Ricardo Andrez, coleção fábulas ancestrais

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Ricardo Andrez
Ricardo Andrez

A colecção de Ricardo Andrez reconhece o poder da fábula ancestral, fascinante e pagã, detentora dum misto de entretenimento e máximas morais, ao encontrar-se neste ponto de entre os mundos real e imaginário, cidade e floresta, adulto e infantil, num estado relacional, vaivém contínuo de entre elementos visuais gráficos contrastantes e que paradoxalmente se encontram, tal-qual a necessária coexistência do mundo real e do multiverso imaginário.

Coleção de Ricardo Andrez

Estes contrastes evidenciam-se na colecção que avança ritmada, utilizando o paradoxo das geometrias e assimetrias presentes em cada peça, e na colecção como um todo coerente, todavia antagónico, detalhes de uma certa contemporaneidade.

A aplicação de 15 mil cubinhos de madeira, em formas ritmadas, contudo sob padrões distintos, com aplicações de cotoveleiras com zippers, zippers de metal dourado e maxi-print “empoeirado” são expressões deste mundo fabulista.

As cores seleccionadas tanto nos situam no mundo real urbano, com o uso dos tons cinza, como também nos conduzem ao espaço intemporal da floresta, da natureza, um contexto tão apropriado à nossa relação com os seres inorgânicos, através do uso de tons cremes, tons madeira clara e azul noite, salientando-se o confronto de entre quietude e aventura, real e imaginário, que paralelamente coexistem:

o espírito viaja por mundos longínquos;
o corpo está presente num dado momento do real, num dado ponto da cidade.
A linguagem das peças ancora-se na fábula, não só sob a perspectiva da antagonia real-imaginário, mas também da intemporalidade.

Fundando-nos nesta instância mítica e persistente da fábula, também esta é uma colecção que tem a sua batida num continuum.

Com o passar do tempo, transmuta-se, e com a deterioração das peças alcança novos comportamentos, novas formas de estar, tal como a fábula que se transmuta ao longo dos tempos, expressão das diferentes realidades produzidas pelo homem.

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