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Crónica: uma questão de gémeos

Crónica da Mulher Portuguesa
Crónica da Mulher Portuguesa

As notícias sobre Gémeos estão em força nos noticiários e nas manchetes dos jornais. Quer seja em séries na TVI, vendas cibernéticas ou na base da violência, as histórias sobre Gémeos estão na voga!

Questão de gémeos

Tão engraçados! São os dois tão semelhantes exteriormente que muito dificilmente se encontram diferenças entre ambos. Vestidos com roupas iguais, parecendo duas cópias autenticadas pelos pais, os Gémeos fazem as delícias de todos (Pelo menos a minha fazem).

Porém, nem sempre a beleza de um rosto ou de um sorriso mais marcante conseguem definir aquilo que vai no interior de cada um. (Se fosse assim tão simples…) Nem que o caso sejam dois Gémeos que nem sequer têm idade para conduzir um carro ou capacidade para fazer o que quer seja, a não ser destruir e instalar o caos durante anos.

Os media noticiaram que dois Gémeos na Tailândia, de nome Jonnhy e Luther, eram os líderes de um grupo. O Grupo Armado Rebelde de Deus, assim se chamava esta ‘maranha’ de gente repugnante, não era constituído por jovens com as idades de Luther e Johnny.

Na realidade tratavam-se de adultos que viviam sob as ordens dos Gémeos, que seguiam todas as suas linhas orientadoras. A loucura disto tudo, ou não fosse o mundo dominado pelos loucos, é que toda a população daquela zona da Tailândia acreditava cegamente que aqueles dois Gémeos tinham poderes mágicos. (Mais um bocado e acreditar-se-ia que faziam milagres!)

O poder era de tal forma que todos aqueles que estivessem ao seu lado a lutar estavam protegidos. (Bela desculpa para arranjar mais membros para o dito grupo! Ah, deve ser na protecção que ocorrem os milagres! Desculpem não ter percebido à primeira!)

Após terem sido cercados pelo exército tailandês, os dois Gémeos e os 40 homens que os acompanhavam não tiveram outra alternativa senão render-se. O caricato de tudo isto é que agora o mundo está a ser comandado pelos mais novos. Para além desta situação bizarra na Tailândia, não nos podemos também esquecer que em Portugal são muitos os ‘gangs’ existentes e que cultivam o terror e o pânico nas ruas, da mesma forma que os Gémeos tailandeses cultivaram durante muitos anos.

Qualquer dia, para fazer alguma coisa, por muito mínima que seja, a solução é pedir autorização aos jovens de 12, 13 e 14 anos. A catástrofe social instala-se, a justiça não é suficientemente rígida, a polícia nem sempre coopera e, enquanto a situação se resolve, a solução é ir deixando crescer em Lisboa áreas degradadas, ignorar crianças que assaltam, matam, drogam-se e que não conseguem ter a noção de até onde é que podem ir.

Todavia, os Gémeos estiveram em voga nesta semana! Mas, este caso, igualmente triste e revoltante, nada tem a ver com os bombardeamentos de violência física e social que aqui tive oportunidade de constatar. Este caso trata também de violência, mas um género de violação humana e íntima, dos valores morais, e daquilo que deve ser a consciência moral de cada um que, lamentavelmente, muitos não possuem.

A história é curta e cruel: um casal de meninas Gémeas foi vendido duas vezes pela Internet, sem qualquer escrúpulo, moral ou amor, por duas vidas que estão neste mundo à mercê da vontade de pessoas repugnantes. Têm apenas seis meses de idade e são disputadas por um casal britânico e outro americano, cada um alegando que as crianças lhes pertencem.

A crueldade a que este mundo chegou é tal que já se colocam crianças para venda na Internet, como se de carros ou telemóveis se tratassem, regateando o preço como se estivéssemos num leilão onde quem dá mais fica com o trunfo. E o que é o trunfo? Duas bebés, gémeas, mestiças, de seis meses de idade, filhas de uma mãe de 28 anos (quanto amor esta mãe demonstra…),que as colocou à venda num site da Internet.

Em Outubro de 2000 foram adoptadas por um casal americano, pelo valor de 1300 contos. Dois meses depois, outro casal, este britânico, pagaram cerca de 2500 contos pelas gémeas. Actualmente, as meninas estão com o casal britânico, embora ambos os casais achem que têm direito a elas, e estejam numa luta muito renhida.

Este cenário degradante demonstra a falta de sensibilidade existente no mundo. Em Portugal, na Tailândia, na América, ou onde quer que seja, a falta de escrúpulos atinge uma amplitude impressionante e ao mesmo tempo impensável para muitos.

Vender seres humanos em plena Internet, colocar-lhes um rótulo monetário, e depois disputá-los como se de meros utensílios ou objectos se tratasse, revela a condição miserável a que o mundo está a chegar.

E a mãe das gémeas? Seria ela uma mulher consciente do seu acto quando as colocou à venda e quando, mais tarde, voltou a vendê-las por um valor mais elevado? Trazer vidas humanas ao mundo constituirá uma forma de negócio? Fazer um comentário a esta situação apenas merece uma palavra: Asqueroso!

Finalmente, embora ainda não se saiba qual o final da história nem o enredo que envolve toda a trama, a TVI trás para o campo de batalha da guerra das audiências a série ‘Olhos d’Àgua’, também ela o exemplo de uma história dramática de duas gémeas que a vida quis separar.

Ao que parece, esta série será a sucessora de ‘Jardins Proibidos’, mais uma história dramática e comovente. Assim, e com tanto drama no palco da humanidade, começa a deixar ser preciso uma ideia original, com um argumento forte, porque na verdade os grandes dramas passam-se na vida quotidiana e não nas séries que a televisão frequentemente exibe.

Uma semana recheada de notícias sobre gémeos, que não pediram para ser notícia e que apenas deveriam ter seguido a sua vida no seu rumo natural: nascer, ser amado, brincar, estudar, namorar, arranjar emprego e constituir uma família. Mas, com o passar dos anos, damo-nos conta que as coisas seguem outra rota, totalmente alheia às expectativas que se pensaram um dia.

O futuro apresenta uma mentalidade ‘estranhamente’ moderna, para a qual não aparenta haver resolução nos próximos tempos. O progresso quer-se, mas não desta forma!

As melhores condições de vida exigem-se, mas não sob estes padrões! Logo, ao abrirmos o jornal e ligarmos a televisão, veremos novas histórias de arrepiar, quase que tiradas de um filme de terror!

Ainda que não sejam sobre gémeos que foram vendidos ou grandes criminosos em tamanho pequeno, que deviam ainda andar a brincar, a principal vítima é sempre a segurança e integridade de todos nós. E, isso é que é realmente grave!

Cronista da Muher Portuguesa: Ana Amante

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