Crónica: O Bar dos Pecados

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Cronistas da MulherPortuguesa
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A estreia de ‘O Bar da TV’ não conquistou as audiências. Mas, com o passar da semana esses números subiram em flecha para o Bar dos Pecados. Com tamanha excitação, lágrimas e invasão de privacidade, não se podia esperar outra coisa!

Será ‘O Bar da TV’ um antro de pecados? Um conjunto de meninos loucos, pouco habituados a cumprir as regras sociais?

O Bar dos Pecados

Ou tratar-se-á apenas de meros laivos de exibicionismo na ânsia de se ser melhor, ou pelo menos mais louco, que os seus antigos rivais da TVI? Como diria o rosto do programa concorrente ao Bar da TV, Teresa Guilherme, isso agora também não interessa nada, mas pronto!

Não é isso que me trás até aqui! O certo é que ‘O Bar da TV’ não começou em muito boa forma, pois o pseudo envolvimento da ‘cabeça amarela’ e do ‘padre erótico’, do concurso Big Brother, parecia ser mais importante do que a inauguração de um ‘simples’ bar.

Óbvio que ninguém podia adivinhar o que se iria passar, mas à partida ainda faltava muito para que cenas mais picantes e ousadas (é só isso que o português gosta de ver!), ou possíveis pontapés de um colega, surgissem nas primeiras noites.

Só que as novelas da vida real têm destas coisas (onde é que está o guião??): o inesperado acontece a cada instante. As emoções tiveram logo o seu início pela presença de um vibrador na casa. (Interessante!)

A concorrente Ana Raquel levou um companheiro para a casa na eminência de sentir outro tipo de necessidades ou, quem sabe, para matar as saudades do seu respectivo.

Vamos lá ver é se não acontece como alguns dos concorrentes do Big Brother: tanto amor, tanta paixão, e depois lá vai uma parelha de chifres em directo, perante a risota e chacota de todos. Há gostos para tudo! Ao menos um vibrador sempre reflecte mais fidelidade! (Ou nem por isso?)

Porém, o motivo da polémica que esta semana se gerou na casa do ‘Bar da TV’ tem um nome: Margarida. Residente em Borba, é muito devota ao catolicismo e às causas da Igreja. Mas, os pais da rapariga parecem ser ainda mais devotos do que a própria.

Na sequência de imagens transmitidas pela SIC, que não continham nada que já não se fizesse esperar (do que é que estão à espera quando ‘gaijos’ e ‘gaijas’ se juntam?), os pais da Margarida não se fizeram rogados. Partiram de Borba, com qualquer coisinha para comer (um ‘iogurtezinho’ e uma ‘sandocha’, se não me falha a memória!), e eis que vêm à capital para resgatar a sua filha daquela casa de maus caminhos e de pecadores.

A chantagem emocional dos pais de Margarida não pegou, e a rapariga decidiu mesmo permanecer na casa, depois de muita lágrima, discussão e de, finalmente, os pais terem aceitado a sua decisão.

O primeiro problema no meio de toda esta salada de ‘diz que disse’ é que a televisão atingiu todos os limites possíveis e imaginários. Como é possível que, para ganhar audiências, a SIC tenha transmitido a conversa dos pais com a Margarida e invadido a privacidade de uma família que, bem ou mal, estava a passar por uma crise?

O desejo de ganhar audiências é tal que se faz tudo o que for preciso para conseguir, seja transmitir uma conversa entre familiares ou passar um show de strip, integral para as mulheres e quase integral para os homens, na noite da abertura do bar! (onde estava a bolinha?) Parece que vale mesmo tudo, num mundo onde uma simples descida das audiências pode ser a catástrofe total!

O segundo problema da questão é a atitude dos pais de Margarida. Como é possível os pais desta jovem terem tido esta atitude perante Portugal inteiro? Não pensariam eles na posição da jovem, em como ela se estava a sentir?

Pois, pelos vistos parece que não a respeitaram minimamente! Sinceramente, que ridículo aquele drama todo por causa de um vibrador e de rapazes e raparigas terem dormido todos no mesmo quarto. ( Se calhar nunca o fizeram, não?)

E, ainda por cima, ainda vieram dizer em público que a população de Borba estava indignada, quando na noite de abertura do bar foi visível o apoio que os habitantes daquela terra vieram prestar à jovem.

Toda esta ‘palhaçada’, desculpem-me a expressão mas não me sai nada melhor, espero que ao menos tenha servido para que os pais tenham percebido que não podem obrigar a Margarida a fazer absolutamente nada. Ou não sabem que a partir dos 18 anos a pessoa é adulta?

O mais grave de tudo isto foi a forma como a SIC exibiu este episódio, em jeito de ‘Ponto de Encontro’, com um leve sabor a ‘Big Brother’, e uma mistura de ‘Mulheres de A a Zé’, sem se preocupar com a invasão da privacidade no mundo das pessoas.

Uma coisa é as pessoas sujeitarem-se à invasão dessa privacidade, indo ao encontro deste género de programas, outra é serem sujeitas a estas situações sem terem qualquer hipótese de escolha.

Sim, eu compreendo que ‘Os Acorrentados’ não correram muito bem, mas a recente transmissão do episódio desta família de Borba foi absolutamente desumana, descabida, e ultrapassou todas as regras éticas que, quanto a mim, qualquer profissional da comunicação deve respeitar.

Outra observação relativamente ao programa: aquilo é um programa de entretenimento ou estamos perante um programa virado para o erótico? (Porque é que não dizem ao Zezé Camarinha para ir até lá beber um copo?)

Não tenho absolutamente nada contra o sentido erótico do que quer que seja, mas é que se o programa assume essa posição convém não esquecer que existem crianças ainda acordadas àquela hora.

Há que saber encontrar os limites daquilo que é permitido, e as estações portuguesas parecem ter perdido o bom senso comunicativo.

Uma última observação: a Lili Caneças está com uma pele de meter inveja a qualquer pessoa! Pena é que o peeling a que se submeteu à pele não haja também para aprender a língua portuguesa.

Uma renovação geral ao vocabulário e gramática fazia-lhe bem, e talvez fosse bem mais útil do que uma pele nova! Não acham?

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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