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Crónica: O Adeus a Portugal

Cronistas da MulherPortuguesa
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E a bola entrou de rajada. Como um rasgão que fere e que não consegue fazer sarar cicatrizes antigas. Portugal foi afastado pelos Franceses. E o destino habitual cumpriu-se! O Adeus a Portugal.

Já lá vão alguns dias. O tempo tudo cura, dizem. Mas, só agora consegui falar e escrever calmamente sobre aquela noite.

A mágoa passa, mas nunca se esquece o momento, a desilusão. A bola a entrar certeira para um lado da baliza e o guarda redes atirar-se para o lado oposto. Ninguém esquece.

O Adeus a Portugal

A seleção não esqueceu e o país também não. Escrito num qualquer manuscrito, bem mais forte do que o sentido de justiça, Portugal perdeu, novamente, com a França na meia final.

28 de Junho foi uma noite de luto para todos. Para aqueles que têm amor ao futebol, mas acima de tudo a todos aqueles que amam e dignificam a nossa pátria.

Um jogo intenso, de atracção constante, mediático, no qual tudo podia acontecer. Vingar o passado ou deixar que aquela amarga noite se voltasse a cumprir?

E o pior foi que de facto voltou a acontecer! Não merecíamos, não foi correcto e o povo chorou com a alma vestida de negro!

A mão de Abel Xavier. Um árbitro que assinala pontapé de canto e um fiscal de linha que, vá-se lá compreender porquê, decide que não é pontapé de canto mas sim penalty contra a selecção portuguesa.

A soberania e a decisão de um simples fiscal de linha que contesta a decisão do árbitro do jogo, e que leva a sua avante. Inadmissível! Zinedine Zidane não perdoa a humilhação de a França ter estado a perder por tanto tempo, frente a uma selecção longínqua dos grandes nomes europeus.

E a bola entra! E o país congela com aquele golo, a pouco mais de 7 minutos do final do prolongamento. O culminar do sonho.

A solução para que situações destas não aconteçam será cortar as mãos e os braços aos jogadores, como o próprio Abel Xavier referiu aos Media. Ironizando a situação, posso também pensar que o fiscal de linha não apreciou muito o look do português ou então que invejava o forte pontapé de Figo ou a destreza de Nuno Gomes.

O Rei Balduíno não nos acompanhou nessa noite amarga, e as luzes da cidade parisiense brilharam mais intensamente que em qualquer outro mar de estrelas.

O importante é que Portugal foi forte, jogou bem, aguentou firme e que em todo o Euro 2000 adoptou um futebol digno e extremamente criativo. Saímos pela porta grande como qualquer outra grandiosa selecção sairía.

Como se não bastasse a injustiça cometida e o poder de um fiscal de linha frente a um árbitro de jogo, ainda foram comunicados os extensos meses de suspensão para Abel Xavier (9), Nuno Gomes(8) e Paulo Bento(6).

A FPF já anunciou a sua solidariedade com os jogadores portugueses, nada mais do que a sua obrigação segundo o meu ponto de vista, ainda que tenha que pagar cerca de 22, 5 mil contos.

Houve momentos do jogo marcantes. Figo, no instante da reviravolta da decisão do árbitro, tirou a sua camisola e abandonou de imediato o relvado.

A pressão era tal que se avizinhava o descalabro nos momentos seguintes. Nuno Gomes, uma das grandes revelações para os estrangeiros, optou por ser mais frontal e, carregado de fúria, ofereceu a sua camisola ao árbitro.

A atitude do árbitro foi tão revolucionária que Nuno Gomes levou 8 meses de suspensão, mesmo depois de, conjuntamento com Luís Figo, ter sido inscrito na equipa ideal deste Euro 2000.

utro momento desta confusão final do prolongamento, que veio em quase todos os jornais e revistas, é a imagem de Fernando Couto abraçado a Sérgio Conceição, que não conseguiu conter a expressão máxima da tristeza.

Couto, a pedra sólida e Conceição, o menino em corpo de homem. Também eles figuras de destaque neste Euro, tal como o já consagrado Rui Costa e uma novidade chamada Costinha.

Portugal está de Parabéns! Não só as individualidades que anteriormente referi, como toda a equipa e as restantes pessoas envolvidas nesta seleção.

A equipa portuguesa foi digna e, se nos roubaram o direito à vitória, a dignidade é algo que ninguém jamais nos poderá retirar. Com ou sem fiscal de linha! Com ou sem favoritismos de finais europeias! Uma vez mais, Parabéns Portugal!

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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