Crónica: Pikachu e Companhia

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Pikachu
Pikachu

Pikachu!!!! Onde quer que vá encontro sempre algo com este nome, seja um boneco ou apenas uma criança a chamar por ele. A maldição dos Pikachus chegou à carteira dos pais… Pikachu!!!!

Onde quer que vá encontro sempre algo com este nome, seja um boneco ou apenas uma criança a chamar por ele. A maldição dos Pikachus chegou à carteira dos pais…

O Natal está aí à porta! Logo mais, pela meia-noite, as crianças de Portugal vão abrir as suas prendas. E, como estamos a falar desse mundo de incompreensão, birras e ternura que são as crianças, não podemos deixar de falar de brinquedos.

Pikachu

Sim, esses que roubam os vossos filhos por horas a fio, esses que eles não largam um segundo, esses a quem eles parecem dar mais atenção do que a você, que foi um dos responsáveis por ele ter nascido. Os Pikachus, as Barbies, os Action Men, os X-Men, Nenucos, e por aí adiante, são os grandes lordes deste Natal.

A vaga dos Pikachus chegou a todo o lado. Do jogo de vídeo, aos desenhos animados, os Pikachus instalaram-se para tão cedo não saírem do universo das crianças. Os gritos do boneco fascinam as crianças, e não adianta arrancá-la da companhia do seu amigo inseparável porque é normal que a única coisa que consiga seja uma birra daquelas bem valentes.

Os brinquedos fazem parte do mundo das crianças e, nesta altura de Natal, a corrida ao brinquedo de eleição é extensa. As filas nas lojas e supermercados são infindáveis, e o remédio é termos que esperar horas na fila quando apenas levamos um frasquinho de shampoo e um saco de pão.

As crianças ditam as prendas. Se o seu filho quer um Pikachu não adianta comprar-lhe um parecido, amarelo e com aquela fisionomia, apenas porque é mais barato, porque o seu filho vai exigir-lhe o verdadeiro Pikachu.

Por isso, quando pensava que podia poupar alguma coisa vai aperceber-se que não valeu de nada, porque um Pikachu é um Pikachu e não há cá imitações rascas para ninguém. A noite de Natal certamente ficará colorida de amarelo, dada a grande afluência a este precioso boneco.

A Barbie! Ainda me lembro que quando apareceu a Barbie eu era muito nova e, embora hoje a Barbie já deveria estar naquela fase das cirurgias plásticas e dos cremes para as rugas, o certo é que a Barbie continua com um corpo invejável e cheia de garra.

Pelo menos o seu Ken não se queixa! Da vida da Barbie já se sabe quase tudo: gosta de praticar desporto, é uma mulher moderna, pinta-se bastante, dá uma grande importância ao corpo, tem um carro excepcional e a sua casa é uma daquelas mansões de Beverly Hills. (haverá realmente uma mulher assim?)

Com tanta coisa deslumbrante em torno desta boneca, é normal que as meninas queiram todas ser como ela. Belas, sem precisar de fazer grandes dietas, com roupas fascinantes, e um namorado sempre atencioso, o que significa que a sua filha vai querer ter a vida que esta boneca tem.

Por um lado é bom, torna-a numa mulher independente, mas por outro, obriga a mãe e o pai a despesas demasiadamente elevadas. Onde é que vai arranjar dinheiro para lhe comprar uma casa assim e um carrinho daqueles?

O mesmo sucede com os Pikachus! O seu filho vai julgar que a vida é uma luta constante, onde só existem Pókemons e treinadores. O seu maior sonho será tornar-se como o Pikachu, veloz, forte e lutador, sempre na linha do risco, mas vencendo sempre. Quem sabe, não encontre a Barbie pelo caminho e lhe faça a corte? Bem, vou deixar-me de brincadeiras!

É preciso compreender que é importante sonhar, imaginar e idealizar coisas, mas há que ter cuidado com a profundidade dessa teia de fantasias. É positivo a criança estar alegre e feliz com estes brinquedos, mas é igualmente fundamental que compreenda a diferença entre o que a televisão mostra e aquilo que é real.

Os seus bolsos já devem estar quase vazios, tal é o valor monetário dos brinquedos. Há que concordar que uma Barbie ou um Pikachu não é para qualquer bolso, mas há que concordar também que dê a prenda que der aos seus filhos eles nem vão ligar, a não ser que seja um brinquedo, de preferência uma Barbie, um Pikachu, ou outro dos tantos brinquedos que estão na moda.

Não é que tenha nada contra este bonecos, Pikachus, mas, sinceramente, já me começam a enjoar um pouco. Portanto, apelo aqui para que encontrem outra forma de diversão para as crianças, porque o mundo ‘violento’ dos Pikachus, X- Men, Action Men, não vai ajudar em nada a desenvolver o pacifismo no seu filho, e a ilusão da vida fácil da Barbie também não!

Quando a época natalícia passar, respire de alívio! De certeza que durante um tempo, as crianças vão ficar mais que distraídas e não a vão levar a gastar mais dinheiro. Digo eu, que não sou mãe, cheia de esperança! Um Bom Natal!

Cronista na Mulher Portuguesa: Ana Amante

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