e do seu desfecho.

A essa sensação de saudades costumam estar ligados outros sentimentos como o amor, a paixão, a morte, um amigo especial que nunca mais vimos, lágrimas, risos, felicidade, tristeza, falta de coragem, incompreensão, êxtase, abandono, entre tantos outros. Há situações que quase todas as pessoas recordam com saudade: a infância, os tempos de escola, o primeiro amor, a primeira bebedeira, aquela noite inesquecível, as primeiras lágrimas de desilusão, aquele alguém que deixámos partir quando queríamos que ficasse, as pessoas que a morte levou, sejam familiares ou amigos, para sempre das nossas vidas. Lógico que existem ainda muitos outros momentos saudosos, mas quase todos eles assentam nestes pilares que frequentemente marcam a vida da pessoa de alguma forma especial.

Como outra forma de sentimento qualquer, a saudade é uma daquelas coisas que nos faz sentir bem, mesmo que a saudade que se tem de algo/alguém lembre momentos demasiadamente tristes. Não é bom recordar? Fechar os olhos, e estar a sentir, novamente, aquele momento? Deixe-se levar pelas recordações, mas jamais faça delas o lema para a sua vida. Se recordar é viver, o mesmo não se pode dizer de estar preso ao passado. Recorde, sinta saudades, mas continue a seguir o seu caminho para o futuro!

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