Crónica: Portugal inundado de Verde

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Crónica Mulher Portuguesa
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Portugal inundado de Verde, resta saber se o Natal agora já é para todos, quando volta cá o Papa e por quanto tempo continuará o leão a rugir com a mesma altivez com que rugiu, dia 14 de Maio.

Ficou comprovado de uma vez por todas. A maioridade é muita boa para todos, porque concede regalias que antigamente lhe eram vedadas.

Portugal inundado de Verde

Da mesma forma que, a época Natalícia é igualmente muito produtiva para receber presentes e poder desfrutar do prazer de reunir famílias inteiras. Pois bem, no dia 14 de Maio não foi Natal mas é como se fosse, e o Sporting atingiu finalmente as tais regalias: reuniu toda a família verde e alcançou o tão desejado título de campeão nacional.

Há 18 anos que o clube lisboeta Sporting Clube de Portugal, não atingia o patamar máximo do campeonato nacional. Após uma adolescência um pouco apagada e mesmo apática, eis que finalmente a família leonina alcançou o sabor dos momentos de glória de outras eras.

Porém, não foi fácil. As garras do leão soltaram-se de forma destemida, naquele Domingo, dia 14 de Maio, um dia após a partida de sua santidade o Papa João Paulo II, outro momento marcante desse fim de semana memorável para muitos.

Havia mesmo quem afirmasse que o Sporting, ao sofrer a derrota com o glorioso da capital e após o guardar tristonho dos foguetes e da festa já planeada antecipadamente, não seria campeão nacional.

Dos infernos do lado da Luz até à viagem ao Estádio do Salgueiros, o caminho parecia demasiadamente longo e quase intransponível, para aqueles que se mantinham ao lado do seu clube de coração.

O Sporting conseguiu! Atingiu a maioridade e colocou para trás as mágoas de uma adolescência perdida por vielas, ali para os lados da Luz e para os lados da invicta, e desses tempos já nem se querem recordar.

Memorável foi também a facilidade com que o Sporting ultrapassou o seu trauma da época Natalícia, fase tão apreciada por todos mas que ao Sporting, causava sempre uma certa pressão e dor de cabeça promovendo derrotas e empates que atiravam o leão, quase desfalecido, para lugares menos dignos.

O Sporting parece por isso, ter arranjado um bom psicólogo ao fim de tantos anos ou então, tanto pediu ao Papa um milagre que este, por pura simpatia, concedeu o desejo aos pupilos de Augusto Inácio.

Não é por acaso que estou a falar do Papa e da sua oferta ao povo verde e branco. Como se explica então, que o Sporting tenha sido campeão nacional na altura da visita de João Paulo II, 18 anos depois da sua vinda ao nosso humilde território e época na qual o Sporting também foi campeão?

Há aqui de certeza uma simpatia da Igreja pelo verde ou então é a fé dos Sportinguistas que, só se evidencia quando uma alta entidade cristã visita o noso país. Simpatia forçada, diga-se de passagem, tem também a estátua do Marquês de Pombal que se viu obrigada a carregar um cachecol do Sporting, quando a noite em si não pedia por qualquer tipo de adereço mais quente.

Ao menos tinham colocado um chapéu ao senhor, para quando o sol esbatesse na sua cabeça sólida não ter que ficar encadeado com o verde que ainda no outro dia de manhã, teimava em desfilar pelas ruas congestionadas da Avenida da Liberdade.

A festa das gentes leoninas foi de arromba. Pela ruas das cidades portuguesas e dos arquipélagos, era visivel a euforia dos adeptos leoninos que fizeram questão de soltar os gritos e ecos da felicidade, teimosamente guardados durante 18 anos.

Havia mesmo quem nunca tivesse visto o Sporting ser campeão e outros, lá tiveram que aumentar o café de 25$00 para um preço corrente dada a vitória da sua equipa. Tal era o desespero em ver o leão rugir de raiva, agora sim com motivo para tal.

Decididamente, a festa foi inesquecível para todos, até mesmo para a Avenida dos Aliados que trocou o azul pelo verde. Resta saber se o Natal agora já é para todos, quando volta cá o Papa e por quanto tempo continuará o leão a rugir com a mesma altivez com que rugiu, dia 14 de Maio…

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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