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Sto. António abençoa a noite lisboeta

Santo António de Lisboa

Pelas vielas dos bairros característicos da capital há um aglomerado de gente. Gente que sobe e que desce ruas estreitinhas de tradições, gente que canta e sorri ao som da música que alguém apregoa numa qualquer tasquinha.

Sto. António de Lisboa

Numa mão a sardinha sorridente, já quase despida das suas iguarias, e na outra, o copo alto de plástico onde se exibe o líquido vermelho escuro. É festa, festa e mais festa – o Santo António desceu às ruas da cidade.

Não há um santo popular no qual a tradição não se cumpra à letra. Tão tradicionais que somos, quase até parecemos as gentes de Barrancos, que uma vez mais a festa do Sto. António se comemorou à regra por toda a Lisboa.

Muitas pessoas, bairros saíram de casa para ir beber a típica sangria ou a não menos apetecida sardinha, num ambiente de euforia e de muito bairrismo porque afinal, os santos populares apelam mesmo a esse conceito.

De bairros não posso falar de nenhum em particular, podendo cair no erro de me esquecer de algum e passar a ser motivo de critica por parte dos seus residentes. Mas, falar-se das tradições do Santo Casamenteiro já é outra conversa. Apelidado por ser o padrinho dos casamentos, o Santo António de certeza que fez das suas nesta noite de sardinhas e de muita bebida. Sim, porque festa sem um bom tintol ou sangria não é festa para as gentes cá da nossa terra.

Santo, Santo, mas certamente que muitos casais de namorados aproveitaram para colocar a conversa em dia, e outros que nunca se tinham vislumbrado certamente aprofundaram os seus conhecimentos de português.

Da língua, portanto. O que se quer numa noite quente como a que estava, sem ter que ir trabalhar no dia seguinte e com o copinho a falar mais alto, senão uma agradável conversa sob o olhar da noite? Conversar e dançar, pois claro! O Sto. António tem que cumprir o seu destino e pelos bairros da cidade havia tanta gente, que a tradição dos namoricos mais impulsivos cumpriu-se. Cumpre-se sempre, acreditem!

A cidade de Lisboa viveu a sua noite de Sto. António perante o desfile de marchas que ocorreu ao longo da Avenida da Liberdade. Inúmeras figuras públicas deslocaram-se até ao local para assistir ao desfile, umas por gosto e simpatia, outras por pura fachada ou campanha política.

Falando em campanha política, não posso deixar de referir o significativo atraso de Paulo Portas ao local das marchas, que em jeito de líder partidário, aproveitou para espalhar cumprimentos abundantemente evasivos aos convidados que ali se encontravam.

Depois do desfile das marchas, sempre bem exibido diga-se de passagem, provavelmente o candidato do Partido Popular também foi dar um pézinho de dança, ou não fosse ele um aficionado de festas bairristas. Pelo menos assim quer dar a parecer…

Um copo de tinto aqui, uma sardinha acolá, uma farturinha para a sobremesa e um digestivo em jeito de sangria, e o lider popular pode perder as excelentes críticas que Álvaro Cunhal lhe teceu enquanto comunicador. Acautelem-se os mestres da oratória, porque a força do Deus Baco é implacável.

A tradição das noivas de Sto. António foi recuperada há 3 anos atrás, depois de ter vigorado no Estado Novo, e actualmente não há casal que não queira aproveitar esta data de regalias notórias e tão bem recebidas. O que é preciso é averiguar se o casamento se efectua por força do amor, do Santo ou por qualquer outra força anatómica alheia aos limites da igreja católica. É que os becos por essa Lisboa fora são muitos e nessas coisas, nem os Santos ajudam…

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