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Crónica: Esta é a época que os alunos mais detestam

Cronistas da MulherPortuguesa
Cronistas da MulherPortuguesa

Esta é a época que os alunos mais detestam! Levam dias a estudar, renunciam idas á praia, saídas á noite e encontros amorosos. Mas será tudo fachada ou os jovens são mesmo estudiosos?

Esta é a época que os alunos mais detestam!

Chegou a época dos exames e provas globais! Agora chegou o momento de vê-los à rasca com os estudos, apontamentos para trás e para a frente, estudos em grupo, trocas de ideias, muitos cadernos e livros, tudo porque a época é de estudo!

Levam horas trancados no quarto a rever a matéria, saem muito pouco, e os pais ficam indignados com tanta coisa que eles têm para estudar. Depois, quando as notas não são as esperadas, a culpa é do sistema, demasiadamente exigente para com os seus ‘meninos’!

A verdade é que se os exames nacionais são ‘puxados’, como diria o bom português, não é menos verdade que as típicas frequências, testes e exames de universidade em nada têm a ver com os testes que se realizam no 12º ano, onde uma tarde no dia anterior bastava para tirar uma nota razoável. (Fala-vos a voz da experiência!)

Chegados à universidade as coisas pioram drasticamente, não se percebe muito bem o que está a acontecer, e porque é que na pauta apenas aparece um algarismo à frente do nosso nome. (Fala-vos, novamente, a voz da experiência!) Se deixássemos para trás as festas, os copos, as cartadas no bar, e as idas para a praia, talvez fosse mais simples terminar um curso.

E, ainda que renunciemos a tudo isto, nem sempre caímos nas boas graças deste ou daquele professor!

Independentemente das dificuldades que a universidade exige, embora também vos diga que após se entre no ritmo as coisas não são assim tão negras, a verdade é que o problema da ordem do dia são os exames nacionais.

Realizadas que estão as provas de Matemática (que pavor!), Português (uma boa parte de Portugal precisava de realizá-la novamente), Latim, História das Artes (que nome aberrante), História das Artes Visuais e Introdução à Economia (outro susto, pelo menos para mim!), surgem agora os primeiros problemas.

Na Escola Secundária da Batalha, na segunda-feira, 59 alunos ficaram impossibilitados de realizar a prova de Português, devido à greve dos professores. Mais um caso: 28 alunos da Escola Secundária de Trancoso não puderam realizar as provas de Matemática e Latim, por motivos semelhantes.

Esta greve dos professores é, na minha óptica, vergonhosa. Não que os objectivos que os levem a paralisar sejam irrelevantes, mas a esta altura do campeonato escolar, em que muitos sonham com o ingresso no ensino superior, os professores entendem passar por cima dos desejos dos jovens para tentarem verem satisfeitas as suas exigências.

Sinceramente, começo a achar que uma parte da educação dos jovens não pode ser feita nas escolas, pois com exemplos deste género é mais que normal que os alunos não venham a ter um comportamento futuro que surta um efeito de aprovação por parte dos mais velhos.

Se não estudam é porque não estudam, e se estudam os Senhores Professores acham por bem fazer greve!

Mas, nem só de greves foi marcada a semana transacta. Há a realçar o facto de na Escola Secundária de Santa Maria da Feira algumas provas globais terem que voltar a ser repetidas. Motivo: suspeita de furto dos enunciados das provas de Matemática, Físico-química e Ciências da Terra e da Vida. E porquê esta suspeita?

Simples! Alguns alunos revelaram notas altíssimas, inclusive houve mesmo um aluno com 20 valores. Esses recentes prodígios eram alunos que nunca ultrapassavam o 10 nos testes, e outros nem tão pouco chegavam a esta fasquia.

Um caso que dá para desconfiar, dada a súbita sabedoria dos jovens, Ainda que não tenha havido qualquer indício físico ou notório de furto dos enunciados, a verdade é que os alunos vão mesmo voltar a repetir as provas. Ainda dizem vocês que os jovens são maldosos e que ‘sabem-na toda’.

Acham que sim? Meus queridos, quando se furta um enunciado tem-se o cuidado de não se fazer a prova para uma nota com uma diferença bombástica das habituais.(Não, aqui não vos fala a voz da experiência!) Até pode ser que tenham de facto estudado bastante, mas lá que é estranho, isso é!

Outra coisa que me faz uma certa confusão é a seguinte: como é que com tanto estudo vocês ainda conseguem andar a exibir esse bronze invejável?

Ah, vão estudar para a praia, pois claro! Mas também não percebo como é que raramente vejo alguém com um caderno ou livro escolar na praia! Ah, pois! Na altura que eu chego foi precisamente o momento em que terminaram de estudar ou fizeram uma pausa, não é?

Colocando de parte qualquer forma de ironia, permitam que vos diga que o ensino em Portugal está uma lástima. Primeiro, porque durante o ano nem sempre o programa é todo dado e só à última hora é que os professores começam a despejar matéria.

Segundo, porque durante o ano inteiro os alunos andam quase a passear os livros, sem incentivos para as aulas ou motivos que os façam aplicar-se realmente nas disciplinas.

Terceiro, porque depois de um ano de baldas, de parte a parte, os professores lembram-se de apertar com os alunos, somente no momento dos exames nacionais. Decididamente, não há cabeça que compreenda esta filosofia de método educativo!

Além do mais, as entradas nas universidades do estado continuam a ser difíceis, e a solução, para quem tem recursos financeiros, é ir para uma particular. Mas aqui, o que realmente conta nem sempre é a sabedoria!

E, para mais, são muitas as situações de injustiça, cursos que não são minimamente estruturados, e professores com falta de competência que vão ali levantar o cheque, bem chorudo por sinal, ao fim do mês e pouco mais! Isto para já não falar em outras situações mais graves, como casos de racismo, assédio sexual, e por aí fora.

Aqui, falo mesmo com toda a voz da experiência do mundo, já que, por obrigatoriedade do sistema, frequentei uma universidade particular e assisti a muita podridão lá dentro.

E, só não cito o nome da universidade em questão por respeito a escassas pessoas que lá se encontram a leccionar!

No final, chega-se à brilhante conclusão que o esforço de cerca de 12 anos nem sempre é recompensado, quer tenha levado dias a estudar ou a recorrer a cábulas hiper pormenorizadas.

E, se pais e alunos estão indignados com a questão das greves nas provas globais, acreditem que vão ficar muito mais quando os futuros universitários chegarem ao patamar de cima. É que vivemos num mundo de injustiça, e nem sempre a podemos vencê-la!

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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