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Em Abril, 26 anos depois da revolução dos cravos, o povo saí à rua

25 de Abril a revolução dos cravos

…porque a lei é para todos e a memória intacta e nobre do 25 de Abril, também devia ser… A Revolução dos Cravos foi há muitos anos. As melodias que apelavam para a liberdade, saíram à rua com o povo.

Revolução dos Cravos

Os cravos vermelhos elevavam-se nas espingardas, imponentes ao cheiro da ditadura. Portugal acordava na aurora de Abril para uma nova realidade, adormecido nas águas calmas do rio. Depois de 26 anos, Portugal voltou a acordar com cravos, mas sem espingardas…

As ruas da cidade de Lisboa e do Porto, aglomeraram-se de polícias à civil no dia 25 de Abril, mais de duas décadas depois de Portugal ter sido libertado do regime fascista que vigorava no nosso país. De cravos vermelhos e de cravos brancos, simbolizando a paz desejada nas forças da autoridade, desfilavam pelas ruas da capital e da cidade invicta, em busca da democracia que dizem não existir na polícia.

O 25 de Abril

Há 26 anos atrás, Portugal ressuscitou da estagnação mórbida que o tinha aprisionado um dia. Lutou-se pela libertação das amarras do fascismo, por uma nova vida e liberdade que apenas vigorava do outro lado, onde a censura não conseguia penetrar. No culminar de Abril, Portugal era um novo palco de vivências, emoções soltas pelo perfume de uma nova era, roteiros de vida encontrados sob o som da revolução. Mas, em Abril do ano 2000, não foi o povo no seu todo que saiu à rua…

Uma parcela da população, os ditos defensores do cidadão comum com ordem para nos proteger dos criminosos, manifestaram-se o seu descontentamento num movimento calmo e sem incidentes, como aliás ordena a tradição da Revolução de Abril.

PSP de um lado e GNR do outro, encheram as artérias da capital e da cidade invicta, de forma ordeira, calmamente juntando-se à população que saiu à rua, para recordar o passado tão bem tatuado na sua memória. A Associação Sócio Profissional de Polícia (ASPP), procurava o sindicalismo na polícia, um código deontológico, a regulamentação da lei orgânica, subsídios de riso e de turno. No fundo, lutou-se por melhores condições, tal como os agentes da GNR, que contestaram o projecto da Lei Orgânica.

Aproveitando as comemorações do 25 de abril, nada mais pertinente do que aproveitar este dia, para fazer ouvir as suas necessidades e reivindicações. Porém convenhamos, e não menosprezando as lutas dos agentes, que utilizar o dia 25 de Abril para realizar a acção de protesto foi apropriado mas, indirectamente podem ter-se menosprezado valores democráticos que assinalavam o 25 de Abril de 1974.

É justo lutar por melhores condições, mas não é de aplaudir contestar direitos de liberdades dos seus colegas agora detidos, quando os próprios agentes ameaçaram a Magistrada no tribunal do Porto. Afinal, luta-se por uma democracia para os policias e uma ditadura para o povo, ou para uma igualdade de direitos? O que se passou com a detenção dos dois policias foi acima de tudo, uma detenção de dois cidadãos e não de dois agentes imunes a qualquer lei ou dever dos cidadãos.

Utilizar o dia da Revolução dos Cravos para reivindicar direitos é compreensível, mas exigir a libertação de dois homens que cometeram um crime, é no mínimo desapropriado para a ocasião. Há que manter o perfume da vitória de Abril com actos de nobreza, e não com exigências que a lei ordenou. Porque a lei é para todos e a memória intacta e nobre do 25 de Abril, também devia ser…

Cronista da Mulher Portuguesa: Ana Amante

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