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Crónica: O homem português

Crónica da Mulher Portuguesa
Crónica da Mulher Portuguesa

Este texto foi escrito única e exclusivamente para as mulheres portuguesas, para ser lido e apreciado por elas apenas. Caros leitores, prossigam somente se estiverem de bom humor ou sentirem necessidade de uma auto-avaliação. E se for esse o caso, não levem a mal…

O homem português

Chama-se Manel, é funcionário público e casado com uma Maria Qualquer coisa ou Qualquer coisa Maria. Tem um belo bigode preto, mede geralmente entre 1m60 e 1m70 e pesa mais de 80 kg, 50% dos quais acumulados na barriga, portanto é incapaz de usar o cinto na cintura e calçar sapatos com atacadores (a menos que a Maria concorde em apertá-los todas as manhãs).

Pratica desporto aos fins-de-semana, graças à Bola e ao Record, para além das transmissões da SportTV. E não importa que a Maria e os filhos (a Cátia Vanessa e o Bruno Vanderley) estejam mortinhos por vestir os fatos de treino verdes e roxos para irem passear para o Centro Comercial.

Enquanto estiver a dar os oitavos de final do campeonato da 3ª liga da Checoslováquia ninguém vai a lado nenhum, “vão mas é à cozinha buscar-me uma bejeca, isto é que é vida!” (desaperta as calças e põe os pés em cima da mesinha de café coberta com um naperon).

Todos os dias, assim que chega da repartição encontra as camisas engomadas e o jantarzinho na mesa. Aos domingos almoça em casa da sogra, que “nunca devia sair da cozinha, só lá é que presta para alguma coisa”, e janta naquela tasca onde servem uns pezinhos de coentrada e um pudim Flan que não há em mais lado nenhum.

O roteiro cultural do homem português está limitado às exposições itinerantes que de vez em quando passam pelo Olivais Shopping e são de borla. Vai às vezes ao cinema, ao domingo à tarde. “O Estalóne pá… aquilo é que é um artista!”

Detém um considerável grau de informação acerca dos temas da actualidade, mas apenas detém. Não a processa, não a interpreta nem a sabe comentar muito além de “aquele Saddam pá, monhé do caraças, nunca mais lhe rebentam c’a fronha.”

Quem ele mais admira no nosso país é o grande Vale e Azevedo, “qual vigarista qual quê, cambada de invejosos!” e a Catarina Furtado (o melhor será não reproduzir aqui os comentário típicos a seu respeito). A nível pessoal, o seu grande orgulho é nunca ter precisado de Viagra, “a minha Maria que o diga, não só cá homem para essas coisas.”

Comprou recentemente uma roulote que está no parque de campismo na Costa, cabem lá 5 pessoas e o depósito dá para 5 banhos portanto durante uma semana chega para todos. “Este ano é que vão ser umas férias! Umas belas sardinhadas e um passeiozinho até Espanha. Dizem que Badajoz é muito bonito…”

Cronista da Mulher Portuguesa: Patrícia Esteves Nunes

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