Dia de Natal, conheça a sua tradição e origem

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A origem do Natal
A origem do Natal

Nos nossos dias, a origem do Natal tem um único significado. Celebramos o nascimento de Cristo, reunimos a família na ceia, trocamos presentes e montamos uma árvore e um presépio.

Este é o nosso Natal, e até pensamos que sempre foi assim. Realmente, de há 2 mil anos para cá, tem sido assim. No entanto, grande parte das tradições associadas ao Natal são muito mais antigas. Surgiram muito antes do cristianismo e da grande maioria das outras religiões que actualmente conhecemos.

O chamado paganismo, o culto à Deusa Mãe, ou a religião da Natureza tem muitos milhares de anos de idade. Aquela que era a religião do homem primitivo foi evoluindo, outras religiões foram surgindo e ocupando o seu espaço, e o paganismo chegou aos dias de hoje apenas como uma religião entre tantas outras.

Mas o que tem o Natal a ver com algo que se passava antes do nascimento de Cristo?

O calendário pagão segue os ciclos da natureza e conta com oito celebrações por ano – os chamados sabbats – cada um dedicado a uma diferente fase desses ciclos, como as colheitas, a fertilidade da terra, a chegada da primavera e por aí fora. No dia 22 de Dezembro os pagãos celebram o Yule (o segundo sabbat do ano que, nesta religião, começa a 31 de Outubro, no Samhain, conhecido entre os cristãos como Halloween ou véspera de Todos os Santos.)

A religião pagã reverencia um princípio criador único, que está além de todas as definições, e que se divide em duas polaridades: feminina e masculino. Daí o culto à Deusa e ao Deus, respectivamente identificados pela lua e pelo sol. Segundo a crença pagã, a Deusa Mãe dá à luz o Deus Sol. E o Yule corresponde ao solstício de Inverno, ou seja, o dia mais pequeno do ano, a partir do qual os dias começarão a tornar-se maiores. Celebra-se então o nascimento do Deus Sol, que regressa para fertilizar as terras e aquecer o planeta.

Foi cerca 3 séculos depois do nascimento de Cristo que pela primeira vez os cristãos quiseram celebrar esse acontecimento, para o qual não tinham conhecimento de uma data concreta. Num esforço simultâneo de estabelecer a data do nascimento de Cristo e obscurecer a religião pagã – na época considerada uma ameaça a um cristianismo ainda jovem e pouco tolerante – os sacerdotes romanos fizeram coincidir o Natal com a época do solstício de inverno e com o nascimento do Deus Sol. Cerca de dois séculos depois, o Natal foi alargado para os 12 dias que vão de 25 de Dezembro a 6 de Janeiro – a Epifânia.

A celebração do Yule pelos pagãos incluía – e inclui ainda hoje, uma vez que a religião pagã é ainda praticada um pouco por todo o mundo – uma árvore enfeitada com velas acesas (uma árvore viva e não arrancada à natureza), um troca de presentes que assinalava a passagem de mais um ciclo da vida: o nascimento – sendo também mais tarde associada à chegada dos Reis Magos a Belém.

Algumas tradições pagãs incluíam também nas celebrações do Yule a construção de um “presépio”, cujas figuras representavam a Mãe Natureza, o Pai Tempo e o Deus Sol acabado de nascer. No paganismo, e desde há milhares de anos, as cores do Yule são o vermelho, o branco e o verde, e as plantas que estão associadas a este Sabbat são o azevinho, o visco e a hera. A Deusa, que ao longo da Roda do Ano é celebrada enquanto virgem, mãe e anciã, no Yule encontra-se na sua plenitude maternal.

Talvez algumas destas informações tenham sido uma surpresa, mas sem dúvida que perante esta perspectiva o Natal se apresenta como uma tradição muito mais rica, marcada não só pelo nascimento de Jesus mas também por tradições milenares de adoração à natureza. É uma festa mista de cristianismo e paganismo, que nos últimos tempos tem tido também uma forte dose de consumismo…

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